COMPARTILHAR

A Guiana realiza nesta segunda-feira, 1º, a eleição para presidente e Parlamento, definindo o governo dos próximos cinco anos. O país, com 830 mil habitantes, tornou-se uma das economias que mais crescem no mundo após arrecadar cerca de US$ 7,5 bilhões com petróleo desde 2019, quando a Exxon Mobil iniciou a extração no bloco de Stabroek.

O presidente Irfaan Ali, no cargo desde 2020 e líder do PPP/C (Partido Progressista do Povo/Cívico), busca a reeleição. Seu governo destinou receitas do petróleo para construção de estradas, escolas, hospitais e implementou ensino universitário gratuito. A oposição, representada principalmente pelo PNCR (Reforma do Congresso Nacional do Povo), acusa o PPP/C de favorecer aliados e de concentrar benefícios em linhas étnicas, dividindo a população entre indo-guianenses e afro-guianenses.

Um terceiro candidato, Azruddin Mohamed, lançou em 2025 o partido Win (“Nós Investimos na Nação”), criando uma alternativa aos dois partidos tradicionais. Filho de magnata do garimpo de ouro, Mohamed foi sancionado pelos EUA em 2024 pela Lei Magnitsky, acusado de fraude fiscal e suborno. Apesar disso, conquista apoio popular e pode influenciar a composição do Parlamento, que hoje tem 65 assentos: o PPP/C detém 33 e a oposição 31.

Os candidatos discutem, entre outros pontos, a renegociação dos contratos de petróleo assinados em 2016 com a Exxon Mobil. Mohamed e Aubrey Norton, principal opositor de Ali, defendem ajustes nos contratos, enquanto o governo alerta para risco de instabilidade.

A eleição não tem segundo turno: vence quem obtiver mais votos. A comissão eleitoral planeja divulgar os resultados até quarta-feira, 3. Observadores internacionais, incluindo União Europeia e Carter Center, acompanham o pleito, marcado por tensões políticas, disputas étnicas e grande interesse nas receitas do petróleo.

Leia também: Manobra Brasil-EUA na Guiana antes das eleições venezuelanas gera tensão