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Autoridades do governo Donald Trump planejam anunciar nesta segunda-feira, 22, uma possível ligação entre o paracetamol — princípio ativo do Tylenol — e casos de autismo, informou o Washington Post citando fontes não identificadas. A orientação deve ser para que mulheres grávidas evitem o uso do medicamento, exceto em situações de febre.

A medida reacende uma polêmica científica. O paracetamol é um dos analgésicos mais vendidos do mundo sem necessidade de prescrição. No domingo, 21, a fabricante Kenvue afirmou que “evidências científicas independentes e sólidas” mostram não haver relação entre o uso da substância e o autismo. “Discordamos fortemente de qualquer sugestão em contrário e estamos profundamente preocupados com o risco que isso representa para gestantes”, disse a empresa em comunicado.

As ações da companhia caíram 4,6% no pré-mercado desta segunda-feira, após já acumularem queda de 14% no ano.

Segundo o jornal, além de desaconselhar o uso do Tylenol na gestação, o governo Trump deve promover o leucovorina como potencial tratamento para o autismo. O medicamento genérico é usado principalmente na oncologia para reduzir efeitos colaterais de outros remédios.

Em um evento em homenagem ao ativista conservador Charlie Kirk, Trump afirmou que fará “uma das coletivas de imprensa mais importantes” de sua carreira sobre o tema. “Acreditamos que encontramos uma resposta para o autismo. Há claramente algo muito errado, achamos que sabemos o que é”, declarou.

A relação entre paracetamol e autismo já foi contestada em tribunais. No fim de 2023, uma juíza federal em Manhattan rejeitou provas apresentadas em mais de 400 ações judiciais, classificando-as como baseadas em “ciência falha”. Mais recentemente, um estudo publicado em 2024 analisou registros de 2,5 milhões de irmãos nascidos na Suécia entre 1995 e 2019 e não encontrou aumento no risco de autismo associado ao uso do medicamento durante a gravidez.

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