Furacão Melissa se torna o mais poderoso da história recente e avança sobre a Jamaica
28 outubro 2025 às 06h25

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Ventos violentos e chuvas torrenciais atingiram a Jamaica nesta segunda-feira, 27, com a aproximação do furacão Melissa, que alcançou a categoria 5 — o nível máximo na escala Saffir-Simpson. As autoridades locais alertam que a tempestade pode se tornar a mais destrutiva já registrada no país.
O primeiro-ministro Andrew Holness afirmou que o furacão representa uma ameaça sem precedentes, sobretudo na região oeste da ilha. “Se Melissa atingir nossa costa com a força prevista, não acredito que exista infraestrutura capaz de resistir a uma tempestade de categoria 5. Poderá haver uma destruição significativa”, declarou à CNN.
Atualmente ao sul da Jamaica, Melissa deve mudar de direção e atingir o território entre a noite de segunda e a madrugada de terça-feira, com ventos sustentados de até 280 km/h. O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) prevê marés violentas, enchentes repentinas e inundações catastróficas nas próximas horas, comparáveis às provocadas pelos furacões Maria (2017) e Katrina (2005).
População dividida diante da evacuação
Apesar das ordens de evacuação em áreas de risco, muitos moradores optaram por permanecer em suas casas.
“Não vou me mover. Não acredito que possa escapar da morte”, disse à AFP Roy Brown, morador da região costeira de Port Royal, em Kingston. “Simplesmente não quero ir embora”, afirmou a pescadora Jennifer Ramdial.
Holness reforçou que a evacuação é uma medida de proteção essencial. “As pessoas foram avisadas. Agora cabe a cada um usar essas informações para tomar a decisão certa”, afirmou o premiê em coletiva de imprensa.
Região em alerta
O furacão já causou quatro mortes nesta semana — três no Haiti e uma na República Dominicana, onde um adolescente segue desaparecido. Com movimento lento de cerca de 5 km/h, Melissa aumenta o potencial de destruição ao permanecer mais tempo sobre cada área afetada.
Além da Jamaica, Cuba, o sul das Bahamas e o arquipélago de Turks e Caicos estão sob alerta máximo. Em Cuba, o governo declarou “fase de alarme” em seis províncias do leste e iniciou a evacuação de aproximadamente 650 mil pessoas. A população corre para estocar mantimentos e proteger telhados, enquanto escolas e serviços não essenciais foram suspensos.
“Tenho muito medo. Pode destruir a casa da gente, levar o telhado. Do vento eu tenho pânico”, disse à AFP Anabel Chacón, de 62 anos, moradora de Bayamo.
Meteorologistas estimam acúmulo de até um metro de chuva nas regiões mais afetadas, com risco de deslizamentos e inundações na Jamaica, Haiti e República Dominicana.
Ajuda humanitária mobilizada
Enquanto a tempestade se aproxima, organizações humanitárias nos Estados Unidos aceleram o envio de suprimentos à região. A ONG Global Empowerment Mission (GEM) prepara o transporte de 22 toneladas de alimentos, água e itens essenciais para Kingston, capital jamaicana.
“Nossa equipe permanecerá na Jamaica durante a passagem do furacão para avaliar os danos e coordenar o início dos reparos”, afirmou Santiago Neira, coordenador da GEM.
Melissa é a 13ª tempestade nomeada da temporada de furacões do Atlântico, que vai de junho a novembro. Meteorologistas alertam que, devido ao aumento da temperatura do mar, a intensidade de eventos como este tende a crescer nos próximos anos — um novo sinal da força devastadora das mudanças climáticas no Caribe.
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