Expansão territorial, protecionismo e combate à imigração ilegal: veja os destaques do discurso de Trump no plenário do Capitólio

05 março 2025 às 08h47

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O Congresso dos Estados Unidos da América (EUA) recebeu, nesta terça-feira, 4, o presidente Donald Trump para seu primeiro discurso anual do Estado da União do atual mandato do republicano. A cerimônia é uma tradição de grande importância, já que reúne representantes dos estados, do Poder Judiciário, além do secretariado da Casa Branca e dos parlamentares. O evento funciona como uma espécie de prestação de contas do novo mandato e, nesta ocasião, foi marcada por aplausos e protestos.
Enquanto os democratas, clássicos opositores aos republicanos, vaiavam Trump com placas dizendo “Musk rouba”, “Protejam os veteranos” e “Salvem o Medicaid”, os parlamentares republicanos celebravam as medidas anunciadas. Um deputado democrata, Al Green, do Texas, chegou a ser escoltado para fora do plenário do Capitólio pelo presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, após gritar críticas ao empresário multibilionário.
O novo ocupante da Casa Branca abordou, nas quase duas horas de discurso, pontos como expansão geopolítica (mudança do nome do Golfo do México, retomada do controle do Canal do Panamá e incorporação da Groenlândia), ataques à administração Biden, protecionismo na economia, deportação e negociações com o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky.
As principais medidas anunciadas pelo presidente após seis semanas da posse foram: o avanço do processo de deportação dos imigrantes ilegais, a saída dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde, a revogação de medidas ambientais adotadas pela gestão Biden, estímulo à indústria naval estadunidense e o anúncio de taxas recíprocas, a partir de abril, para países que tarifam a indústria norte-americana.
Na ocasião, pela primeira vez após discussão pública da última sexta-feira, 28, Trump fez menção positiva ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. O presidente dos Estados Unidos disse ter recebido uma carta do colega europeu, na qual ele disse estar pronto para retomar a negociação sobre a exploração de minérios em terras raras.
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A era de ouro estadunidense
A ocasião em que se reuniram representantes de todos os poderes constituídos dos Estados Unidos serviu para que Trump propagandeasse sua ideia de retorno à Era de Ouro da nação. Para além das pretensões expansionistas, o empresário atacou a administração de Joe Biden e outras figuras democratas, como a senadora Elizabeth Warren e a ativista Stacey Abrams.
Num outro ponto, Trump falou do fim da “tirania da chamada política de diversidade” ao atacar as políticas públicas voltadas para cultivar a diversidade doméstica e internacionalmente. “Nós acabamos com a tirania da chamada política de diversidade, equidade e inclusão de todo o governo federal. Nosso país não será mais ‘woke’ “, resumiu o republicano.
Outro ponto polêmico que veio à tona durante o discurso, foi a atuação do homem mais rico do mundo, Elon Musk, no governo de Trump. O empresário dono da Tesla e do X (antigo Twitter) atua como chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês) e sua presença gera polêmica entre os outros membros do governo. A atuação de Musk, até o momento, tem levado ao desmonte de agências federais e à redução no número de funcionários públicos, a fim de diminuir os gastos públicos. No processo, Musk consegue acesso a dados sensíveis da administração pública, o que gera reação nas cortes país afora. Trump não apenas elogia a atuação do empresário das big techs, como disse que juntos irão colocar “a bandeira americana em Marte”.
Protecionismo
“Nós fomos roubados por décadas por todos os países da face da Terra, e não vamos deixar isso acontecer mais”, disse Trump ao se referir a países que taxam os produtos estadunidenses mais do que o esperado. O presidente citou a União Europeia, China, Brasil, Índia, México e Canadá como exemplos. “Inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles, o que é extremamente injusto”, sintetizou o republicano ao anunciar, a partir de dois de abril, tarifas recíprocas para as nações que taxam de forma “injusta” a produção estadunidense.
“Qualquer imposto que nos cobrarem, nós os taxaremos. Se usarem barreiras não monetárias para nos manter fora de seus mercados, então usaremos barreiras não monetárias para mantê-los fora do nosso mercado”, sintetizou.