Os arquivos do caso Jeffrey Epstein, bilionário acusado de tráfico sexual de adolescentes e morto por suicídio na prisão em 2019, devem ser divulgados até a meia-noite desta sexta-feira, 19. A liberação é determinada pela Lei de Transparência dos Arquivos Epstein, aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos em novembro, após meses de negociações bipartidárias, atrasos e adiamentos.

A legislação obriga o governo de Donald Trump a publicar todos os registros, documentos, comunicações e materiais de investigação não classificados relacionados ao caso. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos pode manter sob sigilo informações que identifiquem vítimas — como vídeos de abuso sexual infantil — ou que sejam consideradas sensíveis. Ainda assim, a lei exige que a procuradora-geral Pam Bondi apresente um resumo público justificando cada ocultação.

Parlamentares da oposição afirmam temer que a cláusula de proteção seja usada para reter documentos que possam prejudicar Trump, que manteve relação social com Epstein no passado. Os dois circularam em ambientes de elite em Nova York e na Flórida, e declarações antigas do republicano sobre o financista voltaram a ser citadas por críticos.

Nas últimas semanas, o Comitê de Supervisão da Câmara dos EUA, controlado por democratas, divulgou dezenas de fotos do espólio de Epstein. As imagens mostram figuras públicas como Steve Bannon, Bill Clinton, Bill Gates, Larry Summers, Woody Allen e Noam Chomsky. Há também registros de partes de corpos femininos acompanhadas de trechos de Lolita, romance de Vladimir Nabokov.

Epstein conviveu com empresários de Wall Street, membros da realeza — como o príncipe Andrew — e celebridades. Em 2008, declarou-se culpado por exploração sexual de menores e firmou um acordo judicial. Em 2019, voltou a ser preso por novas acusações e foi encontrado morto pouco mais de um mês depois.

Durante a campanha, Trump prometeu liberar os documentos se retornasse à Casa Branca. Em janeiro, a divulgação inicial frustrou aliados por trazer informações já conhecidas, alimentando teorias conspiratórias na base do presidente. Em setembro, democratas divulgaram uma suposta carta de aniversário de Trump a Epstein, publicada antes pelo The Wall Street Journal. O presidente negou a autenticidade. O vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Taylor Budowich, também afirmou que a assinatura é falsa, enquanto reportagens do The New York Times apontam que a assinatura de Trump mudou ao longo do tempo e apresenta semelhanças com a do bilhete.