COMPARTILHAR

O Congresso do Peru aprovou na madrugada desta sexta-feira, 10, o afastamento da presidente Dina Boluarte por “incapacidade moral”. A decisão, unânime, encerra um governo marcado por escândalos de corrupção e baixa popularidade. O presidente do Legislativo, José Jerí, de 38 anos, assumiu o cargo interinamente logo após a votação.

Boluarte, que havia chegado ao poder em dezembro de 2022 após a destituição de Pedro Castillo, tornou-se o sétimo chefe de Estado peruano desde 2016, em mais um episódio da sucessão de crises políticas que atinge o país. O pedido de impeachment foi motivado pelo “Rolexgate”, investigação sobre relógios de luxo não declarados usados pela mandatária em eventos oficiais.

Durante a posse, Jerí — membro do partido conservador Somos Perú — prometeu um governo de “reconciliação nacional” e declarou combate ao crime organizado, que tem elevado os índices de violência no país. Ele afirmou ainda que manterá o calendário eleitoral, com novas eleições marcadas para abril de 2026.

Boluarte, de 63 anos, reagiu em pronunciamento televisionado, dizendo ter governado “pelo bem dos peruanos”. Ela enfrentava forte rejeição popular, com aprovação abaixo de 5%, e vinha sendo acusada de enriquecimento ilícito e abuso de poder — inclusive por ter aumentado o próprio salário no meio da crise.

Nas ruas de Lima, milhares de pessoas celebraram a decisão do Congresso. Houve também especulações sobre um possível pedido de asilo político, após relatos de que Boluarte teria buscado refúgio na embaixada do Equador.

A queda de mais uma presidente reforça a instabilidade institucional que domina o Peru há quase uma década. Desde 2016, nenhum mandatário eleito completou o mandato. A sucessão de escândalos e rupturas políticas transformou o país em um símbolo da crise de governabilidade na América do Sul.

Leia também: EUA aumentam recompensa por informações que levem a prisão de Maduro