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A bancada do governo de El Salvador no congresso aprovou nesta quinta-feira, 31, reforma constitucional que permite a reeleição presidencial por quantidade indeterminada de mandatos. A reforma também amplia tempo do presidente no poder de cinco para seis anos e acaba com o segundo turno nas eleições presidenciais, bastando maioria simples. A proposta que beneficia o presidente Nayib Bukele teve apoio de 57 dos 60 congressistas.

A lei estabelece ainda que o mandato do presidente Bukele, que começou em 2024 e iria até 2029, termininará em 1° de junho de 2027, quando haverá então novas eleições presidenciais. A deputada governista Ana Figueroa declarou à BBC que a reforma iguala as condições para o cargo de presidente e parlamentares, com “maior estabilidade, segurança política e jurídica e redução de custos”.

Marcela Villatoro, deputada de oposição, afirmou à imprensa local que “a lei foi aprovada sem consulta, de forma tosca e cínica”. Durante a votação da reforma, ela levantou um cartaz em que se lia “hoje morreu a democracia”, pelo risco da proposta à alternância de poder.

Com a guerra às gangues de narcotraficantes em El Salvador, Bukele foi reeleito em 2024 com 87% dos votos. Em seu segundo mandato, Bukele aumetou a pressão contra críticos do governo.

O advogado Enrique Anaya disse ao vivo um programa de televisão salvadorenho em 3 de junho: “Aqui, quem fala, quem critica, quem não se ajoelha diante do ídolo, vai para a cadeia”. Quatro dias depois, ele foi preso, acusado de lavagem de dinheiro. Ruth Eleonora López, outra advogada que questionou o presidente, também foi presa, por suposto enriquecimento ilícito.