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O Banco Central da Argentina e o Tesouro dos Estados Unidos assinaram nesta segunda-feira, 20, um acordo de linha de swap no valor de US$ 20 bilhões. O mecanismo permite a troca temporária de moedas entre as instituições e tem como objetivo reforçar as reservas internacionais do país, conter a volatilidade cambial e garantir liquidez ao sistema financeiro.

Segundo comunicado do Banco Central argentino, o acordo “visa preservar a estabilidade de preços e promover o crescimento econômico sustentável”, e estabelece termos e condições bilaterais entre os dois países. A medida é vista como um gesto de apoio de Washington à política econômica do presidente Javier Milei, que enfrenta neste domingo, 26, uma eleição de meio de mandato crucial para a continuidade de sua agenda liberal.

Eleição definirá força política de Milei

O pleito de domingo renovará metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, e servirá como teste de aprovação popular para o governo de Milei, eleito em 2023 com o discurso de ruptura com o peronismo e promessa de reduzir drasticamente o tamanho do Estado. Seu partido, La Libertad Avanza, tenta ampliar presença no Congresso para viabilizar privatizações e cortes de gastos.

O resultado deve indicar se o presidente conseguirá avançar com suas reformas estruturais, que enfrentam resistência no Parlamento e nas ruas. Caso sofra derrota expressiva, analistas preveem dificuldades para aprovar novas medidas econômicas e até risco de isolamento político.

Economia em crise e apoio externo

O acordo com os Estados Unidos ocorre em um momento de forte tensão econômica na Argentina. A inflação acumulada supera 200% ao ano, o peso continua em desvalorização e a produção industrial caiu nos últimos trimestres. O governo tenta equilibrar cortes de subsídios e austeridade fiscal com o desafio de conter o descontentamento popular.

A linha de swap de US$ 20 bilhões busca fortalecer a confiança internacional e reduzir a pressão sobre as reservas, que estavam em níveis críticos. Segundo fontes do governo citadas pela agência Reuters, parte do valor poderá ser usada para estabilizar o câmbio e garantir importações essenciais.

O ex-presidente americano Donald Trump, aliado político de Milei, elogiou o acordo, mas alertou que “ficaria muito chateado” com qualquer avanço da presença militar chinesa na Argentina — um recado direto a setores que defendem manter laços com Pequim.

Desafio político e econômico

Para Milei, o apoio americano chega em momento decisivo. Se o resultado eleitoral for favorável, o presidente ganhará fôlego para manter sua agenda de desregulamentação e corte de gastos públicos. Caso contrário, pode ver sua base parlamentar enfraquecida e a governabilidade comprometida.

“O swap é um sinal de que os Estados Unidos continuam apostando na estabilidade da Argentina, mas a sustentabilidade dependerá do resultado das urnas”, avaliou o economista argentino Gabriel Rubinstein.

A eleição deste domingo, portanto, não será apenas um teste político, mas também um plebiscito sobre o futuro econômico da Argentina — e sobre a capacidade de Milei de sustentar o apoio internacional que agora busca consolidar.

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