Hotéis de Belém (PA) estão cobrando valores considerados exorbitantes para hospedagens durante a COP30, conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) marcada para ocorrer entre 10 e 21 de novembro. Em estabelecimentos de três estrelas, diárias simples chegam a ultrapassar R$ 10 mil, com pacotes de 11 noites custando até R$ 85 mil — valor 80% superior ao cobrado pelo luxuoso Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, no mesmo período.

Para efeito de comparação, uma estadia de 11 dias no quarto mais simples do Copacabana Palace, custa R$ 47.542. A principal suíte do hotel carioca, com 69 m² e vista privilegiada, sai por R$ 60,5 mil. Mesmo as opções com vista para o mar, que chegam a R$ 6.551 por noite, totalizam R$ 72.061 — ainda abaixo dos valores encontrados em alguns hotéis paraenses.

A discrepância de preços se torna ainda mais evidente ao comparar os valores praticados fora do período da conferência. No mesmo hotel de Belém, uma reserva entre 5 e 10 de outubro sai por apenas R$ 2.633, o que representa um aumento de mais de 95% durante o evento internacional.

Em hotéis de cinco estrelas da capital paraense, os preços são ainda mais elevados. Em alguns casos, as tarifas chegam a R$ 125 mil por apenas cinco diárias.

A alta nos valores provocou reação de delegações internacionais. Representantes de países emergentes já alertaram a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os custos “inviáveis” para participação no evento, o que gerou discussões sobre uma possível mudança de cidade-sede. Algumas nações cogitam reduzir drasticamente suas comitivas ou mesmo cancelar a ida à conferência.

Apesar da pressão, o governo federal afirma que a COP30 será mantida em Belém. Segundo o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho — irmão do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) —, o tema está sendo tratado com prioridade. “Eu acredito que essa questão das hotelarias, seja através do governo do estado, seja do governo federal, nós vamos encontrar uma solução relacionada a isso”, afirmou. O presidente da COP reforçou que “não há um plano B”.

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