Bastidores

A Justiça decidiu que o prefeito Divino Lemes deve ser mantido no cargo. Mas a oposição aposta que brevemente o integrante do PSD terá novos problemas com a Justiça. Basta o Ministério Público e, se quiser, a Câmara de Vereadores ficarem de olho.
Divino Lemes, mesmo quando não comete irregularidades intencionais, comete-as por seu alto grau de desorganização. O prefeito nunca conseguiu montar uma equipe eficiente e que tenha coragem de dizer a ele onde e como está falhando.

Um democrata afirma que o senador Ronaldo Caiado, presidente do DEM em Goiás, “está se isolando tanto em Brasília quanto em Goiás”.
Em Brasília, afirma o democrata — que, por sinal, apoia a candidatura de José Eliton para governador de Goiás —, o presidente do DEM em Goiás trabalhou firme pelo impeachment de Dilma Rousseff. Mas, tão logo Michel Temer assumiu, começou a criticar seu governo. O DEM ocupa ministério e apoia o governo do peemedebista.
Ao atacar o ministro Moreira Franco, Caiado perdeu um aliado, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Franco é sogro do parlamentar. Maia não “malha” o senador publicamente. Mas, privadamente, não o poupa.
“Não contente com a desagregação que promove, Caiado está criticando, de maneira acerba, os governadores do Rio de Janeiro e do Rio Grande”, afirma o democrata. Neste ponto, é difícil discordar do senador: os dois gestores são mesmo fracos e não conseguem administrar seus Estados.
O democrata que critica Caiado afirma que, por enquanto, vai manter-se anônimo. “Mas, no momento oportuno, vou apresentar-me”, afirma. Ele diz que não quer ser expulso do DEM. “Caiado não tolera a divergência interna e criou um DEM monolítico, sem expressão, em Goiás. Ele não soube manter um grande deputado como Helio de Sousa, que deixou o DEM devido à sua intransigência. Vilmar Rocha saiu do DEM por sua causa.”

[caption id="attachment_62698" align="aligncenter" width="620"] Júlio Paschoal[/caption]
Júlio Paschoal, economista de sólida formação cultural e professor universitário, será candidato a deputado estadual, tendo Goiânia como base eleitoral.
Uma das vozes qualificadas do governo de Goiás, onde atua como economista, Júlio Paschoal fará dobradinha com o deputado federal Giuseppe Vecci, que disputará a reeleição.

[caption id="attachment_86575" align="aligncenter" width="620"] Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Os senadores Wilder Morais e Lúcia Vânia promovem uma briga de foice no escuro e de palavras no claro. Querem disputar a reeleição, mas, como o governador Marconi Perillo deve ser candidato a senador (há quem aposte que, para abrir espaço, pode ir a federal), sobra apenas uma vaga, que será de Wilder Morais ou de Lúcia Vânia. Daí a guerra.
Analistas que examinam pesquisas e cenários sugerem, porém, que Lúcia Vânia não é ameaça para Wilder Morais nem Wilder Morais é ameaça para Lúcia Vânia. “O que eles não percebem é que a ameaça mais forte aos dois é o vereador Jorge Kajuru, que começa a crescer nas pesquisas de opinião pública. A partir do quadro de hoje, é muito provável que Marconi Perillo e Jorge Kajuru sejam eleitos para o Senado”, afirma um pesquisador e analista político.

[caption id="attachment_94349" align="aligncenter" width="620"] Fotos: Fernando Leite/ Jornal Opção e Ana Paula / Agência Brasil[/caption]
O vereador Jorge Kajuru (PRP), que tem tido uma conduta exemplar na Câmara Municipal de Goiânia — não se envolve com as malandragens de alguns vereadores e tem uma atuação crítica e propositiva —, afirma que não disputará mandato de deputado federal, e sim de senador.
Jorge Kajuru, se fosse candidato a deputado federal, iria atrair uma chusma de políticos oportunistas, que seriam candidatos a deputados unicamente com o objetivos de serem “carregados” por ele.
Ao saber que Jorge Kajuru pode optar pela disputa de uma vaga no Senado, o ex-governador Alcides Cidinho Rodrigues teria desistido de disputar mandato de deputado federal. Ele não vai mais ser o candidato-mochila.

[caption id="attachment_92262" align="aligncenter" width="620"] Foto: Y. Maeda/ Alego[/caption]
A Câmara Municipal de Goiânia é olimpicamente ignorada e desprezada pelo prefeito Iris Rezende, tanto que até agora não indicou o líder do governo no Legislativo. Mesmo assim, os vereadores — com a exceção de Elias Vaz, Jorge Kajuru, Romário Policarpo, Paulo Magalhães e mais uns dois ou três — estão acomodados. Mas, enquanto eles não se manifestam, exceto para pressionar por cargos, o deputado Francisco Júnior tem feito críticas consistentes à gestão do peemedebista. O parlamentar do PSD tem notado que faltam projetos à gestão de Iris Rezende, que parece ter perdido, de vez, o timing e a capacidade de conectar com a sociedade goianiense.
Na Assembleia Legislativa, Francisco Júnior tem uma conduta apontada como exemplar. Não chantageia o governo e pertence ao chamado alto clero, aquele que se preocupa com discussões propositivas. Ele contribui, de maneira decisiva, para a melhoria de projetos, mas também não é subserviente.
Em 2020, Francisco Júnior deve ser candidato a prefeito de Goiânia. O eleitorado ficou impressionado com seus projetos e discurso em 2016.

[caption id="attachment_95343" align="aligncenter" width="620"] Ricardo Saud[/caption]
As delações premiadas de Joesley Batista e Ricardo Saud, da J&F e JBS, na avaliação de especialistas em Direito, inocentaram o governador de Goiás, Marconi Perillo. Ao dizerem que o tucano-chefe não fazia favores à empresa, num tom de reclamação, Joesley e Saud sugeriam que não havia relação não-republicana com o governo.
Marconi, afirmou Saud, não fez “um nada pela JBS”.

[caption id="attachment_95025" align="aligncenter" width="620"] Marconi e o prefeito peemedebista Ernesto Roller | Foto: Wagnas Cabral[/caption]
O programa Goiás na Frente — os políticos complementam: “Goiás na Frente e a oposição para trás” — ampliou a aproximação do governador Marconi Perillo, do PSDB, com vários prefeitos do PMDB. Os prefeitos ficam satisfeitos porque, com eles, o tucano-chefe não fala de assuntos políticos, e sim apenas de questões administrativas.
Marconi Perillo tem frisado que, com as certidões negativas em dia, todos os prefeitos terão acesso aos recursos do Goiás na Frente, independentemente dos partidos políticos e ideologias. A tese de Marconi Perillo é que o desenvolvimento só ocorre de fato se todos os municípios, portanto suas populações, forem beneficiados.

[caption id="attachment_89321" align="aligncenter" width="620"] Foto: André Costa/ Jornal Opção[/caption]
O comportamento republicano do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, José Vitti (PSDB), tem agradado ao governador Marconi Perillo (PSDB).
José Vitti, que pode ser candidato a deputado federal, tem colaborado com o tucano-chefe para desatar nós políticos e, “na aprovação de projetos, é um verdadeiro pilar de sustentação do governo”, segundo aliados do governador Marconi.

[caption id="attachment_93813" align="aligncenter" width="620"] Thiago Peixoto | Antonio Araújo / Câmara dos Deputados[/caption]
Thiago Peixoto (PSD) é uma espécie de deputado federal hors concours. Economista de vasta cultura, mantém um diálogo de alto nível com seus pares na Câmara dos Deputados e sempre é consultado pelos colegas sobre vários temas, inclusive educação.
Sempre posicionado, Thiago Peixoto permaneceu em Brasília, nos momentos mais agudos da crise política, participou de reuniões com líderes partidários e debateu saídas responsáveis para o pepinoduto.
Sempre que inquirido, o jovem parlamentar apresenta suas opiniões sobre o afastamento presidente Michel Temer e eleições indiretas ou diretas para a escolha do próximo presidente, se o peemedebista cair.
O líder pessedista sugere que o país não pode ficar sangrando devido à crise política. Precisa seguir com as reformas que são vitais para a recuperação da economia.

[caption id="attachment_57248" align="aligncenter" width="620"] | Foto: Marcos Kennedy (Roller) e Carlos Costa (Adib)[/caption]
Adib Elias e Ernesto Roller, eleitos prefeitos de Catalão e Formosa, fazem falta na Assembleia Legislativa. Eles eram críticas e, eventualmente, consistentes. Sobretudo, eram aguerridos e davam trabalho para a bancada governista. Agora, com os dois tendo de atuar de maneira responsável, porque têm contas a ajustar todos os mês, a Assembleia Legislativa ficou mais tranquila para o governo.
José Nelto até tenta ser crítico do governo, mas é uma voz isolada. “Nelto não é uma voz categorizada e não tem o preparo intelectual de um Roller ou de um Luis Cesar Bueno, do PT”, afirma um deputado da base aliada.

[caption id="attachment_94859" align="aligncenter" width="355"] Caiado cumprimenta Temer | Foto: reprodução[/caption]
De um deputado federal: “Se o presidente da República, Michel Temer, não cair [há quem aposte que já caiu, e só falta ser retirado do Palácio do Planalto], o senador goiano Ronaldo Caiado, que aposta tudo na debacle do peemedebista, tende a ficar numa situação delicada em Brasília. Ele já é rejeitado pela esquerda, que o trata como um político truculento, e pode ficar sem espaço algum junto ao governismo”.
A maioria dos políticos avalia que Michel Temer vai cair de maneira relativamente honrosa: a chapa Dilma Rousseff/Michel Temer deverá ser cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral.

[caption id="attachment_95743" align="aligncenter" width="620"] Doria, Bolsonaro, Marina e Ciro: devem disputar em 2018 | Fotos: reprodução/ Renan Accioly[/caption]
Brasília é a cidade das apostas. Não se trata de loteria, e sim de apostar políticas. Acredita-se que, sem Lula da Silva — sua prisão é iminente —, Aécio Neves e Geraldo Alckmin na disputa presidencial, em 2018, a batalha será travada entre João Doria, o prefeito de São Paulo, Jair Bolsonaro, deputado federal, Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, e Marina Silva, a ex-senador, e Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. Quem tem mais chance de ganhar?
Os analistas apostam todas as suas fichas na candidatura de João Doria, que, além de mais moderado, está fazendo um governo em São Paulo. Mas Ciro Gomes (deve ser candidato com um vice do PT) e Jair Bolsonaro certamente serão bem votados. Marina Silva e Joaquim Barbosa? Nenhum dos dois pode ser descartado, pois ambos têm apelo popular: são decentes, críticos e responsáveis.
Fala-se também que Henrique Meirelles pode ser candidato pelo PSD. É um aposta séria, mas não popular.

Um analista político diz que vem examinando a trajetória do governador de Goiás, Marconi Perillo, desde 1998. “O tucano se reinventa, mostra-se mutante, acompanha os ritmos do tempo e deixa a oposição sem discurso. Com o programa Goiás na Frente, mais uma vez o gestor do PSDB surpreende todo mundo, inclusive seus próprios aliados. O programa está sacudindo o Estado, pois levará obras e benefícios para todos os municípios.
Seu caráter republicano, atendendo prefeitos de todos os partidos, mostra que o político tem percepção de que o desenvolvimento e o crescimento se dão de maneira integrada: um município cresce e puxa o outro, consequentemente o Estado cresce e solidifica a economia como um todo. A oposição está cada vez mais perplexa e sem ação. A oposição em Goiás faz críticas de maneira unidimensional, então, quando um político é mutante como Marconi Perillo, não consegue compreendê-lo e, portanto, promove combates errados, o que contribui, longe de enfraquecê-lo, para fortalecê-lo”, substancia o analista.

O governador Marconi Perillo tem uma característica: nunca desanima e sempre acredita que fará um governo eficiente e proveitoso para todos os goianos. Adepto do planejamento, o tucano procura criar programas de crescimento econômico e desenvolvimento, que acabam por motivar as pessoas que estão no governo e mesmo os que as que não estão. A sociedade o percebe como um ser inquieto, que não se acomoda e, por isso, tem lhe dado um voto de confiança desde 1998, há quase 20 anos.
Os auxiliares palacianos avaliam que o governo do tucano-chefe deslanchou. Primeiro, nos dois primeiros anos, Marconi Perillo enxugou a máquina, pôs as coisas em ordem. Segundo, com a casa arrumada, criou programas de desenvolvimento. As pessoas estão empolgadas. O curioso é que até prefeitos do PMDB estão entusiasmados com o tucano, e não apenas pelo Goiás na Frente. Eles dizem que o governador recebe bem e não boicota suas gestões.