A 27ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas, a COP 27, está acontecendo nesta semana em Sharm El Sheikh, no Egito. Delegações de todos os países presentes buscam encontrar formas de combater o aquecimento global e as suas consequências, que se agravam com o decorrer do tempo.

Dentro da delegação brasileira, que inclui o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), existem representantes de um grupo estratégico para a guerra contra as mudanças climáticas: os povos indígenas. O advogado popular Carlos Eduardo Lemos Chaves, especialista no assunto, esclareceu a questão para o Jornal Opção

“Os povos indígenas consideram a demarcação de suas terras tradicionais como medida fundamental para o enfrentamento à crise climática e, nesse ponto, estão cobertos de razão”, disse o mestre em Direito Agrário pela Universidade Federal de Goiás (UFG). “Uma vez que dados científicos, amparados inclusive por imagens de satélites, comprovam que tais terras protegidas e manejadas por estes povos são responsáveis por um percentual significativamente maior de áreas preservadas em todos os biomas nacionais”, completou.

O especialista ainda destacou um estudo deste ano, realizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) com o Instituto de Pesquisa Ambiental do Amazonas (Ipam). No cruzamento com os dados do MapBiomas, foi constatado que no Brasil cerca de 29% das áreas ao redor das terras indígenas foram desmatadas, enquanto dentro dos territórios protegidos pelos povos, as áreas desmatadas atingem o índice de apenas 2%.

“Desse modo, é de suma importância, não apenas para a garantia da sobrevivência física e cultural dos povos que as habitam tradicionalmente. Mas, também, para o enfrentamento da crise ecológica e climática global, uma vez que as terras demarcadas ou sob a proteção dos povos indígenas constituem verdadeiras ilhas de preservação”, argumentou Carlos, destacando que os habitantes das áreas de preservação defendem as terras de atividades nocivas para o meio ambiente. 

O advogado ainda destacou que o próximo Governo assumiu um compromisso de diálogo com os povos originários. Incluindo a criação de um ministério com representantes de tais grupos como titulares da pasta. Além da retomada do Acampamento Terra Livre, evento anual de mobilização indígena.