Natureza podada: manutenção da arborização urbana ou poda excessiva das árvores?
08 novembro 2025 às 14h57

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Dr. Fred Le Blue Assis (doutor Planejamento Urbano e idealizador do GT GYN 2030), especial para o Jornal Opção
Todos os anos, a Equatorial tem sido alvo de críticas por poda excessiva de árvores em Goiânia, que desfigura as espécies, tornando a paisagem urbana ainda mais ríspida, deixando como rastro, um cenário de galhos mortos e feridos. Segundo a empresa, o serviço faz parte da atividade de manutenção da arborização, visando preparar essas áreas de verde urbanizado para os períodos críticos de tempestades, no que visa evitar sinistros e quedas de árvores em pedestres, animais e carros. Ocorre que a população tem vínculos geoafetivos, mas também ganhos microclimáticos com os poucos entes naturais que ainda restam no meio ambiente urbano e estranham as podas estilo poodle de madame que, por vezes, são feitas com as árvores, mesmo de porte pequeno, que não comprometem os fio de alta-tensão.
Primeiramente, é preciso aceitar que a poda, no momento mais adequado para cada espécie, climas e objetivo, é uma prática essencial para manter desenvolvimento saudável e vistoso das árvores saudáveis e vistosas, tornando-a mais resistente a pragas, doenças e ventos fortes. O corte permite manter uma estrutura mais robusta e um tronco mais resistente, estimulando o crescimento equilibrado da planta, ao remover partes que exigem mais energia, direcionando os recursos para galhos mais promissores. Além disso, melhora a circulação de ar e luz, otimizando a fotossíntese, o que favorece o microclima da região, contribuindo para minorar os efeitos do aquecimento global.
Em termos de remoção de riscos, a poda, ao eliminar galhos podres ou doentes, que podem cair e causar danos a redes elétricas, previne acidentes no espaço público, sendo obrigação das empresas de energia elétrica realizar o serviço de maneira estratégia, para evitar, mormente, incidentes de descarga elétricas, como os que eletrocutaram pessoas, de forma fatal, em Goiânia nas enchentes de setembro de 2025. Nesse sentido, para além de ser pensada a poda em sintonia fina com o Plano de Drenagem Urbana, ela deveria ser feita segundo parâmetros mestres do Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU) de Goiânia, que é a política municipal para o plantio, preservação, manejo e expansão das árvores em áreas públicas e particulares. Esse plano é que estabelece diretrizes para a arborização, no tocante, ao plantio obrigatório (duas mudas por unidade imobiliária), substituição de espécies (árvores exóticas por nativas), parcerias público-privadas (Disque Árvore) e conscientização sustentável (projetos de educação socioambiental).
Em termos de estética e preservação paisagística, o desvirtuamento das árvores ocorre quando a poda é feita de forma drástica ou malfeita (deixando superfícies ásperas), o que pode matar a árvore, ou causar apodrecimento ou cicatrização lenta do lenho, além de abrir portas para pragas e doenças. A recomendação para os cortes é que eles sejam feitos de forma limpas e diagonais, próximos à gema, com ferramentas adequadas (tesouras de podas e serras) afiadas e desinfetadas, antes das folhas estarem amareladas, respeitando a estrutura e o ritmo natural da árvore.
Além disso, o ato da poda deve respeitar padrões de limpeza e segurança, inclusive, do trabalho, bem como ser feito com o mínimo de impacto de vizinhança possível, a começar pelo nível de poluição sonora que jamais deve exceder o horário comercial, o que não costuma ser respeitado em Goiânia, já que não é incomum podas que se prolonga até altas horas, inclusive, nos sábados.
