Uma falha na alimentação elétrica de uma bomba da Saneago causou a morte de mais de quatro mil peixes do produtor rural Aziel Gonçalves, da Chácara Nossa Infância, na zona rural de Bela Vista. A reportagem ouviu o piscicultor, que relatou um cenário desesperador, marcado por mais de três anos de perdas na pecuária e um prejuízo superior a R$ 200 mil.

Segundo Gonçalves, o motor de uma estação de bombeamento da Saneago despeja água do sistema de esgoto no córrego Sussuapara quando há interrupção no fornecimento de energia elétrica. O manancial é utilizado por produtores rurais da região na produção agropecuária.

Nos últimos três anos, entre 2023 e 2025, o piscicultor afirma ter perdido mais de 12 mil animais nos criadouros em decorrência da contaminação da água. Os peixes são de espécies comerciais, como o Pseudoplatystoma corruscans (pintado) e o Piaractus brachypomus (pirapitinga ou caranha). “Quando eu uso a minha água, não acontece nada. Mas quando uso a água do córrego, morrem todos os meus peixes — e eu preciso utilizá-la na época da seca”, relatou.

Além das mortes de peixes, Gonçalves afirma que também perdeu hortaliças ao utilizar a água do manancial para irrigação. “Estou aqui há mais de sete anos e nunca pude usar a água do córrego para regar a horta”, lamentou.

Composto cancerígeno

Na última quarta-feira, 16, uma empresa de cortume foi autuada em quase R$ 3 milhões pelo tratamento incorreto de efluentes enviados à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Bela Vista. Segundo o analista ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad), a ETE não realizava o tratamento adequado da água contaminada, e uma espuma tóxica foi liberada no córrego Sussuapara.

“Eles não podem lançar espuma no curso hídrico, então isso já configura irregularidade. A eficiência deles apresentou parâmetros fora do exigido pelo Conama. Não é correto dizer que estão poluindo, mas sim que não estão tratando adequadamente”, explicou o analista ambiental Matias.

A empresa foi multada em R$ 2.755.000,00, e o laudo foi encaminhado à central de licenciamento. “Aplicamos o auto de infração e enviamos para que sejam tomadas as providências. O caso também deve ser encaminhado ao setor de licenciamento para conhecimento”, completou.

Confira as imagens dos peixes mortos:

Em nota, a Saneago afirma que desconhece de protocolos ativos sobre o caso.

Confira a nota na íntegra:

“A Saneago informa que não há registro de processo em andamento para esta questão. Em situações de danos materiais, cada caso é analisado individualmente. A solicitação deve ser iniciada pelo e-mail [email protected]. Em seguida, nossas equipes seguirão com os procedimentos, encaminhando formulário e orientando sobre todo o processo.”

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