Cientistas alertam: mundo tem apenas três anos para evitar colapso climático

25 julho 2025 às 08h49

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O mundo tem até 2028 para reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa e evitar o ponto de não retorno da crise climática. O alerta é do geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Wagner Ribeiro, com base em um novo relatório de cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido.
Segundo o estudo, os compromissos atuais assumidos pelos países para conter o aquecimento global estão muito aquém do necessário. “Apenas 25 nações apresentaram suas NDCs [contribuições nacionalmente determinadas], e só o Reino Unido tem metas compatíveis com o que seria ideal”, aponta Ribeiro. Ele destaca que a vulnerabilidade geográfica do país — um arquipélago ameaçado pela elevação do nível do mar — explica a postura mais rigorosa. “Quando a ameaça se torna concreta, a resposta política aparece. Mas ainda é pouco”, avalia.
Para o professor, os impactos previstos para meados do século estão sendo antecipados. “Não se trata de alarmismo, mas de dados científicos consolidados. O relatório combina matemática, inteligência artificial e diversos indicadores ambientais para traçar cenários. Os eventos extremos que vemos hoje já confirmam essas projeções”, afirma.
Rumo à COP30: Brasil deve liderar acordo global mais ambicioso
Diante da proximidade da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém (PA), Ribeiro defende maior protagonismo do Brasil. “Como país anfitrião, o Brasil tem a responsabilidade de puxar um pacto mais ousado e consistente”, diz.
Ele reforça que, sem medidas imediatas e eficazes, eventos extremos como secas prolongadas, enchentes, alterações de temperatura, acidificação dos oceanos e perda acelerada da biodiversidade se tornarão ainda mais frequentes. “Estamos caminhando para antecipar tragédias que antes se projetavam para 2050 ou 2060”, alerta.
Ribeiro também destaca a importância da mobilização popular e das novas formas de pressão política. “A litigância climática, sobretudo liderada por jovens, precisa ganhar visibilidade. A sociedade civil deve cobrar ações concretas. O tempo é curto”, conclui.
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