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O município de Cavalcante, no nordeste de Goiás, aparece como o 5º com maior área atingida por incêndios e queimadas no Cerrado em 2024, segundo dados do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG) da UFG, obtidos pela Plataforma MapBiomas Fogo. Foram 20.089 hectares queimados no ano passado, o que coloca a cidade atrás apenas de Formosa, Mineiros, Rio Verde e Jataí no ranking estadual.

O levantamento mostra ainda que, em 2025, a área total queimada em Goiás já chega a 454 hectares até 7 de setembro, representando um aumento de 84% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Pressões ambientais acumuladas

Além das queimadas, Cavalcante enfrenta um conjunto de problemas ambientais que agravam a situação do Cerrado na região. O município está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) do Pouso Alto, zona de relevância ecológica que abriga nascentes e áreas de recarga hídrica, e tem parte de seu território protegido pelo Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e pelo Território Kalunga.

Mesmo assim, nos espaços não abrangidos por essas áreas de proteção, multiplicam-se denúncias e registros de:

  • Desmatamento ilegal em áreas de Cerrado nativo;
  • Incêndios florestais recorrentes, que comprometem a biodiversidade e o equilíbrio hídrico;
  • Mineração em áreas úmidas, com risco direto sobre veredas e nascentes;
  • Doação de unidade de conservação municipal a particulares, fragilizando a proteção local;
  • Abertura de vias em zonas de especial interesse ambiental, sem estudos de impacto adequados.

Contexto e risco

O cenário torna-se ainda mais preocupante porque o que sobra de áreas não protegidas em Cavalcante é justamente o território mais vulnerável à degradação. Ou seja, a pressão recai sobre fragmentos de Cerrado que deveriam funcionar como corredores ecológicos entre áreas já preservadas.

Especialistas alertam que a combinação entre queimadas, avanço do desmatamento e atividades econômicas em áreas frágeis pode comprometer o futuro da conservação na região. “Estamos diante de um mosaico de pressões que não apenas ameaçam o Cerrado, mas também a segurança hídrica de Goiás e do país”, avaliam pesquisadores ligados ao LAPIG.

Síntese

A posição de Cavalcante no ranking das queimadas, somada às demais práticas de degradação, expõe um município que deveria ser referência em preservação — por estar inserido em uma das áreas mais estratégicas para a conservação do Cerrado —, mas que hoje se destaca pelas ameaças ao meio ambiente.

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