Padre residente de Goiás é eleito responsável internacional de Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas

31 maio 2025 às 18h10

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O padre da Diocese de Marília, Carlos Roberto dos Santos, foi eleito o primeiro brasileiro responsável geral da Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas. Residente em um mosteiro na cidade de Goiás, ele contou que recebeu com surpresa a notícia da eleição. Agora, ele comandará a organização sacerdotal em cinco continentes.
Desde 2021, o padre atua no antigo Mosteiro da Anunciação, na cidade histórica de Goiás, onde coordena um trabalho de acolhimento e recuperação espiritual para padres diocesanos que enfrentam momentos de cansaço, sofrimento ou necessidade de pausa em sua vida ministerial.
“Aqui, ajudamos os padres a deixarem para trás o que não é essencial e reencontrarem o que realmente importa: Jesus, o Evangelho e o serviço aos irmãos”, destaca o padre, que antes atuava em Marília, interior de São Paulo, e agora vive uma rotina mais serena e voltada à oração na cidade goiana. Ele ressalta que o espaço em Goiás estava fechado por anos, mas foi reaberto com o apoio da Diocese local para receber sacerdotes que buscam um espaço de descanso e reflexão. Ali, padres podem permanecer de poucos dias até seis meses, participando de retiros.
“Já estou no meu quarto ano aqui e estou gostando muito. Tem sido um tempo de cuidar da vida sacerdotal, de cuidar dos irmãos que estão cansados, feridos, perdidos, ou que só querem descansar. Em Marília, minha vida era muito corrida, como professor de faculdade, muitos compromissos. Aqui é diferente: mais silêncio, mais oração, mais interioridade, e isso tem sido uma grande alegria para mim”, contou o padre ao Jornal Opção.
A eleição do padre brasileiro para o cargo internacional da fraternidade, que ocorre a cada seis anos, marca uma nova etapa para a entidade, que reúne mais de 500 padres no Brasil, distribuídos em dezenas de fraternidades locais. O pleito ocorreu durante a assembleia internacional da fraternidade, realizada a cada seis anos, com a participação de representantes de 31 países.
“Essa assembleia reúne os responsáveis internacionais e continentais. Estamos presentes nos seis continentes e, como eu era o responsável pelas Américas Norte, Central e Sul, participei como representante pan-americano. Já fui também o responsável pela fraternidade no Brasil”, conta Carlos.
A Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas tem como base o testemunho de São Carlos de Foucauld, que buscava viver a vida de Jesus em Nazaré, no meio dos pobres, sem alarde, com foco na humildade e na entrega.
“A Fraternidade Jesus Cáritas é uma fraternidade espiritual formada por padres diocesanos. Nossa inspiração é Charles de Foucauld, ou São Carlos de Foucauld, um padre francês que viveu como missionário na África e dedicou sua vida a imitar Jesus em tudo, especialmente em sua vida simples e escondida em Nazaré. Ele buscava viver o mais pobre possível, entre os pobres, onde Jesus ainda não era conhecido”, explica o novo coordenador internacional.
Segundo ele, essa espiritualidade é chamada de “espiritualidade de Nazaré”. Trata-se de viver a fé no cotidiano, com simplicidade, sem alarde, sem buscar reconhecimento. “É fazer o bem pelo bem, como Jesus fazia. Nosso mundo está cheio de holofotes, likes e vaidade. Nossa proposta é outra: viver o Evangelho com profundidade, silêncio e presença. Uma vida sacerdotal equilibrada.”
No Brasil, há mais de 500 padres ligados à fraternidade. A organização começa nos grupos locais, formados por 5 a 8 padres, que se reúnem mensalmente. “Esses grupos se encontram uma vez por mês, fazem um ‘dia de deserto’, que é um dia de oração, reflexão e silêncio. Partilhamos a vida, fazemos adoração eucarística, lemos o Evangelho e trechos da vida do Irmão Carlos (como chamamos Charles de Foucauld). É um espaço de comunhão e cuidado.”
Esses grupos locais são coordenados por um responsável. Depois, há a organização regional e nacional. No Brasil, existem seis grandes regiões com responsáveis próprios, e um coordenador nacional. Há ainda coordenadores por continente, como o próprio entrevistado era antes da eleição, e, agora, o coordenador internacional.
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