Mais de 600 psicólogos e médicos conveniados do Detran-GO paralisam atendimento

Os psicólogos e médicos que prestam serviços ao Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) iniciaram nesta terça-feira, 15, uma paralisação. Segundo as associações representantes das categorias, a suspensão do atendimento segue até amanhã, quarta-feira, 16. Os credenciados pedem a correção da defasagem salarial, que não é atualizada há nove anos.

Segundo as associações envolvidas, as duas paralisações ocorreram após assembleias gerais das categorias. Apesar de separadas, elas dialogam por contas das reivindicações envolvendo a defasagem salarial.

“Os médicos realizam a avaliação de aptidão física e os psicólogos fazem a avaliação psicológica. As categorias andam juntas, os dois sindicatos estão em convergência”, afirmou Diolindo Freire, diretor de comunicação do Simego, em entrevista para o Jornal Opção.

O representante informou que a paralisação terá duração de 48 horas, com adesão de 100% das categorias nas unidades do Vapt Vupt, clínicas e demais pontos de atendimento em Goiás. Ele destacou que até mesmo as perícias realizadas em caráter emergencial foram suspensas.

“Atualmente, são 515 médicos no estado de Goiás conveniados ao Detran-GO. Eles estão em onze unidades do Vapt Vupt, 76 clínicas e 132 unidades espalhadas por todo o estado. Os médicos reivindicam melhorias nas condições de trabalho e o reajuste que não acontece há nove anos. É uma correção salarial porque são quase dez anos anos sem qualquer correção ou reajuste”, pontuou Freire.

No caso dos médicos, uma na assembleia a respeito da prorrogação da paralisação está marcada para ocorrer na sexta-feira, 18. Já entre os psicólogos, uma reunião foi agendada na próxima segunda-feira, 21, segundo Debora Legina Ribeiro de Miranda, presidente da junta Governativa do Sindicato do Sindicato dos Psicólogos do Estado de Goiás (Sinpego).

A presidente contou para o Jornal Opção que o encontro definirá os próximos passos, mas que aguarda o prazo de 30 dias do Governo Estadual para apresentar a proposta. “Depois da entrega do ofício e das respostas, vamos definir se haverá novas paralisações ou não”, afirmou Miranda.

“A atuação dos psicólogos do trânsito no Estado de Goiás constitui uma atividade essencial à promoção da segurança viária e à preservação da vida, ao garantir que condutores estejam psicologicamente aptos a exercerem suas funções no trânsito com responsabilidade. Trata-se de um serviço técnico e especializado, amparado por regulamentações federais, que exige formação qualificada e constante atualização profissional. Valorizar essa categoria, por meio de uma remuneração justa e compatível com os parâmetros nacionais estabelecidos, não é apenas um ato de justiça, sim medida estratégica para o fortalecimento de políticas públicas voltadas à mobilidade segura e eficiente”, afirmou a presidente através de nota divulgada na última semana.

Segundo a entidade, a reunião para decidir sobre a paralisação contou com 147 participantes, no qual 140 foram favoráveis, cinco contrários e dois não opinaram.

Nota do Detran-GO

Em resposta, o Detran-GO se opôs a paralisação dos profissionais e afirmou que a reunião com as classes aprovou um prazo de 30 dias para que fossem apresentadas propostas. A autarquia respondeu que manteve um canal aberto e diálogo com as entidades. “O ato ocorreu um dia após reunião das associações de classe com o presidente da autarquia, na qual foi aprovado o prazo de 30 dias para que fossem apresentadas propostas”, afirmou o texto. Confira a nota completa no final do texto.

O Detran-GO também informou que os atendimentos seguem normal nas unidades da autarquia, com exceção dos exames médicos e psicológicos.

Defasagem

Os médicos credenciados junto ao Detran-GO reivindicam a correção dos valores pagos pelos exames realizados, que estão congelados há nove anos. Atualmente, os profissionais recebem R$ 90 por exame médico comum, e com a atualização solicitada, esse valor subiria para R$ 159,71. No caso dos exames para Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC), o valor passaria de R$ 60 para R$ 106,48.

Além disso, a atuação dos médicos em juntas médicas teria o valor reajustado de R$ 150 para R$ 266,19. Já na junta técnica, o pagamento atual de R$ 108 subiria para R$ 191,66, conforme cálculos apresentados pela categoria com base na inflação acumulada no período.

Os psicólogos, que também participam da paralisação, propõem correções similares. O exame psicológico comum, hoje fixado em R$ 100, passaria a R$ 177,46. Para a ACC, o valor atual de R$ 65 seria reajustado para R$ 115. Já a atuação em juntas subiria de R$ 135 para R$ 239,57.

Negociações

Na segunda-feira, 14, o governador em exercício, Daniel Vilela (MDB), participou de negociações com representantes da categoria no Palácio Pedro Ludovico Teixeira. Na ocasião, ele disse que irá analisar as pautas e solicitações das categorias a respeito por meio de sua equipe técnica. Uma nova reunião está agendada para sexta-feira, mas com representantes da Secretaria Estadual de Administração (Semad) dessa vez.

Ambas as categorias consideraram a reunião como positiva e Vilela ainda se colocou à disposição para elaborar um decreto para encerrar as disparidades e falta de correção anual. Também será encaminhado ao Governo de Goiás questões envolvendo os índices para verificar de qual fonte vão sair os valores ou empenhos para os pagamentos.

Nota Detran-GO

“Detran-GO se opõe à paralisação de médicos e psicólogos credenciados

O Detran-GO informa que os médicos e psicólogos credenciados paralisaram os atendimentos nos dias 15 e 16 de julho. O ato ocorreu um dia após reunião das associações de classe com o presidente da autarquia, na qual foi aprovado o prazo de 30 dias para que fossem apresentadas propostas.

O Detran-GO ressalta ainda que sempre manteve canal aberto de diálogo com as entidades representativas, que por diversas vezes foram recebidas pela diretoria.

A categoria reivindica aumento no valor da consulta, paga diretamente aos profissionais, e melhores condições de trabalho. O aumento no valor da consulta impacta diretamente no custo da CNH para a população, o que é considerado inaceitável.

A cada atendimento, o médico recebe R$ 90, pagos diretamente a ele pelo cidadão. Mesmo com carga horária reduzida (6h diárias ou 4h30 no Vapt Vupt), há casos de médicos que faturam até R$ 38.070 por mês, somando R$ 228.420 apenas no primeiro semestre de 2025.

Já os psicólogos recebem R$ 100 por atendimento. O pagamento também é feito direto ao profissional. Nos últimos seis meses, um psicólogo de Aparecida de Goiânia, por exemplo, recebeu R$ 19 mil de candidatos à habilitação encaminhados pelo Detran-GO.  Cabe ressaltar que esses profissionais são credenciados, portanto, não são exclusivos e podem estabelecer sua própria carga horária.

A média diária de exames médicos no Estado é de 1.958 procedimentos, sendo 485 em Goiânia. A estrutura de trabalho nas unidades públicas inclui salas climatizadas e privativas, e nas clínicas, a infraestrutura é particular.

Mesmo com a paralisação, o atendimento nas unidade do Detran-GO continuam normalmente, com postergação apenas dos exames médicos e psicológicos”.

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