Caiado defende Lei Antifacção e volta a criticar PEC da Segurança: “Tentativa de centralização das forças policiais”
04 novembro 2025 às 13h30

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O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB) defendeu medidas mais “duras” no combate ao crime organizado e criticou o que chamou de “tentativa de centralização” das forças policiais por parte do Governo Federal. Segundo o governador, a proposta representava uma ameaça à autonomia dos estados. Ao mesmo tempo, ele prometeu que Goiás atuará “fortemente” na aplicação da nova lei que endurece o combate a organizações criminosas.
“Essa PEC (da Segurança Pública) é uma farsa. O Governo Federal queria ter o comando de todas as polícias do Brasil”, afirmou Caiado em entrevista coletiva, ao comentar a proposta que pretende integrar e padronizar a atuação das forças de segurança em todo o país. “A máscara caiu e a população quer segurança, (cerca de) 60% (das pessoas) não quer viver sob a tutela de faccionados”, acrescentou.
Ao mesmo tempo, o governador também defendeu o texto do Projeto de Lei Antifacção, que prevê mais força ao governo para repressão contra organizações criminosas. A expectativa é de que o Governo Federal envie para o Congresso Nacional analisar em regime de urgência.
“Vamos atuar fortemente nessa lei”, ressaltou Caiado, ao defender medidas mais rígidas contra integrantes de facções criminosas. “Saidinha para faccionado não vai existir. Visita íntima, zero. Audiência com advogado, todas gravadas. Facção é caso de terrorismo. Quem for reincidente não terá mais audiência de custódia e vai direto para a cadeia”.
Caiado também contou aos jornalistas que conversou, na manhã desta terça-feira, com outros governadores, senadores e deputados sobre o posicionamento que deverão tomar diante à PEC da Segurança Pública e o Projeto de Lei Antifacção.
Críticas
Caiado fez críticas ao Governo Federal e associou o Partido dos Trabalhadores (PT) à leniência com o crime organizado. “O PT gosta das facções, convive bem com elas. É o que se vê na Bahia, no Ceará e agora no Rio de Janeiro”, afirmou.
O governador também criticou decisões judiciais que, segundo ele, teriam dificultado a atuação policial no Rio de Janeiro. “Uma decisão judicial criou no Rio uma área de livre mercado do crime. O cidadão ficava imune à ação policial”, disse.
Ao mesmo tempo, ele relatou que a Polícia Civil de Goiás (PCGO) monitorava criminosos ligados a facções que estavam abrigados no Rio de Janeiro. “A polícia de Goiás monitorava 47 membros do Comando Vermelho dentro do Morro do Alemão e não podia entrar. Eles mandavam matar aqui, distribuíam drogas, e isso acabou agora com a operação. O Rio foi penalizado porque os chefes migraram pra lá e, de lá, davam as ordens”, contou.
Ao comparar com a realidade goiana, o governador destacou avanços na segurança pública goiana. “Hoje, o cidadão em Goiás anda livre. Por exemplo: 4h da manhã, após um show do Gusttavo Lima, todo mundo estava comendo nos pit dogs da Rua 10, com o celular sobre a mesa. Isso, em outro estado, não existe”, declarou.
“Essa é uma cultura que mudamos aqui. Desde o início do meu governo, estipulei aquele mandamento número um: ‘ou o bandido muda de profissão ou muda de estado’. O crime não pode ser tratado como profissão nem ter conivência do poder público. Há quem mude de estado, mas não mude de profissão, e esse será um dos grandes desafios quando eu assumir a Presidência”, afirmou Caiado.
Sistema prisional e ressocialização
Ainda na entrevista, o governador ressaltou que Goiás é referência nacional em segurança pública e na reestruturação do sistema prisional. Ele lembrou que, antes de sua gestão, as unidades eram marcadas pela desordem e pelo domínio do crime organizado. “Quando a ministra Cármen Lúcia era presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), não pôde entrar em um presídio de Goiás. Era um caos: drogas, armas, prostituição, telefone. Hoje, tudo mudou”, afirmou.
Segundo ele, Goiás investiu na criação de espaços produtivos dentro das unidades prisionais, em parceria com a iniciativa privada. “Os presídios são limpos, com galpões onde empresas instalam oficinas, marcenarias, confecções. O preso que quer se ressocializar sai dali empregado”, disse.
Caiado contou ainda que o modelo goiano despertou interesse internacional, citando a visita do embaixador de El Salvador, que veio conhecer a experiência recentemente.
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