Um ano após sua morte, Iris Rezende carrega legado de democrático e de pacificador
09 novembro 2022 às 16h52

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Nesta quarta-feira, 9, completa um ano da morte do ex-governador de Goiás e ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende Machado. Durante esse período já expôs o quão desfalcada está a política goiana. O político, que tinha 87 anos, não resistiu a complicações de um AVC sofrido no dia 6 de agosto de 2021: na data, ele foi caminhando até o Instituto Neurológico de Goiânia, na Avenida T-7, alegando se sentir nauseado. Dias depois foi transferido para São Paulo, local onde permaneceu internado até sua morte.
Agora, o político, que foi quatro vezes prefeito da capital e que se aposentou da vida pública apenas em 2020, aos 86 anos, acumula diversas homenagens póstumas. Iris dá nome ao plenário da nova sede da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) e também ao viaduto no cruzamento da Avenida Goiás Norte com a Avenida Perimetral Norte.
Muito já foi dito e ainda será dito sobre Iris Rezende, mas o fato concreto é que pouquíssimos políticos brasileiros conseguiram ficar relevantes por mais de 60 anos consecutivos. Iris conseguiu ser relevante até no período em que foi cassado pela Ditadura Militar, quando sua atuação como advogado era acompanhada e comentada de perto por toda Goiânia. Sua cassação o colocou como símbolo da democracia em Goiás.
Sua maior marca, além do apogeu por seis décadas, foi estar sempre à frente de seu tempo. Avesso a modinhas, Iris sempre focou na verdadeira modernidade. Como administrador, sempre viu além, geralmente quilômetros à frente
Para Andrey Azeredo, Iris Rezende carrega o legado de democrata e pacificador. “Ele sempre buscou o diálogo e melhorar a vida dos menos favorecidos. Nesse momento de turbulência, a ausência de Iris faz muita falta. Teríamos divergências pontuais, mas o ex-prefeito teria habilidade para apresentar projetos de Estado”, frisa ao Jornal Opção.
Não é à toa que Iris ficou conhecido no Brasil todo por várias gerações, provavelmente o único goiano com esse status. Não é à toa que Iris foi duas vezes ministro, uma vez da Agricultura e uma vez da Justiça. É pela força como gestor e também pelo peso político. Iris, aliás, nunca viu antagonismo entre gestão técnica ou gestão política. Uma é base para a outra funcionar – em mão dupla.
Última homenagem
Nesta terça-feira, 8, um busto em sua homenagem foi descerrado na Alego com a presença do prefeito Rogério Cruz, do governador Ronaldo Caiado e do presidente da casa, Lissauer Vieira.
“Aprendi muito com ele. Iris Rezende tinha uma sabedoria própria. Era um instinto, um dom que Deus lhe deu. Era algo que ele tinha: um carisma que atraía as pessoas no lugar onde ele chegava”, afirmou o governador. “É um orientador político, uma pessoa que fez história não só em Goiás, mas no Brasil todo”, completou.
“Sua vida foi grandiosa demais para não ser sempre lembrada”, declarou Ana Paula Rezende, filha de Iris, que também esteve presente na solenidade. “Essa homenagem reforça a importância da política feita por vocação, por espírito público. Mostra que é um caminho que vale a pena”, disse.
Já nesta quarta-feira, a igreja Matriz de Campinas celebra uma missa de ação de graças às 19h em memória de Iris com a participação da Orquestra Sinfônica de Goiânia.
Biografia
Nascido em 22 de dezembro de 1933, na cidade de Cristianópolis, Iris iniciou a carreira política na década de 1950, como líder estudantil, presidente do Grêmio Literário Castro Alves da Escola Técnica de Campinas e do Grêmio do Colégio Lyceu de Goiânia. De 1959 a 1962, cumpriu seu primeiro mandato público, como vereador da capital goiana. No último biênio exerceu, inclusive, o cargo de presidente da Câmara Municipal.
Em seguida, foi eleito deputado estadual da 5ª Legislatura do Parlamento goiano, em 1963, pelo então PSD, extinto posteriormente pela Ditadura Militar. Líder do Governo Mauro Borges, foi eleito nos dois últimos biênios de mandato como presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Na época, comandou, ainda, a eleição indireta do marechal Emílio Ribas Júnior ao governo de Goiás.
Em 1965, filiou-se ao MDB, partido pelo qual foi eleito, no mesmo ano, prefeito de Goiânia. Seu mandato, entretanto, foi cassado em outubro de 1969 pela Ditadura Militar, que também suspendeu seus direitos políticos por dez anos. Durante o período, trabalhou como advogado criminalista.
Com o fim da ditadura, retornou à vida pública em 1982, quando foi eleito governador do Estado. Já em 1986, tornou-se ministro da Agricultura, nomeado pelo então presidente José Sarney. Quatro anos depois, foi eleito novamente governador por Goiás. O novo mandato foi cumprido de 1991 a 1994. Em seguida, se elegeu senador, tornando-se, também, presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) do Senado Federal. Em 1997, no entanto, licenciou-se do mandato para assumir o Ministério da Agricultura.
Já em 2005, foi eleito novamente prefeito de Goiânia, reeleito quatro anos depois, em 2008. Com o intervalo de uma gestão, Iris voltou à chefia do Executivo municipal em 2016. Ao fim do mandato, no ano de 2020, despediu-se também de sua carreira política, de forma oficial.
