O prefeito Sandro Mabel (UB) minimizou o parecer do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) contrário à prorrogação do decreto de calamidade financeira em Goiânia. Durante a prestação de contas na Câmara Municipal de Goiânia nesta quinta-feira, 29, o chefe do Executivo afirmou que sua administração seguirá com “espírito de calamidade”. Ao mesmo tempo, destacou os números de sua gestão pautada na austeridade, incluindo um superávit de R$ 705 milhões.

“Se a Assembleia (Alego) aprovar ou não, se o Tribunal de Contas vai aprovar ou não, pouco importa. Nós vamos tocar a cidade com espírito de calamidade”, disse Mabel, em entrevista coletiva. “Começamos o ano com um déficit de R$ 900 milhões e fizemos superávit. Como? Diminuindo despesas. Aumentamos a arrecadação também, cobrando de quem não paga. Esse é o segredo. Eu não vou aumentar imposto, mas vamos cobrar, e todo mundo vai pagar”, afirmou.

O prefeito também ressaltou as dificuldades em quitar toda a dívida acumulada. “Se o município fosse pagar toda a dívida, isso teria que ser dividido em 40 meses, o que daria mais de R$ 100 milhões por mês. É impossível pagar isso quando a cidade investe, em média, de R$ 250 a R$ 300 milhões por ano”, explicou.

Segundo Mabel, o Tribunal não reconhece a gravidade da situação porque muitas dívidas teriam sido lançadas fora da contabilidade oficial. “Por exemplo, no IMAS, tínhamos R$ 5 milhões em restos a pagar, mas R$ 260 milhões em dívidas com fornecedores que já prestaram serviços, entregaram insumos e precisam receber”, pontuou.

O prefeito ainda foi questionado a respeito do gastos em eventos durante durante o decreto de calamidade. Por exempla a vereadora Aava Santiago (PSDB) apresentou imagens comparando os valores de shows da Pecuária com o investimento comparável que poderia ser feito em áreas como educação e saúde.

Resgate de recursos

Durante a apresentação, o prefeito também mencionou que a participação de Goiânia no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) caiu 16% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Ele estima que a capital tenha aproximadamente R$ 1,7 bilhão “usurpados”, segundo sua avaliação.

“Também não estamos tomando o devido cuidado com a cota-parte do ICMS. Goiânia está sendo escoada no ICMS. O secretário da Fazenda, Valdivino de Oliveira, dizia que, alguns anos atrás, tínhamos 28% da cota-parte. Hoje temos apenas 13%. Vamos entrar na Justiça, a ação já está preparada. Vamos buscar não só melhorar a cota atual, mas também recuperar o que foi perdido no passado”, garantiu o prefeito.