O prefeito Sandro Mabel (UB) defendeu a proposta de restringir a circulação de motocicletas exclusivamente aos corredores de ônibus nas vias onde essas faixas estiverem implantadas, conforme revelado pelo Jornal Opção. No entanto, para um especialista ouvida pela reportagem, o plano pode ser inviável a se levar em conta a imprudência de alguns motociclistas no trânsito.

“É uma ideia sem sentido”, considerou o professor e especialista em trânsito do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), Marcos Rothen. “Qualquer tentativa de organizar o trânsito com espaços exclusivos para motos não funcionou, São Paulo, por exemplo, já tentou implantar faixas exclusivas para motos, mas a medida falhou. Em vez de reduzir os acidentes, a mudança frequente de faixas por parte dos motociclistas acabou agravando o problema”, criticou.

Segundo o professor, um dos principais motivos para o fracasso dessas medidas é o comportamento dos condutores de motocicletas no trânsito. “Os motociclistas tendem a agir de forma ‘rebelde’: saem das faixas, fazem zigue-zague entre os carros e, embora possam utilizar os corredores, muitos circulam de um lado para o outro, o que aumenta o risco de acidentes”, afirmou.

Caso a medida ocorra, Rothen ainda exemplificou uma das situações perigosas que podem ocorrer no trânsito de Goiânia. “Se a moto estiver em uma faixa exclusiva e um ônibus parar à frente, o que ela vai fazer? Vai esperar o ônibus sair ou tentar mudar de faixa? Essa mudança de faixa é extremamente perigosa, e muitos motociclistas a fazem com pouca atenção”, apontou o professor.

O docente do IFG ainda contou que conversou com colegas especialistas e todos não consideram a ideia viável. Ao mesmo tempo, ele sugeriu que educação no trânsito e fiscalização para aumentar a segurança e melhorar o fluxo de trânsito em Goiânia.

“Muitos motociclistas compram uma moto sem nunca terem recebido qualquer orientação sobre regras de trânsito e segurança, e os reflexos disso são trágicos. Por exemplo, as motos não podem circular na velocidade que quiserem – a cidade impõe limites, e a pressa não justifica colocar vidas em risco. Por isso, a educação deve começar cedo, ainda na infância, para que as regras de trânsito sejam compreendidas desde o início”, defendeu o docente.

Medida

Conforme antecipou o Jornal Opção, Mabel defende a proposta para aumentar a segurança e melhorar a fluidez do trânsito. Ele afirmou que as motos ocupam de 12% a 18% do espaço viário e que sua retirada das faixas comuns ajudaria a organizar o tráfego. Além de rebater críticas sobre o risco de acidentes, alegando que, em sete meses de liberação das motos nos corredores, não houve ocorrências graves.

O plano anunciado pelo prefeito seria iniciar a fiscalização através campanha educativa para orientar os motociclistas sobre os riscos do tráfego entre carros e os benefícios da mudança. O projeto para a mudança ainda não começou a ser elaborado pela Secretaria de Engenharia de Tráfego.

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