Feirantes fazem manifestação em Goiânia e interditam trecho da rua 44

19 setembro 2023 às 10h33

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Feirantes fizeram uma manifestação, na manhã desta terça-feira, 19, na Região da 44 e interditaram trecho da rua 44. Eles pedem pelo funcionamento da Feira Hippie às sextas-feiras, são contrários aos sorteios das vagas, solicitam que os banheiros construídos sejam inaugurados e questionam construção de estacionamento para galerias. A manifestação pretende avançar até à Câmara Municipal, onde eles pedirão apoio dos vereadores para atender essas demandas.
De acordo com Wellington Caetano, membro da associação de feirantes, o combinado com a prefeitura era de que fosse feito o sorteio das vagas ociosas, e não daquelas já ocupadas. “Não faz sentido tirar uma pessoa que está numa banca já trabalhando para colocar outra pessoa naquele local. É essa a nossa indignação”, afirmou.

Walter de Oliveira Borges, 73 anos, que trabalha há mais de 20 anos na Feira Hippie com jeans afirma que já construiu sua clientela no local. Ele relembra que já sofreu prejuízos quando a prefeitura fez alteração quando transferiu aqueles das quadras E e M, para a I, e que agora estava começando a se reerguer. “Aí agora que começou a melhorar já querem bagunçar de novo? A Prefeitura está querendo beneficiar alguém?”, expressou Waltinho.
Waltinho denuncia ainda que os banheiros estão prontos, mas não são inaugurados. “Não sei o que passa na cabeça desse povo da prefeitura. Banheiro tudo aí, prontinho, para inaugurar, mas nunca inaugura”, reclamou indigado.
Outra feirante que participou da manifestação, Carlizânia Rosa da Silva Braga, 49 anos, conta que trabalha na feira há 22 anos. Ela mostra o edital da Feira Hippie e diz que os feirantes estão sendo compelidos a assinar pelo sorteio. “Estão querendo obrigar os feirantes a participar do sorteio. Ou você assina pelo sorteio e preenche lá a folha ou você perde o seu direito de trabalhar”, afirmou.
O Jornal Opção busca respostas da prefeitura de Goiânia sobre a situação. A Secretaria Municipal do Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec) explica que o sorteio será para garantir igualdade de direitos na localização dos feirantes. Além disso, diz que o órgão está regularizando a situação dos trabalhadores das feiras.
Confira a nota na íntegra:
“A Sedec esclarece que apenas os feirantes que estavam trabalhando na Rua 44 foram autorizados pela Prefeitura a partir de dezembro de 2022 a montar suas bancas na Praça do Trabalhador, cerca de 900 feirantes. Os demais estão trabalhando no local sem autorização da Prefeitura e deverão aguardar o sorteio para a alocação das bancas. Sendo que os sorteios se dará nos pontos onde houver conflitos de interesse.
O sorteio, onde necessário, está de acordo com o Edital de Convocação nº 001/2023 e nº 002/2023 em acordo com o Decreto 2835/2014, e é a forma de garantir igualdade de direito entre os feirantes na localização da sua banca dentro da praça e será realizado de forma transparente, sendo acompanhado por órgãos fiscalizadores.
As bancas, que atualmente estão montadas na Praça do Trabalhador, não estão de acordo com a Planta Cadastral da Sedec e serão montadas após a definição conforme estabelecido pela Prefeitura. A Sedec está iniciando o processo de regularização das feiras livres e especiais de Goiânia, começando pela Feira Hippie, que é a maior, e as demais serão reajustadas posteriormente”.
Interdição da pista
Para interditar a pista, os manifestantes colocaram fogo em pneus. O Corpo de Bombeiros esteve no local e já controlou a situação. Confira o vídeo:
História da Feira Hippie
Há mais de cinco décadas, a Feira Hippie é um marco tradicional em Goiás. São quase três mil feirantes provenientes de Goiás, Tocantins e Pará que se dedicam a essa emblemática feira. Nos últimos três anos, os feirantes dizem que têm enfrentado e denunciado os desafios e a negligência vindos por parte da prefeitura de Goiânia. Em 2019, a feira foi deslocada de sua localização histórica na Praça do Trabalhador devido às obras iniciadas pela prefeitura na praça. E, no final de 2022, antes que as obras fossem concluídas, a prefeitura tomou a decisão de realocar novamente os feirantes de volta à Praça do Trabalhador.