O endividamento das famílias goianienses voltou a crescer e atingiu 71,8% em setembro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O percentual representa um leve aumento em relação a agosto (71,6%) e é significativamente superior ao registrado no mesmo mês do ano passado (64,7%).

Segundo o levantamento, 16,4% dos entrevistados se consideram muito endividados, enquanto 29,2% afirmam estar pouco endividados. Apenas 28,2% disseram não ter dívidas. Entre as famílias com renda de até dez salários mínimos, a taxa de endividamento sobe para 73,1%.

O relatório alerta para os efeitos sociais e econômicos do endividamento elevado. A incapacidade de pagar dívidas pode levar à exclusão financeira, ao aumento de problemas psicológicos e familiares e à redução do consumo, o que afeta diretamente o crescimento econômico.

O cartão de crédito segue como o principal motivo de endividamento dos goianienses, mencionado por 64,9% dos entrevistados. Em seguida aparecem carnês de lojas, crédito pessoal, financiamento de veículos e financiamento imobiliário.

A pesquisa mostra que 56,9% dos endividados têm contas em atraso, o que corresponde a 40,8% do total de entrevistados. O tempo médio de atraso é de 70 dias, e mais da metade está inadimplente há mais de três meses. Além disso, mais de um quinto das famílias declararam que não conseguirão pagar suas dívidas no próximo mês, e entre os inadimplentes, mais da metade afirmaram não ter condições de quitar os valores devidos.

Entre os endividados, aqueles com até 10% da renda comprometida são 36,2%. A maior parte (53,7%) tem entre 11% e 50% da renda comprometida. Os que tem mais de metade da renda comprometida são 9,9%. A maior parte (55,2%) tem dívidas há mais de três meses. Aqueles que têm contas em atraso entre 30 e 90 dias são 31,3%. Os que tem contas em atraso há menos de 30 dias são 13,6%. O tempo médio de atraso no pagamento das dívidas entre os goianienses é de 70 dias.

Mais de metade (54,1%) afirmou que não tem condições de pagar as dívidas em atraso. Os que podem pagar parcialmente são 35,5%. Os que podem pagar totalmente suas dívidas são 10,2% (19,1% dos que ganham mais de 10 salários mínimos podem pagar totalmente suas dívidas).

“Dada a importância das consequências econômicas e sociais do endividamento das famílias é crucial acompanhar a tendência do endividamento e proceder a um estudo sistemático da natureza e dimensão do mesmo. Com efeito, o endividamento põe em questão o equilíbrio orçamental do indivíduo ou dos seus agregados familiares, com importantes implicações sociais e psicológicas, como a marginalização e a exclusão, problemas psíquicos, alcoolismo, dissolução das famílias, perturbações da saúde física e mental dos filhos das famílias endividadas etc”, se lê no documento, ressaltando os efeitos do endividamento das famílias dentro da economia.

Leia a pesquisa na íntegra.