Após críticas, Câmara não vota aporte financeiro de R$ 68 milhões para a Comurg

16 novembro 2023 às 14h52

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O projeto do socorro financeiro de R$ 68 milhões para a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) não entrou em votação nesta quinta-feira, 19, na Câmara Municipal. Entretanto, alguns vereadores estão questionando o destino do montante, eles pedem que a Prefeitura esclareça ponto a ponto onde a quantia será investida. Ao mesmo tempo, eles levantaram desconfianças para a forma que a matéria está tramitando.
Para a vereadora Gabriela Rodart (PTB), sem a apresentação e discussão de um planejamento para o uso dinheiro, não há possibilidade de votar um aporte para a empresa. A parlamentar ainda lembra uma outra tentativa de aporte de crédito de R$ 30 milhões no final do ano passado. Na época, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) pediu para que o projeto fosse retirado de pauta, após polêmica na Casa.
“Em dezembro de 2022, com três dias para o recesso, a Câmara trabalhou para aprovar um aporte de crédito de R$ 30 milhões para a Comurg. O que mudou de lá para cá? Nada, absolutamente nada e Goiânia se tornou a ‘capital do lixo’”, alerta a vereadora. Em seguida, ela afirmou que faria um pedido de vistas, caso a matéria fosse incluída na votação.
Segundo Rodart, um socorro financeiro para a companhia pode ser importante, mas ela ressalta que é necessário responsabilidade fiscal. Ela pontua que dinheiro não é a solução final para os problemas, mas sim planejamento.
No mesmo sentido, o vereador Paulo Magalhães (União Brasil) reforçou a necessidade do Paço Municipal fornecer as informações sobre o dinheiro aplicado. Caso contrário, ele considera que qualquer socorro financeiro seria “jogar dinheiro no ralo”. “A Comurg deve cerca de R$ 1,3 bilhão, esse valor do aporte é só uma gotinha dentro do oceano”, ressalta.
Já o vereador Wellington Bessa (PSC) ressaltou que os problemas financeiros na empresa pública estão aumentando com o decorrer dos anos. Ele defendeu a aprovação imediata do socorro financeiro com a justificativa de não parar os serviços prestados pela companhia. Só que ressaltou que solicitará ao presidente da Comurg, Alisson Borges, as informações sobre o uso do dinheiro.
Em resposta ao uso do dinheiro, Bessa ressaltou que R$ 35 milhões seriam utilizados para quitar dívidas envolvendo equipamentos e veículos utilizados pela companhia. Anteriormente, o líder do prefeito na Casa, Anselmo Pereira (MDB), pontou que R$ 15 milhões seriam redirecionados para uma dívida com o Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Municipais de Goiânia (IMAS). O restante seria para outros débitos diversos, incluindo déficits fiscais e trabalhistas.
Controle do dinheiro
Os vereadores também aprovaram um requerimento apresentado pela vereadora Kátia Maria (PT) sobre a questão do controle do socorro financeiro. Segundo o documento, a Controladoria Geral do Município (CGM) e Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) precisam esclarecer a respeito do aporte. Não só a respeito do direcionamento, mas também da origem do montante que será utilizado.
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