Câmara de Goiânia: vereador tira paletó para provar que não portava arma

03 novembro 2022 às 15h31

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A sessão ordinária desta quinta-feira, 3, no plenário da Câmara Municipal de Goiânia foi suspensa por duas vezes e acabou finalizada por falta de quórum por conta de confusão envolvendo acusações mútuas sobre uso de arma de fogo entre os vereadores Clécio Alves (Republicanos) e Sargento Novandir (Avante). A discussão teve início por divergências sobre o projeto que altera o nome da Avenida Castello Branco. Durante a confusão, vereador Novandir chegou a tirar o paletó e apalpar a calça para mostrar que não portava arma de fogo.
O vereador Sargento Novandir usou o plenário para criticar a condução de Clécio Alves como presidente interino da Câmara. O parlamentar acusou o colega de punir os pares contrários às matérias de interesse dele. No momento em que disse que passou a vida combatendo “ladrão” e “bandido”, Clécio interrompeu o discurso e suspendeu a sessão.
“Clécio Alves se acha dono da Câmara Municipal. E da maneira como articula acho que é mesmo. O Clécio Alves assusta vereadores. Só que esse Sargento Novandir aqui passou a vida inteira em guerra! Combatendo ladrão, trocando tiro”, disse.
O presidente interino respondeu: “O senhor está me chamando de ladrão? Vossa excelência se atente ao projeto, me respeite!”
“Não, o senhor está interpretando errado. Mais uma vez que o senhor mente e engana”, rebateu Sargento Novandir.
“Mentiroso é o senhor!”, respondeu Clécio. “Corta o som do vereador. A sessão está suspensa. Isso não é casa desse imbecil, não”, continuou.
Arma
Na volta da sessão, a discussão continuou após Sargento Novandir pedir questão de ordem. Ele reforçou críticas diretas a Clécio Alves e o acusou de beneficiar vereadores que são próximos a ele, não concedendo pedido de vistas e questão de ordem. Além disso acusou Clécio Alves de dizer que foi ameaçado de morte.
“Deixa de ser mentiroso, ninguém falou que vai te matar não. A gravação está aí”, chegou a dizer Norvandir.
Clécio Alvez interrompeu o discurso novamente e chamou Novandir de “lunático”, “louco” e “doido”, mas disse que o colega estaria novamente armado dentro do plenário, o que é proibido pelo regimento, e pediu para mostrar a arma na cintura.
Novandir pediu novamente questão de ordem e rebateu acusações de estar armado na casa legislativa.
“Vereador Anselmo [Pereira, que conduzia a sessão no momento], eu vou à frente do senhor e mostrar que não estou armado. Olhem bem todos que estão aqui, que o vereador não está armado e o Clécio Alves é um mentiroso”, bradou.
Anselmo Pereira disse que o colega não precisava mostrar que não estava armado por ter fé pública.
Novandir então tirou o paletó e mostrou e simulou em si mesmo uma abordagem policial em busca de armas.
A sessão foi novamente suspensa. Na volta, o presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota), assumiu a condução da sessão. Ele chegou a dar 5 minutos do partido para nova fala de Novandir e logo depois encerrou a sessão por falta de quórum.
Respostas
Em nota, a assessoria de imprensa do vereador Clécio Alves informou ao Jornal Opção que não irá se posicionar a respeito deste assunto.
Em nota, a equipe do vereador Sargento Novandir lamenta a atitude do colega. “O Vereador Clécio Alves com toda sua soberba, utilizando do cargo de vice-presidente, todos os dias tem passado por cima de tudo e de todos”.
O vereador explica que sem argumentos para o atacar, o vereador Clécio acusou-lhe de estar armado na sessão plenária e, segundo ele, provou mais uma vez que o debate dele é democrático, mesmo sendo policial e tendo direito de estar armado. “Diante de todos mostrei que não estava armado calando mais uma vez o caluniador. Não aceitarei que tentem nos calar, continuarei lutando pelo que acho certo”.
Apesar de não subestimar o legado do ex-prefeito Iris Rezende, Sargento Novadir frisa, no entanto, que o projeto vai gerar um prejuízo irreparável a todos os comerciantes da via, e que inclusive são contra a mudança. “Não está sendo pautado a relevância do nome Castelo Branco ou Iris Rezende, mas sim o impacto ao comércio local e a toda região pela mudança do nome da via, devido a todos os trâmites burocráticos e tradição”, conclui.