Em uma situação de sensação de perigo iminente, a maior dificuldade é agir com frieza em vez de entrar em pânico. Muitos dos afogamentos seriam evitados se a vítima não se desesperasse e, em vez disso, mantivesse o controle – estudos indicam que, pasmem, pelo menos metade dos que se afogaram sabiam nadar, mas foram vencidos pelo pavor.

Mas esse pequeno preâmbulo é para falar, na verdade, da onda de terrorismo espalhada por mensagens e vídeos em redes sociais sobre supostos ataques a escolas que teriam data e até local para acontecer nas próximas semanas.

Em Goiás, o efeito manada ganhou ainda mais corpo por conta do atentado com faca a três colegas por um adolescente de 13 anos, em Santa Tereza, no norte do Estado, a 370 quilômetros de Goiânia. Ninguém ficou gravemente ferido, mas é outra ocorrência assustadora para as estatísticas.

Mas, parando para respirar e pensar: ainda que o Brasil seja um país de gente criativa até para coisas ruins, nunca houve, nem aqui nem país algum, ataques em massa a escolas por parte de criminosos.

Outra questão importante: a não ser em seus grupos fechados – para se destacar ou até serem encorajados à ação –, os eventuais cometedores desse tipo de crime não costumam alardear o que farão.

Os áudios que estão sendo divulgados são inverossímeis com o comportamento dos grupos sob monitoramento, segundo autoridades e especialistas. O que parece haver na massificação de anúncios de massacres, após os terríveis casos de março em São Paulo e de abril em Blumenau, é algo entre a pura trollagem e a preparação de golpes por parte de grupos organizados de criminosos (não necessariamente de organizações criminosas, diga-se).

No fim, o que esse tipo de terror faz e quer é causar a imobilização de pais, alunos e educadores. Talvez por pura maldade, por um desafio de paralisar o trabalho e o estudo de centenas ou milhares de pessoas em uma unidade de ensino, ou em várias delas. Quem sabe, parar uma cidade inteira, ou fazê-la remanejar seu contingente policial praticamente em um desvio de função. Talvez provocar isso seja estratégico para o cometimento de outros crimes ou talvez seja apenas uma forma de mostrar poderio diante de outros grupos infratores.

De toda forma, é uma pena. Um país que já está com a educação básica em frangalhos, depois do prejuízo causado pela pandemia, agora precisa superar o medo de outra praga.