Roberto Naves: “Garantimos o crescimento de Anápolis pelos próximos 20 anos”

20 agosto 2023 às 00h01

COMPARTILHAR
Euler de França Belém, Italo Wolff e Ton Paulo
O prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), se transformou em um político de nível estadual. Tendo vencido as duas únicas eleições que disputou, Naves passou a participar também das articulações fora de seu município. Além da capacidade de jogar o jogo, foi reconhecido como gestor competente, ao transformar a cidade com o segundo maior Pib de Goiás em um canteiro de obras.
Nesta entrevista ao Jornal Opção, naves detalha o plano Anápolis Investe, que já empenhou R$ 700 milhões em obras em diversas áreas e fala sobre os rumos da cidade. O prefeito garante que os principais problemas – saúde, energia e drenagem urbana – foram atacados e que, quando as obras forem concluídas, o município passará anos sem ter problemas. Naves comenta ainda o cenário político para as eleições de 2024 e a sucessão em Anápolis.
Ton Paulo – Se especula sobre a possibilidade de o senhor deixar o PP por conta do embarque do partido no governo Lula (PT). Há mesmo a intenção de ir para o PL se o partido passar a integrar a base do governo federal?
Não procede. A relação que tenho com Alexandre Baldy, presidente estadual do PP, e que tenho com o presidente nacional do partido, Ciro Nogueira, são relações muito fortes. A posição do partido no estado de Goiás é de oposição ao governo do PT. Estou plenamente satisfeito com essa postura do PP.
Ser uma pessoa de direita em Anápolis, ter derrotado o PT em três eleições, isso tudo implica em fazer oposição ao governo de Lula. Se algum membro do partido Progressistas quiser participar do governo, tem de ir por vontade própria, usando o próprio CPF, não em bloco com o partido. Deixei essa posição clara ao presidente Ciro Nogueira.
Euler – Procede que Anápolis vai perder R$ 60 milhões por ano com a reforma tributária?
Isso é só o começo. A reforma tributária, da forma com que foi colocada pela Câmara de Deputados, atrapalha muito nosso estado como um todo. Não apenas o município de Anápolis, mas também o de Rio Verde e outros podem perder R$ 60 milhões até o ano de 2030, caso a proposta não seja adaptada no Senado.
Mas eu ressalto que problema não é apenas o que se perde, e sim o que se deixa de ganhar. A cidade perde arrecadação e os grandes produtores se empobrecem. A qualidade dos serviços diminui. O governador Ronaldo Caiado (UB) está sendo muito correto em sua luta por alguns pontos da reforma tributária. Além de reduzir a arrecadação, a reforma impede a atração de novas empresas.
Tenho trabalhado nesse tema com o senador Wilder Morais (PL) e como com o senador Vanderlan Cardoso (PSD), para que eles possam fazer alterações necessárias no Senado para que Anápolis perca o mínimo possível.

Italo Wolff – Como exatamente Anápolis perde com a reforma tributária? É uma cidade de médio porte, que tem um mercado consumidor considerável, capaz de recolher esse IVA.
Mas é uma cidade com muitas indústrias também. Pelo modelo do ICMS, existe arrecadação sobre a produção. A partir do momento que se propõe a unificação dos impostos no momento do consumo, se desonera a indústria e isso prejudica Anápolis, que é altamente produtiva. A carga é repassada ao setor de serviços, que, em uma cidade de 400 mil habitantes, não é grande o suficiente para compensar as perdas.
Há ainda o problema da perda de autonomia. No sistema proposto, o conselho federal a ser criado vai gerir os impactos da perda de arrecadação pelos municípios. Se 70% do dinheiro hoje passa por Brasília, no futuro, esse índice passará a ser de 100%. Nós sabemos que esse conselho vai operar em causa dos maiores. Inevitavelmente, quem vai compô-lo é o centro, o eixo do país.
Ton Paulo – Procede a informação de que o senhor conversou com Vitor Hugo (PL) para que ele saia candidato a prefeito por Anápolis?
Eu fico muito feliz em saber que Victor Hugo tem disposição e interesse em colocar seu nome como pré-candidato em Anápolis. Foi uma sugestão minha. Acho que ele é um político qualificado e a participação dele valoriza o pleito.
Anápolis tem ótimos pré-candidatos, e acho que quanto mais pré-candidatos de bom nível nós tivermos, mais fácil será para o eleitor decidir o seu voto. Hoje, temos Leandro Ribeiro (PP), temos o Márcio Cândido (PSD) que é meu vice, temos Eerizania Freitas (Republicanos).
Em 2024, não faltarão opções. É muito ruim quando você entra para uma disputa eleitoral e as pessoas falam “vou ter que votar no menos pior”. Isso é muito ruim para a democracia. Felizmente, acredito que teremos bons nomes nessa disputa.
Euler de França Belém – O segundo mandato é frequentemente considerado fracassado. Mas em Anápolis, o município chegou a este momento com R$ 700 milhões em licitados e em execução. Como se conseguiu esse feito?
Trabalhamos na recuperação financeira da cidade de Anápolis. Pagamos os precatórios devidos que vieram de outros governos; diminuímos o déficit da previdência que era de R$ 7 bilhões para R$ 2 bilhões. Conseguimos melhorar a Capacidade de Pagamento (Capag) do município, levando ele para a categoria Capag B.
O Tesouro Nacional reconheceu toda essa evolução. Pagamos muitas contas e isso tudo fez com que o município pudesse recuperar a capacidade do investimento e, acima de tudo, a capacidade de contrair crédito. Conduzimos esse processo junto à Caixa Econômica Federal. Neste ano, demos início a projetos executivos, licitações e ordens de serviço, uma atrás da outra. Nesta quarta-feira, dou ordem ao serviço de um anel viário; na quinta-feira, tenho a ordem de serviço de uma escola; na sexta-feira, dou início a mais uma ordem de serviço para construção da Unidade de Pronto Atendimento Veterinário.
Essas obras, que estão no programa Anápolis Investe, estão a todo vapor, e estão no centro dos nossos esforços. A Prefeitura faz cerca de quatro vistorias em obras por dia. Anápolis se transformou em um grande canteiro de obras em todas as áreas: educação, saúde, esporte, mobilidade urbana e iluminação pública.
É um momento que me deixa muito feliz, porque atravessamos dificuldades com a pandemia de Covid-19 e conseguimos não perder a empolgação. Deus e a população anapolina nos deu a oportunidade de continuar trabalhando pela cidade e agora recuperamos o tempo perdido com a pandemia.
Nossa meta é garantir obras estruturantes. Adiantamos as necessidades dos próximos 20 anos. Quando as obras forem concluídas, a cidade vai ter bases seguras para poder crescer. A população, que aumentou em 60 mil habitantes nos últimos dez anos, segundo o IBGE, poderá aumentar ainda mais em condições muito melhores do que as do passado.

Euler de França Belém – E quanto aos problemas da cidade? Recebemos algumas reclamações de moradores da cidade quanto à área da saúde. O que tem sido feito para melhorar?
A saúde sempre será um gargalo, não apenas para Anápolis, mas para toda cidade que cresce aceleradamente. Como prefeito, eu não fujo da responsabilidade e nem terceirizo a responsabilidade. Eu poderia afirmar que tratamentos de alta complexidade (nossa principal demanda) é de responsabilidade do governo estadual, mas tenho trabalhado para solucionar o problema.
Quando assumi, Anápolis tinha um Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais), chamado de Cais Progresso, onde a pessoa chegava doente e saia lá mais doente ainda. A vigilância sanitária fechou esse Cais por condições insalubres de funcionamento. Havia também o Hospital Municipal de Anápolis, sem um único centro cirúrgico. O único centro cirúrgico da cidade estava ligado por um corredor ao necrotério, e cirurgias geravam infecções generalizadas com frequência. Não tínhamos hospitais e tínhamos apenas uma UPA.
Hoje, esses problemas foram resolvidos. Nós construímos um hospital novo, nós zeramos várias as filas de diversas cirurgias eletivas – hérnia, vesícula, fimose, histerectomia são alguns exemplos de filas que já foram zeradas. Hoje, nós temos três centros cirúrgicos funcionando 24 horas por dia, já temos um hospital e entregaremos o segundo hospital em janeiro de 2024.
Durante a pandemia de Covid-19, Anápolis foi uma das únicas cidades do estado de Goiás que abriu leitos suficientes para toda a população. Nenhum paciente de Anápolis precisou correr para outra cidade em busca de tratamento. Um detalhe é que 100% dos leitos durante a pandemia foram bancados pelo município.
Foi também Anápolis quem criou para todo o Brasil o modelo do “Zap da Saúde”. Hoje, todos os serviços de saúde da cidade funcionam também pelo WhatsApp. A qualquer momento, pode-se marcar consultas, cirurgias e consultar processos sem sair de sua casa, pelo celular. Na unidade de saúde do Parque Iracema, em Anápolis, instauramos a primeira Unidade Básica de Saúde com horário estendido, e o modelo hoje é um programa federal aplicado em todo o país.
O que fizemos pela saúde de Anápolis foi transformador, mas ainda existem problemas, principalmente na alta complexidade, que depende muito do Governo Federal. Entretanto, o que o Governo Federal paga aos operadores da saúde, pela tabela SUS, é extremamente deficitário. O que eles querem pagar por uma cirurgia cardíaca não é suficiente para hospitais bancarem os insumos e equipamentos.
Euler de França Belém – Na questão da segurança, algumas prefeituras fazem um trabalho de reforçar as forças policiais que são de responsabilidade do governo estadual. Há esse esforço em Anápolis?
O maior investimento do estado de Goiás na Polícia Militar acontece em Anápolis. Anualmente, repassamos R$ 10 milhões à PM por meio do banco de horas. Esse repasse serve para bancar a Força Tática Municipal. A prefeitura plotou dez caminhonetes como viaturas da polícia e, em Anápolis, além da força policial normal, pagamos e damos os equipamentos para os agentes trabalharem a mais.
Assim, aumentamos a frota e a segurança. Os índices mostram que Anápolis é a cidade mais segura do estado de Goiás hoje. Outros prefeitos diriam “isso não é responsabilidade minha, a segurança pública é responsabilidade do Estado”. Fiz isso porque entendo que é a segurança pública é uma preocupação que impacta a qualidade de vida do cidadão.
Italo Wolff – Qual proporção da arrecadação da cidade vem do Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia)? Como está o Daia 2?
Esse número é variável, mas, indiretamente, deve chegar a 50%. Além da arrecadação direta por impostos, as indústrias geram empregos, atraem a população que consome e faz girar a economia da cidade.
O Daia 2 é, na verdade, a ampliação do Daia. Trata-se de uma plataforma logística e de expansão de áreas de empresas, que já receberam essas destinações e estão fazendo investimentos. Temos, por exemplo, a Hypermarcas, com investimento de R$ 2 bilhões em ampliação de sua planta de produção. Outros exemplos são a Brainfarma, a Geolab, a Vitamedic, o Rancheiro.

Euler de França Belém – Quais os maiores obstáculos para o crescimento?
Hoje é principalmente a energia. Após a mudança da Enel para Equatorial, tivemos uma melhorada no que diz respeito à oscilação, mas precisamos de mais carga. Precisamos de mais subestações. O segundo desafio é a mão de obra qualificada. Existe tanta demanda na cidade que algumas empresas trazem ônibus cheios funcionários, que cumprem serviços e depois retornam.
Naturalmente, algumas pessoas que vêm trabalhar enxergam oportunidades na cidade, que é muito acolhedora, e acabam trazendo suas famílias para morar. Acho isso muito bom, porque mostra que as coisas estão funcionando.
Italo Wolff – Temos previsões para aumentar essa capacidade energética?
Já está melhorando. A Brainfarma fez uma subestação de energia privada. Muitas outras empresas vão pelo mesmo caminho, com fazendas de energia solar. A Equatorial também já fez uma nova subestação, mas nós ainda precisamos de outras três. As cidades industrializadas como Anápolis têm necessidade de energia que cresce exponencialmente, porque aquelas plantas funcionam 24 horas por dia.
Ton Paulo – Anápolis sempre sofreu muito com a questão dos alagamentos. Como estão as obras de macrodrenagem urbana?
Começaram nesta semana. Quando começar o período de chuvas, as obras já estarão prontas. O problema é que o plano de drenagem da cidade traz problemas de 60 anos atrás e que foram agravados com a impermeabilização do solo. Já resolvemos problemas crônicos como a erosão da Vila Formosa, as galerias contra alagamentos na Avenida Fernando Costa e na Avenida Universitária.
Outros pontos de alagamento, como o da rua Amazilio Lino, serão resolvidos de uma vez por todas com o plano de macrodrenagem. Ele está dividido em três etapas; a primeira são as obras que se iniciam agora, e a última etapa é concluída em 2025. Quando o plano for encerrado, poderemos estar seguros de que o problema estará resolvido definitivamente.
Esse problema está acontecendo na maioria das cidades, porque, antigamente, você tinha um período de chuva com longas precipitações brandas. Hoje, chove em meia hora toda a água que levava três dias para cair. O solo não tem tempo de absorver as pancadas e as galerias não tem a capacidade para drenar tanta água de uma vez. O que estamos fazendo é redimensionar as galerias pluviais e melhorar a drenagem do solo.
Nesse esforço de melhorar a drenagem, uma iniciativa de Anápolis virou matéria do Jornal Nacional. São os jardins de chuva: uma instalação que vai até o subsolo com camadas de areia e pedra intercaladas. Na seca, os jardins são apenas canteiros. Mas, nas chuvas, se transformam também em escoadouros.
Euler de França Belém – Um grupo de médicos e professores falam sobre a possibilidade de Carlos Hassel Mendes da Silva, o reitor da UniEvangélica, ser candidato. O que o senhor acha da possibilidade?
Anápolis é uma cidade interessante porque gosta de dar oportunidades para aqueles que querem. Carlos Mendes é uma pessoa extremamente capacitada; é uma pessoa extremamente comprometida com com os seus ideais. É um cara de direita que tem uma história linda na medicina. Foi secretário de saúde do Estado, no governo Maguito Vilela.
Carlos Mendes foi uma pessoa muito importante no crescimento da UniEvangélica, que é a maior empresa de Anápolis. As pessoas pensam que esse lugar no ranking é alguma indústria, mas, na verdade, a maior empresa da cidade de Anápolis é a Unievangélica.
Por tudo isso, eu o vejo como uma pessoa extremamente capacitada e torço muito para que ponha seu nome à disposição. Eu acredito que ele vai somar ao processo com seus projetos e ideias.
Euler de França Belém – Comenta-se que é praticamente impossível uma aliança entre você e o pré-candidato do MDB, Márcio Corrêa. Há uma rixa incontornável entre vocês?
Não temos problemas pessoais. Eu não tenho rixa incontornável com ninguém. Com o Márcio Corrêa, tenho desentendimento político. Ele é de um grupo político e eu sou de outro. Fomos adversários políticos por seis anos, então é uma questão improvável de ser resolvida agora, mas não é uma questão pessoal.
Italo Wolff – Vitor Hugo não é visto como um estrangeiro em Anápolis?
Acredito que está na hora de testar todo mundo, colocar todos os nomes para ver o que a cidade acha. Eu sou um estrangeiro porque sou de Porangatu. O ex-prefeito Adhemar Santillo era de Ribeirão Preto. O Gomide (PT) é de Goianésia. Todos esses exemplos moravam em Anápolis quando foram eleitos, mas Vitor Hugo pode se mudar para lá também.
Acredito que é hora de testar todos os nomes porque as pesquisas internas dos partidos para verificar as intenções de voto revelam que 80% da cidade está aguardando o surgimento de um nome.

Euler de França Belém – O ex-presidente Bolsonaro (PL) é realmente uma força determinante?
Sim. Eu acho que o Bolsonaro tem força em Anápolis porque ele tem identificação com a cidade. É um município onde são fortes as igrejas, o agro e os empresários, onde existe a Base Aérea. Quem quiser ser prefeito precisa entender isso. Existem especificidades. A cidade é extremamente cristã.
Euler de França Belém – Isso é um impeditivo para Antônio Gomide? Uma pesquisa recente aponta Gomide com 40% de intenções de voto.
Gomide é um bom candidato. O considero competente e também não tenho nenhum problema pessoal com ele. Mas ele é um político da esquerda eu sou um político da direita. Na parte política, nós somos adversários, mas é um candidato qualificado que tem uma história, já foi prefeito da cidade. O que pesa contra ele é justamente o PT. Sua candidatura vai depender muito de como estiver a avaliação do presidente Lula em 2024. Particularmente, estou confiante de que a cidade vai eleger o meu sucessor com tranquilidade, exatamente pela identificação com a direita.
Euler de França Belém – Você sempre prefeito de Anápolis, mas se tornou um político de nível estadual, porque participa das articulações fora de seu município. Pensando nisso, como avalia o quadro de Goiânia neste momento?
Não se pode menosprezar a máquina pública. Quem tem a caneta na mão, tem a vantagem. Rogério Cruz (Republicanos) tem a máquina, só falta pilotar. Se ele resolver assumir o volante, para mim, é o favorito.
Italo Wolff – O que quer dizer pilotar? O que ele tem de fazer?
Isso é fácil; ele só precisa contratar uma pesquisa para saber as áreas em que precisa investir. Parece que ele recentemente contratou o marqueteiro Jorcelino Braga, que foi a pessoa que fez a minha campanha em 2020. É um profissional extremamente qualificado, preparado para fazer essas pesquisas. A perspectiva é boa, porque a máquina de Goiânia tem gasolina.
Euler de França Belém – E quanto ao Vanderlan Cardoso (PSD)? Ele está bem posicionado nas pesquisas. Acredita que vai desidratar por falta de grupo político?
Eu acredito muito no aprendizado. Vanderlan já disputou duas eleições para prefeito em Goiânia, e na última ele bateu na trave. Com certeza, ele aprendeu muita coisa nesses processos. O considero uma pessoa muito capacitada, um empresário experiente, com uma alta inteligência. Não se deve menosprezar o Vanderlan a ponto de achar que ele não aprendeu nada com as duas eleições que já disputou.
Ele é competitivo, mas precisa de um grupo político sólido. Vai conseguir o Victor Hugo pra estar com ele? O senador Wilder Morais tem como primeiro suplente a esposa de Vanderlan, dona Izaura Cardoso (PL) e talvez esteja o apoiando em Goiânia. Se Vanderlan conseguir trazer nomes como estes, será um fortíssimo candidato em Goiânia.
Euler de França Belém – E Ana Paula Rezende? Acredita que ela será candidata?
Não sei. Todos nós estamos apenas refletindo o que está no coração de Ana Paula neste momento. Ela deve estar dividida, em um conflito interno muito grande entre a razão e a emoção. A considero uma pessoa extremamente qualificada, que ajudou muito o pai no último mandato. Sempre teve voz ativa, foi uma pessoa muito cuidadosa e prestativa, com tudo para ser uma grande política. Mas isso dependerá de como vai resolver esse conflito interno.
Euler de França Belém – E o Bruno Peixoto (UB)?
O Bruno é o presidente da Assembleia e muito habilidoso. Conseguiu sua reeleição no primeiro semestre do primeiro mandato. Tem tido a inteligência para poder utilizar todo esse poder que a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) possui. E é uma pessoa que que que tem capacidade de disputar uma eleição para prefeito de qualquer município com chances de ganhar.
É outro caso que também depende muito de sua ambição. Porque ele tem a máquina. É a máquina do Legislativa, mas com representação e poder em todo o estado. Em Goiânia, há quatro máquinas. Você tem a máquina da própria Prefeitura, a do governo estadual, a da Assembleia Legislativa Estadual e tem ainda mais uma máquina – a da Câmara de Vereadores, que hoje está na mão de Romário Policarpo (Patriota).
Romário Policarpo administra a Câmara com muita, muita força. Então, também precisa ser levado a sério. Quem quiser ser prefeito, precisará considerar Policarpo com muito cuidado, porque, junto com os outros três players, pode decidir as eleições. Rogério Cruz, Bruno Peixoto, Ronaldo Caiado e Romário Policarpo – essas são as pessoas mais relevantes nesse processo, em minha opinião.
“A população, que aumentou em 60 mil habitantes nos últimos dez anos, poderá aumentar ainda mais em condições muito melhores do que as do passado”
Roberto Naves
Italo Wolff – E seu futuro? O que o senhor tem vontade de fazer após 2024?
Além de pescar? Eu ainda não tive tempo de pensar no futuro, porque eu quero aproveitar cada segundo da oportunidade que Deus me deu de estar prefeito de Anápolis. Quero curtir isso aí até o último segundo. Só sei que vou continuar na política. Serei candidato a alguma coisa em 2026. Tenho vontade de fazer tudo; qualquer cargo em que eu possa contribuir com a população é interessante.
Euler de França Belém – Dizem que você não é um prefeito preocupado com o meio ambiente. O que tem a dizer?
Essas críticas são motivadas pelo suposto abandono do Parque das Cidades, em Anápolis. É um parque que fica no trevo, entre rodovias e sem residências em volta. Há apenas um acesso ao parque, pela Avenida Brasil, e ele nunca recebeu mais de 500 visitantes por mês. Quando se tem um parque pouco utilizado, ele naturalmente vai se degradando. Nós resolvemos torná-lo uma reserva ecológica.
É um parque muito pouco procurado, pois não é possível fazer quase nada de lazer lá dentro, devido a categoria de resrva ambiental. Por isso, não há sentido em gastar recursos com manutenção. A Prefeitura decidiu mantê-lo como uma reserva ecológica. Caso contrário, você reforma e reconstrói, mas não há melhoria na qualidade de vida das pessoas. Temos muitos outros parques frequentados, como o Parque das Águas e o Parque Ipiranga.
Italo Wolff – Nesta segunda-feira, 14, Anápolis recebeu o Selo Ouro de Transparência do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO). O que isso significa?
Isso significa que das grandes cidades do estado de Goiás, Anápolis é a cidade que dá mais transparência ao gasto público. Todo dinheiro investido pode ser verificado e monitorado. Esse reconhecimento do TCM é importante porque mostra que as ações da Prefeitura, licitações e os contratos, tudo está exposto da forma correta.
Acreditamos que é importante facilitar a auditoria da TCM, facilitar as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público. Isso mostra também que a gente não tem nada a esconder. Fiquei muito feliz em poder estar no TCM e receber o Selo Ouro, pois nos esforçamos para dar publicidade a tudo que acontece na na prefeitura.