Aline Bouhid, Cilas Gontijo, Euler de França Belém e Marcos Aurélio Silva

No comando da Secretaria Municipal de Infraestrutura de Goiânia desde outubro de 2022, Denes Pereira (Solidariedade), tem a missão de dar uma resposta para os problemas graves de drenagem que a cidade enfrenta em todo período de chuvas. Sua principal missão na gestão de Rogério Cruz (Republicanos) é elaborar e colocar em prática o Plano Diretor de Drenagem –  que será formatado a partir de uma parceria acertada entre o Paço Municipal e a Universidade Federal de Goiás (UFG).

O secretário de Infraestrutura tem experiência na gestão pública e também na política, razão pela qual é um dos coordenadores do Programa Goiânia Adiante, que promete investir R$ 1,7 bilhão em obras de infraestrutura na capital. Essa é uma das ações que visa fortalecer a imagem política de Rogério Cruz e viabilizar sua campanha para reeleição. Denes, que também é presidente do Solidariedade em Goiás, é um exímio articulador, fato comprovado quando liderou o PRTB que elegeu  4 deputados estaduais em 2022 – os parlamentares o acompanharam e se filiaram ao Solidariedade na última semana. Em razão dessa habilidade, ele tem também a missão de ser uma das pontes entre o prefeito de Goiânia e o governador Ronaldo Caiado (UB), mirando as eleições municipais. 

Marcos Aurélio Silva  – A cada período chuvoso, Goiânia demonstra ter se tornado mais perigosa em relação a alagamentos. O motivo é a falta de investimento ou de rigor no Plano Diretor?

É uma série de fatores. Temos que trazer essa indagação para dentro do contexto histórico da cidade. Não se chega em uma situação como estamos agora em relação à drenagem urbana e alagamentos de um ano para outro. A cidade tem 89 anos de existência e por muitos anos a drenagem urbana foi deixada para depois. Todos os gestores passados construíram sua parcela de Goiânia, mas a drenagem tem histórico de ser uma obra complexa, cara e que após ficar pronta está debaixo do chão – ninguém vê. Percebemos nos últimos anos que esse tipo de obra foi deixara para trás. Não estou dizendo que ninguém fez nada, estou dizendo que os investimentos ao longo dos anos foi postergado.

Temos também a situação climática. A situação não é só de Goiânia. É do Brasil. A nossa realidade mudou. Estamos com mais chuvas fortes em período menores de tempo. Falo de períodos em que choveu 89 milímetros em uma hora. Esse seria o voluma para uma semana. Ano após ano essas chuvas têm sido mais torrencial. Isso ocorre em São Paulo, Anápolis, Rio Verde e tantos outros que vemos nos noticiários. Ocorrem na maioria das cidades do Brasil que não estão preparadas para esse volume de chuva.

Em Goiânia sabemos que tem histórico de sair fazendo asfalto, obra que era importante em razão da cidade ter muitos bairros ainda sem o benefício. Mas cada vez que se impermeabiliza o solo, vem também a dificuldade da drenagem. Isso é natural. Evidentemente que o desenvolvimento da cidade traz essas lacunas e problemas de grandes metrópoles. Se tivéssemos pensado em drenagem urbana nos últimos 30 anos, a cidade não estaria com tantos problemas como hoje. Não dá para falar de alagamento e inundação sem considerar o contexto histórico da cidade.

Marcos Aurélio Silva – A falta de drenagem urbana é um problema social, pois ela castiga muito mais as pessoas que já estão em situação de vulnerabilidade, por vezes na periferia e em imóveis construídos em locais que não são ideais. O senhor compreende que ao investir neste tipo de infraestrutura, o município está atendendo a demandas sociais, e não só enterrando uma obra?

É uma questão social, mas é uma verdade que a cidade vai se desenvolvendo de dentro para fora e é natural que a infraestrutura também vai se desenvolvendo dessa forma. Assim, as periferias vão tendo mais dificuldades e problemas. A verdade é que há locais ocupados que não deveriam. Lembro-me de um caso aqui em Goiânia em que a água passava em um local normalmente. Neste ano a água entrou em uma casa. Meus fiscais me apontaram que essa casa não existia no ano passado e que não deveria ter sido construída naquele local.

Essa urbanização faz com que haja uma resposta durante o período de chuva. É uma questão social de fato. Mas há locais que não é periferia e que também tem esse problema de drenagem. Porém, reconheço que em regiões com maior vulnerabilidade social a população sofre mais. 

Aline Bouhid – O problema de drenagem em Goiânia se tornou crônico e reverter a situação demanda recursos. A gestão tem sido criticada por não usar as verbas que são alocadas pelos parlamentares. O que impede a Prefeitura de executar essas obras necessárias e usar esses emendas?

Não é a crítica que vai fazer nós resolvermos o problema. O que precisamos é de trabalhar com mais mãos. É importante ter fala e oposição para alertar o poder público, mas a crítica por si só não resolve. O que se levantou nos últimos dias sobre foi em relação à questão de uma UPA no Jardim Curitiba 2 em que foi colocada uma emenda parlamentar. Essa emenda foi colocada em 2021 e estamos agora em fase de lançar a obra no começo deste ano. Esse é o prazo natural de fazer uma licitação. 

Agora, infelizmente, o Plano de Drenagem Urbana é de 2005. É um plano que compreende apenas 65% da cidade. Ou seja, se há 18 anos o plano só mirava uma parcela da cidade, imagina agora. O prefeito Rogério Cruz decidiu enfrentar o problema. Ele vai enfrentar. 

Marcos Aurélio Silva – Somente agora, na metade da gestão de Rogério Cruz, foi assinado junto a UFG a elaboração do Plano Diretor de Drenagem. Quais as expectativas para esse plano? Ele poderá ser executado quando?

Foi assinado o protocolo de intenções com a UFG por acreditar que são as melhores cabeças pensantes do Centro-Oeste, para que se faça um Plano Diretor de Drenagem em Goiânia contemporâneo, atual e, talvez, o melhor das capitais.

“Não dá para falar de alagamentos sem considerar o contexto histórico de Goiânia”

A Prefeitura de Goiânia já tem histórico de trabalhar com a UFG, principalmente o prefeito Rogério Cruz. Veja que nosso último concurso público foi feito pela UFG. Vários cursos que temos feitos pela escola de governo também são os profissionais da instituição. Outras parcerias também foram de sucesso, como na saúde, principalmente na pandemia. E por preferência do prefeito foi pedido para que buscasse a UFG para fazer a parceira para desenvolver o plano. A universidade é uma instituição com uma memória em relação à drenagem urbana de Goiânia. São várias teses e estudos que tratam do tema. Esse projeto é para 18 a 24 meses. Mas não vamos aguardar terminar o plano para agir. 

A UFG, com todo estes estudos que tem sobre a cidade de Goiânia, nos permite que já com 90 dias ter um acervo grande que dará norte para o trabalho. A verdade é que Goiânia nunca teve um plano de drenagem urbana tão completo como terá agora.

Quando as pessoas criticam a drenagem urbana, elas não podem colocar na conta do gestor que está aí há 24 meses. Pelo contrário, mesmo com esse pouco tempo ele decidiu enfrentar o problema. Exemplo que de 99 pontos de alagamento indicados pela Defesa Civil, em 66 a gestão de Rogério Cruz fez alguma intervenção. Dizer que essa gestão foi inerte aos problemas de alagamento é não reconhecer a realidade. Houve intervenções, como o caso do Condomínio Amin Camargo, que há anos tinha problema de inundação, e a Prefeitura resolveu. O mesmo caso foi na ponte do Vale do Araguaia e na Avenida das Pirâmides, no Jardim Califórnia, entre outras. São vários pontos em que a Prefeitura tomou providência. 

Preciso lembrar que está em licitação 11 obras para drenagem, mesmo antes dos alagamentos deste ano. Antes mesmo do Plano Diretor de Drenagem de Goiânia, a Prefeitura já estava tomando providência. Exemplos: Conjunto Vera Cruz, recebera uma obra de R$ 32 milhões de orçamento que vai mexer com toda drenagem. Bairro Feliz, outra licitação que está em andamento para resolver de vez o problema. Tem a Avenida Dona Gercina Borges Teixeira até a porta do antigo prédio da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Ali alaga tudo. Vamos investir R$ 18 milhões. Já está em fase final de licitação. Serão 7 km de obras que vai evitar que se chegue um grande volume de água no Lago das Rosas. 

Esses são alguns pontos que já foram tomadas providências, independente do Plano Diretor de Drenagem. Esses são exemplos de que o prefeito não está inerte e tem dado atenção para esse problema. Basta lembrar que a primeira visita que ele, ainda como vice-prefeito, fez foi em local de alagamento. Ele tem conhecimento. Mas não se vai resolver todo o problema de drenagem de Goiânia do dia para noite. Estamos falando de um problema de 89 anos. Mas tem que enfrentar e o prefeito decidiu que vai. Entretanto, jogar todos os problemas da drenagem urbana nessa gestão é fugir da realidade.

Marcos Aurélio Silva  –  Essas são ações que estão dentro do programa Goiânia Adiante. Oque se pretende com medida?

Denes Pereira | Foto: Fernando Leite

Sim. É um projeto principal feito em três pilares que vai mexer como toda a cidade. A pujança desse projeto é tamanha que Goiânia, nos últimos 10 anos,  investiu em infraestrutura R$ 1,9 bilhão. O prefeito lança agora R$ 1,7 bilhão no programa Goiânia Adiante com dinheiro em caixa. Mas esse programa é não é eleitoral. Estamos falando das UPAs que estão em licitação e com contrato, algumas delas com ordem de serviço e outras já tem gente trabalhando.

A primeira visita que o prefeito Rogério Cruz fez já na gestão foi exatamente em uma inundação. Isso mostra que ele já recebeu a cidade com essa gravidade de problemas. Mas ele não vai ficar dizendo isso ou aquilo. Ele resolveu enfrentar e vai fazer o Plano Diretor de Drenagem. É um negócio que vai nortear governo para os próximos 30 anos. Ele está pensando nas obras emergencial, mas também prepara a cidade para as próximas décadas. 

Marcos Aurélio Silva  – Iniciadas em 2015 com a previsão para serem finalizadas em outubro de 2020, as obras do BRT. No entanto, em 2017, as obras foram paralisadas após uma fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) detectar irregularidades no processo de licitação. Em 2018 foi firmado um novo cronograma e a empresa responsável pelo trecho deveria ter entregue o corredor em 2020. Com isso, o contrato foi rescindido bilateralmente e novamente os prazos não foram cumpridos novamente. Essa é uma obra que está entre as principais reclamações dos goianienses. O senhor crava uma data para entrega do BRT? 

O goianiense não dá conta mais de falar em BRT. Ninguém aguenta. O prefeito cobrava relatório do BRT semanalmente, agora começou a cobrar diário. Ele também quer concluir rápido. Esse trecho está 90% pronto. Falta 10 estações – 4 na Praça Cívica e 6 na Avenida Goiás. Não sei porque deixaram por último. Como é uma região que a mobilidade urbana depende muito da circulação, poderiam ter priorizado dentro do cronograma. Estamos falando do centro da cidade.

Essa é uma situação que o prefeito Rogério Cruz recebeu com o cronograma. Ele fez o que devia: pagou em dias e cobra o consórcio que conclua a obra. A determinação foi muito clara. Temos reunidos e falado com a empresa que toca a obra cotidianamente, isso para que a obra seja entregue em 30 de junho. Esse é o cronograma que tem no contrato assinado com o consórcio BRT.

Marcos Aurélio Silva – Os benefícios do BRT que chegarão com pelo menos 3 anos de atraso. Ainda vale a pena para o goianiense depois de tanto dinheiro gasto e tantas alterações na paisagem e trânsito da cidade?

Vale pena. Estamos falando de um transporte de massa que é a grande discussão mundo afora. O mundo discute que se tem transporte de qualidade, as pessoas deixam o carro em casa. A maioria dos cidadãos hoje está sozinho nos carros. Não tenho dúvidas de que o BRT vai mudar a relação do goianiense com o transporte de massa. O nosso prefeito tem cobrado diariamente o BRT.

Cilas Gontijo – O trecho do BRT entre o Recanto do Bosque até a Rodoviária está pronto. Porque não colocá-lo para funcionamento?

Não se dá funcionalidade na metade do projeto. O trecho depende de semáforo que será próprio do BRT, depende da empresa enregar a obra. Quando a empresa enrega a obra, se faz a verificação para pegar. O prefeito já está preparando para comprar 60 ônibus novos para começar e dar funcionalidade.

Euler de França Belém  – Ouvimos muito dos nossos leitores que o Rogério Cruz está sempre no campo do “estamos fazendo”, e não concluí nada. Essa imagem que parte do goianiense tem. O que o senhor acha disso?

É uma imagem equivocada. Quer um exemplo? O prefeito entregou 4 complexos viários. Destes, 85% foi feito na gestão do Rogério Cruz. Se estou falando neste percentual, a obra de fato foi tocada por essa gestão. Porém, as pessoas julgam muito pela circunstância que ele chegou na Prefeitura. Ele foi vereador e foi candidato a vice, quando tivemos uma fatalidade que levou o Maguito Vilela. O Rogério Cruz assumiu a Prefeitura já com esse carma. Mas ele assume a gestão e faz aquilo que poucos faziam e todo mundo reclama: concluir obras da gestão anterior.

“Em regiões com maior vulnerabilidade social a população sofre mais com alagamentos”

Cobram muito do BRT, mas vejam que foi uma obra que foi discutida em 2009 e começou só em 2015. Não podemos jogar isso no colo do Rogério Cruz. Vamos ser realista. Foram tomadas todas as ações e essa obra que foi iniciada em 2015 vai terminar em 2023.

O prefeito entregou a reforma do Terminal Isidória, uma obra de mais de R$18 milhões. Obra pronta. Quando eu escuto essa opinião crítica ao Rogério Cruz, eu sou obrigado a discordar. Veja que ele recebeu a cidade de Goiânia com deficit de 12 mil vagas de Cmeis. Ele atacou 60% do problema, chegou a pandemia e ainda assim já fazendo a intervenção para ter mais duas mil vagas, e ainda as pessoas dizem que não está fazendo nada. Como assim? Rogério Cruz está licitando mais 20 Cmeis, com orçamento pronto e projetos. Ele pegou 12 Cmeis com obra paralisada, que foi retomada. Entao são 32 que logo serão entregues. Vai terminar todos nessa gestão. 

Euler de França Belém – De onde vem esses recursos para tocar as obras?

Dever de casa. O prefeito foi muito correto na gestão fiscal da Prefeitura. Eu conheço a gestão e posso dizer isso. O prefeito fez um ajuste fiscal para lançar o programa Goiânia Adiante. É preciso reconhecer. Não estamos falando de dinheiro de empréstimo ou recurso que ainda vai chegar. Estamos falando de dinheiro em caixa. É R$ 1,7 bilhão. 

Euler de França Belém  –  O município pegou um empréstimo para financiar o recapeamento de ruas da capital. Esse trabalho já foi concluído?

Esse projeto foi importante para cidade. E saiba que  72% foi feito na gestão do Rogério Cruz. Nós estamos falando em mais de 400 km recapeado pelo atual prefeito. Eu, quando fora da gestão, não tinha a noção desses números. E agora que vejo o que tem sido feito, a imagem é outra. 

Vocês sabem porque Goiânia tem esse tanto de problema com tapa buracos? Goiânia ao longo do tempo foi fazendo asfalto novo. Era o que precisava fazer, porque não tinha como deixar o cidadão sem o asfalto, vivendo na lama e poeira na periferia. Não justificava para o gestor. Goiânia tinha asfalto demais para fazer e foi feito, sobretudo pelo tocador de obra Iris Rezende Machado. Isso faz com que nós temos asfalto feito há 40 ou 50 anos. Ia chegar um momento que ia colapsar. Tudo tem vida útil e chega ao final. Chega o momento que precisa fazer o recapeamento. Deveria ter começado há 10 ou 15 anos. 

Euler França Belém – Temos muitas reclamações em relação a esse trabalho de tapa-buracos. O cidadão tem a percepção de que há uma demora em fazer, e quando faz, logo o buraco é aberto novamente. 

Tapa buraco em período chuvoso é assim. É um trabalho emergencial. Não dá tempo de fazer o que deveria ser feito, que é abrir as fissuras, fazer uma assepsia, colocar a massa e fazer compactação correta. Mas Goiânia em período de chuva, com asfalto antigo, tem tando problema que temos que atacar a urgência. É uma realidade: choveu, temos problema com buracos.

Cilas Gontijo – Mas não é jogar dinheiro do contribuinte fora?

Não. É um trabalho que precisa ser feito e não são todos os buracos que voltam dias depois. São várias situações. 

Euler de França Belém  –  Temos duas universidades referências em engenharia, que e a UFG e a PUC. Por que eles não sã chamados para tentar algo que dê maior durabilidade a esse asfalto e o tapa-buracos? A administração não está distante das universidades?

Pode ter uma falha nossa de estar distante. Mas esse não é o principal problema. O principal entreve é planejar a cidade como deveria ser planejado e fazer o tapa-buraco correto. Por isso que nos 500 km de recapeamento que o prefeito lançou está sendo feito o levantamento correto na cidade, verificar as ruas que mais precisam e já fazendo o tapa-buracos da forma correta. Goiânia terá um tapa-buraco de qualidade pela primeira vez em sua história. 

Euler de França Belém  – Sobre a Avenida Goiás Norte, o que o município está executando de obras?

Essa é uma região importante e o prefeito já determinou o levantamento do ponto que sai do final do Recanto Bosco até a GO-060, saída para Inhumas. Tivemos algumas discussões com o Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) e na Codese (Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia). 

Euler de França Belém  –  A Prefeitura de Maricá, no Rio de Janeiro, garante o transporte público gratuito. É claro que lá tem os royalties do petróleo, mas Goiânia não poderia fazer com que o custo do transporte fosse mais baixo?

A parceria que o prefeito faz com o governador Ronaldo Caiado, de certa forma fez com que essa tarifa de ônibus tenha condição de ser menor. Pode observar que o preço praticado em Goiânia está entre as mais baratas do Brasil. Sobretudo pela intervenção da Prefeitura e do governo de Goiás. Se estivéssemos, como Maricá e outras Prefeituras, com um recurso extra, poderia pensar em baixar mais. Mas hoje a nossa realidade não permite. 

Euler de França Belém – A parceira entre Prefeitura e governo do Estado tem funcionado no transporte. Enquanto a outros setores ela é efetiva?

O que vimos na pandemia foi uma sinergia. Os governador e o prefeito tem despachado juntos com frequência. Não é só sobre saúde ou educação. Tenho visto eles trabalhando junto na habitação e no social. Há mutos anos eu não vejo uma parceria entre governo e Prefeitura como estou vendo agora. 

Denes Pereira | Foto: Fernando Leite

Veja que o prefeito enfrentou a determinação do partido durante a campanha de governador. A sigla dele apoiou outro candidato e ele foi com Caiado por acreditar que ele estava fazendo uma gestão que estava beneficiando Goiânia. Ele deu essa resposta política porque administrativamente o governador mostrou ao Rogério que merecia essa confiança. Agora a campanha acabou, mas eles continuam nas parcerias. 

Euler de França Belém  –  Eu não consigo entender uma coisa, o Clécio Alves com pequena estrutura conseguiu ser eleito deputado estadual. O Rogério sendo prefeito de Goiânia, com estrutura gigante e um partido forte como o Republicanos, não conseguiu eleger a sua esposa, a Terma Cruz. Essa derrota não é um recado para 2024?

Não. Não acredito. Veja que o Iris Rezende, como ícone político, não conseguiu eleger a sua esposa quando ela foi para deputada federal. Nem por isso ele deixaria de ganhar a Prefeitura de Goiânia no primeiro turno se tivesse candidato. 

O Rogério Cruz foi correto com o partido. O que ele fez em relação ao partido foi um sacrifício. Ele sacrificou a campanha da esposa pensando muito mais no partido. O Clécio Alves foi para o partido porque teve indicação do Rogério Cruz. Até a vereadora Sabrina Garcez foi graças a aliança com o prefeito de Goiânia. Estamos falando até do Rafael Gouveia que foi candidato por influência do Rogério. Em Goiânia, se o prefeito foca só na campanha da  esposa, ela teria mais de 60 mil votos. 

Mesmo ele atendendo o partido, como ele atendeu dando condições para que outros candidatos trabalhassem dentro da Prefeitura, a Telma teve 25 mil. Imagina se ele tivesse dito para o partido: toquem a chapa que eu vou cuidar da candidatura da minha esposa. Não tenho dúvida de que ela seria uma das mais votadas de Goiás. 

Euler de França Belém: Pesquisas que foram contratadas já mostra que o prefeito não lidera em Goiânia. Qual o motivo?

Temos também um levantamento que mostra que o Rogério Cruz perderia para um nome que nem candidato é, que é o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia (Gustavo Mendanha). E o Rogério está disputando o segundo lugar. Ou seja, ele está no jogo. Temos mais dois anos de gestão. Todos sabemos que as administrações passam para o período de maturação para as coisas acontecerem. É sempre assim. Mas a maioria dos prefeitos foi reeleito. Veja que o pacote de obras que o Rogério lançu veio na metade da gestão. Foi preciso fazer um ajuste fiscal para poder ter condição de fazer obras e investir.

Euler de França Belém –  O Rogério começou a se recuperar politicamente, tanto é que se aproximou do Roberto Naves e do Alexandre Baldy, ambos do PP. Como o senhor, que pensa política, qual será o quadro de aliança do prefeito em 2024? Republicanos, PP, Solidariedade e quem mais?

Não tenho nenhum tipo de avanço sobre esse tema, porque estou muito focado em entregar as determinações do prefeito que é o Goiânia Adiante. Essas articulações estão a cargo do próprio prefeito e do secretário de Governo, Jovair Arantes, que é um craque que conhece profundamente a política local e nacional. É ele que está fazendo esse rearranjo político em torno do prefeito. Mas posso te dizer que Rogério Cruz chegará na eleição com a maior base de sustentação de uma eleição. Com o maior número de partidos, de vereadores e de lideranças políticas.

“A maior aliança partidária e política das próximas eleições será do prefeito Rogério Cruz”

Sabemos o que é a estrutura política de Goiânia. Em todas as eleições os prefeitos chegaram com base de sustentação muito grande. Mas posso garantir que todas as conversas que tenho visto e movimentações que percebo, a maior aliança partidária e política das próximas eleições será do prefeito Rogério Cruz. 

Euler de França Belém – o governador Ronaldo Caiado pode apoiá-lo?

Sem sombra de dúvida. O governador tem dado demonstrações, ao lado do Rogério Cruz, que provam que não é só parceria administrativa, mas relação próxima e entendimento das dificuldades que eles estão superando. Eu conheço o Ronaldo Caiado e seu que ele é fiel aos seus companheiros. Não tenho dúvida alguma de que o governador pode caminhar com o Rogério Cruz nas eleições do ano que vem.

Euler de França Belém – E o MDB do vice-governado Daniel Vilela, estaria nesse projeto?

Sabemos que o MDB tem uma força grande em Goiás, e em Goiânia não é diferente. Goiânia tem tradição de MDB, falando de Iris Rezende e depois Maguito Vilela. Mas o MDB, depois de mais de 20 anos, deixou de lançar candidato a governador. As coisas mudam. A política vai se atualizando. Eu creio que há possibilidade de estarem juntos. Não estou cravando que isso vá acontecer, mas a conjuntura política pode dar as condições. Não é impossível o MDB estar junto nesse projeto do Rogério Cruz. É claro que o Daniel Vilela, um jovem político, com carreira brilhante, tem sabedoria e maturidade. Esse entendimento que o adversário de ontem pode ser o parceiro de hoje pode ser o caminho para mudar a realidade de Goiânia. Daniel tem está pavimentando a sua candidatura para governador em 2026. Isso acontecendo ele precisa pensar no apoio de um partido, como o Republicanos. A movimentação do MDB nessa última eleição me dá condição de entender que o partido pode ser parceiro do Rogério Cruz na próxima eleição.

Euler de França Belém – Há possibilidade do grande adversário do Daniel Vilela e do grupo do Caiado em 2026 surgir do grupo que vai disputar com o Rogério Cruz a Prefeitura em 2024. Estamos falando do senador Vanderlan Cardoso (PSD). Se ele for eleito prefeito de Goiânia, fortalece muito a candidatura de Wilder Morais (PL) para governador. Concorda?

Sim. Essa é uma visão. O governador Ronaldo Caiado apoiou o Vanderlan em 2020 para Prefeitura de Goiânia. Era mais do que natural que o Vanderlan tivesse essa reciprocidade na eleição de governo. Mas na primeira oportunidade o senador foi dar declaração contra Caiado. Mas essa foi a primeira vez que aconteceu? Não. 

Vanderlan quando foi candidato a prefeito em Senador Canedo foi o Sandro Mabel que lançou. Na primeira oportunidade que ele teve, ele brigou. Depois teve o apoio do ex-governador Alcides Rodrigues, também teve o afastamento. Ele foi para o MDB, com Iris Rezende, caminham juntos um pouco juntos e depois ele abandona. O mesmo aconteceu entre ele e o ex-governador Marconi Perilo. É histórico. Essas movimentações do Vanderlan serão cobradas na eleição para prefeito. 

O governador Ronaldo Caiado sabe que independentemente de adversário e tudo, ele pensa muito em Goiás e na capital. Goiânia é a mola propulsora da região metropolitana. O governador vai dar o apoio para uma pessoa de confiança. Acredito que ele tenha confiança no Rogério Cruz. 

Aline Bouhid – Nas demais cidades com maiores eleitores, como Aparecida de Goiânia, Anápolis, Trindade, Senador Canedo, região do Entorno e sudoeste, o Solidariedade vai se preparar como para as eleições municipais?

Provamos que dá para fazer política mesmo sem ter a condição de grandes siglas. O PRTB que eu era presidente teve R$ 96 mil de fundo em Goiás. Tinha partido que tinha até R$10milhões e não teve 30% do resultado que tivemos. Tem um histórico e esse conhecimento da política faz com que a gente não perda tempo.

No caso de Aparecida de Goiânia estamos trabalhando forte e o Solidariedade, com incorporação do Pros e a vinda do PRTB, deixou um partido grande. Estamos falando com três grupos na cidade. Esse é um trabalho que já vinha sendo feito com o Lucas Vergílio. 

Em Anápolis tem o deputado estadual Coronel Adailton que surpreendeu a todos na votação e na sua atuação na Alego. Ele é um case e não dá para tirar ele de qualquer disputa em Anápolis.

Se for em Luziânia ver quem se filiou ao Solidariedade,  foi um Elias Junior, primeiro suplente de deputado federal com 20 mil votos. Na Cidade Ocidental foi o ex-prefeito Alex Batista. Em Planaltina, foi o vice-prefeito. Na cidade de Goiás filiou o ex-deputado Fernando Curado. Tem outros tantos. São nomes no Estado todo que dá condições para o partido chegar em uma situação favorável em 2024.