Marden Júnior: “Com turismo, serviços e indústria em pleno crescimento, Trindade é uma cidade de oportunidades”

16 agosto 2025 às 21h00

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Em seu segundo mandato à frente de Trindade, o prefeito Marden Júnior (UB) comanda uma gestão marcada pela retomada do turismo religioso e pela diversificação econômica do município. Após conduzir a maior Romaria do Divino Pai Eterno da história — que atraiu 4,3 milhões de visitantes em 2025 —, ele aposta em um calendário anual de grandes eventos, investimentos recordes em infraestrutura e ações de incentivo à indústria e ao comércio.
Nesta entrevista ao Jornal Opção, Marden Júnior fala sobre os desafios de receber 4,3 milhões de romeiros em uma cidade de 150 mil habitantes, o impacto do sino Vox Patris, estratégias para formalizar o turismo e parcerias público-privadas. O prefeito comenta ainda o crescimento industrial da cidade, programas de formação de mão de obra, e a importância das parcerias público-privadas para viabilizar obras sem custo aos cofres municipais. Por último, analisa o cenário político estadual em 2026. Como membro da base do governador Ronaldo Caiado, defendendo o diálogo e a autonomia das lideranças partidárias.
Italo Wolff — A Romaria do Divino Pai Eterno 2025 atraiu 4,3 milhões de pessoas à Trindade. Como são os trabalhos para que uma cidade de 150 mil habitantes receba tantos turistas? Quais os planos da cidade para as próximas edições?
Foi a maior Romaria de todos os tempos, resultado de um trabalho de colaboração entre governo do Estado, Prefeitura de Trindade e a Igreja. É uma das maiores festas do Brasil e, de fato, precisou dessa junção de esforços para dar certo — para ser uma festa boa, segura, limpa e organizada. Da nossa parte, temos muito o que comemorar com esse ciclo virtuoso que foi a Romaria deste ano. Com certeza, foi uma grande retomada.
Percebemos que o público também teve uma resposta muito positiva. A chegada do sino Vox Patris, o maior sino do mundo, contribuiu muito para isso. Acompanhamos sua trajetória desde a saída da Polônia. É uma peça que nasceu de sonhos e projetos de Trindade e hoje é uma obra de arte que retorna ao nosso município. Acredito que seja um dos pontos turísticos de maior relevância do Centro-Oeste. É um patrimônio que permanece.
Quando se realiza um evento, a grande preocupação é: o que fica para a cidade depois da festa? No caso da Romaria, tivemos conquistas importantes. Foram entregues as obras do viaduto na GO-060, o recapeamento asfáltico, a ligação entre a GO-060 e a Nova Basílica, além do próprio Vox Patris. Aumentamos em 40% nossa capacidade de limpeza urbana e instalamos um sistema de câmeras de monitoramento que identificou 16 foragidos durante a festa. Portanto, também fica a segurança.
Essa festa entregou o que prometia e aumentou nossa responsabilidade para as próximas edições. Já encerramos uma edição pensando na seguinte, por tudo o que representa para o município e para o Estado de Goiás. O governador Ronaldo Caiado (UB) merecia essa última festa dele à frente do Estado, e estamos felizes por ter conseguido entregá-la com essa qualidade.

Italo Wolff — Quanto o turismo religioso representa na economia de Trindade? Já é o principal setor?
É difícil responder com precisão, porque, historicamente, esse turismo não foi formalizado. Não tínhamos um setor de turismo oficializado em termos de impostos e arrecadação. A emissão de notas fiscais era muito baixa. Começamos agora o trabalho de profissionalização do setor.
Por parte da prefeitura, também não tínhamos nem um CNPJ específico para o turismo, o que impedia, por exemplo, a realização de convênios. Apenas há três anos estruturamos um plano de turismo com projeção para 10 anos, contemplando obras e ações. Hoje, três anos após sua elaboração e publicação como lei, já executamos quase 70% do que foi planejado.
Nossa meta é executar o plano completo em até cinco anos, ou seja, praticamente pela metade do prazo inicialmente previsto. O turismo religioso ainda não é a principal fonte de receita do município, embora seja sua principal característica. Mas é um setor que está se estruturando e crescendo. A Romaria já mostrou avanços importantes, e acredito que, nos próximos cinco anos, o turismo será uma das maiores fontes de receita de Trindade.

Italo Wolff — O que exatamente o plano de turismo propõe, e o que ainda falta ser implementado?
O principal ponto do plano é a criação de um calendário fixo de eventos. São quatro grandes datas ao longo do ano.
Começamos em 31 de agosto, com o aniversário da cidade, e juntos realizamos o Festival Gastronômico, que vai de 28 a 31 de agosto — quatro dias de festa. Este ano, o festival terá apresentações gospel com a presença do deputado federal e pastor Marcos Feliciano (PL), seguido pela banda de rock Ira! e, no dia seguinte, pelo grupo de piseiro e tecnobrega Barões da Pisadinha. No último dia, encerramos com uma missa e a palavra de pregadores católicos.
Teremos cerca de 40 expositores oferecendo pratos típicos da cidade, principalmente à base de mandioca e carne de porco. É uma combinação da tradição culinária com diversidade musical e religiosa: um dia gospel, um dia de rock, um dia sertanejo e um dia católico. Estamos criando um festival completo.
O segundo evento é o Natal Divino, bastante característico da cidade. Estamos estruturando uma vila natalina que, com certeza, será uma das maiores do estado. E, por sermos a capital da fé, será uma vila com celebrações religiosas e apresentações artísticas durante praticamente todo o mês de dezembro.
O terceiro evento é a Pecuária, em abril. Não será apenas o rodeio: vamos valorizar os pequenos e médios produtores rurais, oferecendo experiências para as crianças e visitantes conhecerem a vida no campo — como funciona um engenho, como se faz uma rapadura, contato com animais. Teremos também apresentações artísticas e provas típicas da cidade, como a prova de lasca.
O quarto e principal evento é a Romaria do Divino Pai Eterno, o maior de todos para nós trindadenses. Esses quatro eventos compõem o calendário oficial de turismo da cidade. A ideia é divulgar esse calendário com antecedência, organizar o turismo e oferecer opções além das missas. Muitas pessoas perguntam o que mais podem fazer em Trindade. Agora, estamos respondendo essa pergunta de forma estruturada.

Ton Paulo — A Prefeitura de Trindade iniciou o maior investimento em infraestrutura da história do município. Com o programa Avança Trindade, estão sendo destinados R$ 48 milhões para obras em todas as regiões da cidade. Quais são as obras que já estão em andamento? E quais ainda estão previstas?
Já neste mês, vamos entregar diversas obras. Uma delas é o Centro de Medicina Avançada da Região Leste, entregue no dia do aniversário da cidade. No ano passado, já inauguramos o da Região Central, que está em funcionamento. A Casa do Autista, que já existe na Região Central, agora também será integrada ao Centro da Região Leste. Somente essa obra representa quase R$ 6 milhões em investimentos, com foco na dignidade do cidadão.
Vamos reformar uma Unidade de Pronto Atendimento (Upa) e duas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Essas obras são importantes porque mais de 50% do nosso atendimento médico é fornecido a quem mora em Goiânia. Há uma demanda grande, e temos de zelar por nossas unidades.
Também estamos entregando, semanalmente, praças totalmente recuperadas. Nosso objetivo é não apenas construir novas, mas também manter e revitalizar as existentes. Parte dos R$ 48 milhões está destinada justamente a isso: manutenção de uma praça e dois setores por semana.
No recapeamento asfáltico, investiremos mais de R$ 12 milhões. Serão 700 mil metros quadrados de vias reestruturadas. Um dos maiores desafios foi a execução da rede de esgoto — mais de 400 km. Esse processo exige que o asfalto pronto seja quebrado para instalar a rede e, depois, recomposto. Agora, com essa fase superada, já iniciamos o recapeamento em bairros como Jardim Ipanema e Jardim das Oliveiras. A previsão é intensificar essas obras em setembro, antes do período de chuvas.
Ton Paulo — Em termos econômicos, a Prefeitura tem uma estimativa de quanto os investimentos devem impactar o turismo e o comércio local?
Desde a chegada do sino Vox Patris, já percebemos um aumento significativo na movimentação de turistas. Trata-se de uma atração que extrapola o público católico tradicional de Trindade — virou notícia nacional e tem sido um importante vetor de divulgação das atividades da cidade. A mídia deu ampla visibilidade à vinda do sino, que, de fato, é o maior do mundo e carrega um simbolismo muito forte. Com isso, já começamos a monitorar diariamente esse crescimento no fluxo turístico.
Um dos pontos previstos no plano de turismo, e que ainda precisamos implementar, é a revitalização do Parque Municipal Lara Guimarães e sua transformação em Parque do Carreiro, ou Carreiródromo. Será uma conquista importante, pois Trindade realiza o maior desfile de carros de boi do mundo — uma manifestação de fé, cultura e tradição muito enraizada na cidade. Com o parque, vamos valorizar essa raiz e oferecer uma experiência para os visitantes conhecerem a tradição mesmo fora do período da Romaria. Hoje, quem visita a cidade fora da festa muitas vezes não tem acesso a esse aspecto tão marcante da nossa identidade.
Outro desafio é a informalidade. Durante a Romaria, muitos visitantes se hospedam em casas alugadas informalmente, em quintais adaptados — algo já tradicional. O Ministério do Turismo contabiliza apenas os leitos oficiais, então os dados oficiais não refletem a realidade total do movimento. Nosso trabalho agora é justamente formalizar esse setor, para que possamos mensurar melhor o impacto e gerar mais receita local.
Acredito que, com a execução completa do plano de turismo, nos próximos cinco anos essa área se tornará a maior fonte de receita do município.

Italo Wolff — Além do turismo religioso, quais são os maiores setores da economia da cidade?
O comércio e os serviços são setores muito fortes em Trindade, e a indústria também tem crescido bastante nos últimos anos. O Polo Industrial Maria Monteiro, por exemplo, está em um processo de expansão muito importante. Houve um aumento expressivo no número de empresas que se instalaram no município, com muitas pessoas buscando a formalização. A Prefeitura se aproximou dos contadores da cidade e, juntos, conseguimos nos aproximar mais dos comerciantes e empresários locais.
Temos grandes empresas que foram inauguradas recentemente, como a N&L Produtos de Limpeza, que já gera centenas de empregos. Essa será a primeira empresa do Centro-Oeste a produzir sabão em pó. Muitas vezes olhamos apenas para o turismo religioso e esquecemos dessas outras vertentes.
A própria Coca-Cola está em expansão na cidade e deverá gerar mais 500 empregos além dos que já existem. Estamos apoiando esse crescimento da forma que for necessária. Outra empresa importante instalada em Trindade é a 5G Energia Solar, uma das maiores do segmento. Essas empresas encontraram aqui uma logística adequada para suas operações. Para atrair e manter esses empreendimentos, lançamos o Programa Municipal de Apoio e Incentivo ao Desenvolvimento Econômico de Trindade (Promaide Trindade). É um programa que oferece incentivos para a instalação das empresas, mas também cuida delas ao longo do tempo em que permanecem no município.
Oferecemos cursos de formação profissional e mantemos um relacionamento constante com essas empresas. Com a recente aprovação da reforma tributária e a extinção dos benefícios fiscais, surge uma preocupação: o que faz uma empresa permanecer em Goiás, ou especificamente em Trindade, sem os incentivos tradicionais? Acredito que é o relacionamento. A Prefeitura precisa deixar de ser apenas um agente regulador para se tornar um parceiro — um braço estendido, um ouvido atento às necessidades da indústria.
Estamos criando polos regionais tematizados. Um exemplo é o polo regional de indústria têxtil, que dará aos empresários locais espaço e apoio necessários para aumentar sua produção.
Temos também a Trindade S.A., uma empresa de economia mista do município. A ideia é que a Prefeitura deixe de atuar apenas como reguladora e passe a ser protagonista junto às empresas. A Trindade S.A. pode colaborar para o crescimento dos negócios e apoiá-los em momentos de crise, por meio de parcerias e sociedades em empreendimentos privados.
Além disso, investimos na formação de mão de obra. Um exemplo é a Casa da Costura, que funciona como um laboratório e tem formado dezenas de pessoas por mês, de acordo com as demandas do mercado.

Italo Wolff — Um levantamento da Urban Systems colocou Trindade entre as 100 melhores cidades do interior brasileiro para fazer negócios. A que o senhor atribui essa boa classificação?
Trindade é uma cidade em crescimento e com economia diversificada. Temos turismo, serviços, indústria e uma mão de obra que ainda pode ser mais desenvolvida e aproveitada. É uma cidade de oportunidades, em pleno crescimento, com terrenos em forte valorização.
Destaco a importância da gestão continuada. Nos últimos 10 anos, desde a administração do ex-prefeito Jânio Darrot, a cidade passou por uma recuperação e ganhou equilíbrio, o que permitiu sermos ousados. O Jânio encontrou a cidade em situação difícil, reconstruiu e criou as bases para o desenvolvimento. Essa base sólida me permitiu, no meu primeiro mandato, avançar, e agora, no segundo, busco a progressão, não apenas a continuidade.
Esse resultado não é fruto de uma gestão isolada, mas de um trabalho conjunto com o Governo do Estado e parcerias público-privadas. É um processo de longo prazo, que não se constrói da noite para o dia.
Ton Paulo — Quais exemplos de parceria público-privada já foram implementados em Trindade?
Um exemplo é a construção da Unidade Avançada do Corpo de Bombeiros, no valor de R$ 3 milhões, sem custo algum para o município ou para o Governo do Estado. Essa parceria só foi possível porque a cidade conquistou credibilidade.
A Prefeitura entrou com a área e o parceiro privado executou a obra, localizada às margens da GO-060, no Centro de Apoio ao Romeiro da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). Foi a primeira unidade avançada do Corpo de Bombeiros no Estado e hoje é referência, sendo replicada em outras cidades.
Esse tipo de resultado exige criatividade. Se dependermos apenas dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), não conseguiremos avançar. É preciso buscar soluções e agir com disposição e criatividade para fazer as coisas acontecerem.
Ton Paulo — O senhor acha que Trindade conseguiu se desvencilhar dos escândalos que envolveram a Operação Vendilhões, no caso Padre Robson? Esse é um ponto superado no município hoje?
Toda dificuldade faz a gente crescer. Quando assumimos a Prefeitura, a primeira grande dificuldade foi a pandemia de Covid-19. Somou-se a isso a Operação Vendilhões, em 2020. Esses dois fatores se juntaram logo no início do meu primeiro mandato e tiveram um impacto muito significativo no turismo.
Grande parte do nosso público é formada por idosos, e eles deixaram de viajar. Sofremos muito. Os dois primeiros anos do mandato foram extremamente difíceis. A autoestima do povo ficou abalada: tivemos duas festas, duas romarias, com a igreja fechada, o que passou uma mensagem muito dura para a população. Por conta disso, nos dois últimos anos do primeiro mandato, tivemos que realizar o que estava planejado para quatro anos.
Essa última Romaria tem uma importância especial por representar uma retomada, uma virada de chave. É a superação dessas dificuldades que ousamos enfrentar. Isso não significa fechar os olhos para o passado — pelo contrário, significa aprender com os erros.
A Romaria de 2025 representou a retomada, a virada de chave, a superação das dificuldades
Ton Paulo — O senhor foi reeleito com 57% dos votos, quase o dobro do resultado da primeira eleição. Na primeira disputa, teve 21 mil votos; na segunda, quase 40 mil. A que atribui esse crescimento?
O trabalho foi reconhecido pela população. Mesmo com as dificuldades do início, eu tive a oportunidade de percorrer um caminho que poucos prefeitos vivenciaram: fui vereador, atuei na Câmara, fui secretário, conheci de perto o Executivo e, depois, assumi como prefeito. Cumpri um rito, mesmo com pouca idade, e isso me deu base.
Também tive a sorte de estar cercado de pessoas boas, que me deram a oportunidade de aprender. Aprendo todos os dias, mas esse conjunto de experiências foi muito positivo e nos trouxe até a realidade que vivemos hoje no município. Cada gestor tem seu jeito, sua característica e sua visão. Sempre procurei ouvir, observar, identificar o que foi bem feito, o que poderia melhorar e o que poderíamos fazer de diferente.
A reeleição é um marco importante. No início de um governo, leva um tempo até que a equipe compreenda a direção e se alinhe ao planejamento. No segundo mandato, esse processo já está consolidado: é mais assertivo, mais eficiente. São ciclos virtuosos resultantes de um planejamento estruturado.
Italo Wolff — Quais inspirações o senhor trouxe de viagens ao Japão, Índia e Polônia? Que bons exemplos viu pelo mundo que podem ser aplicados em Trindade?
Passei os primeiros quatro anos de mandato sem sair da cidade. O convite do governador para ir à Índia foi um grande aprendizado.
Depois, tivemos a missão de buscar o sino Vox Patris na Polônia. Quem vê o sino chegando não imagina o sacrifício e a complexidade para trazê-lo: documentação, inúmeras reuniões no Palácio do Planalto e no Governo Federal, negociações envolvendo forças de segurança de vários estados. Foi um processo desafiador, mas conseguimos concretizar.
O Japão também proporcionou uma experiência muito significativa. Voltei com a convicção de que toda transformação começa de dentro. Antes de ser um país tecnológico e inovador, o Japão já era limpo, disciplinado e honesto. Essa base cultural foi o alicerce para o desenvolvimento posterior.
Acredito que a transformação cultural seja um dos principais aprendizados dessa viagem. Investir em educação hoje significa colher resultados daqui a 10 anos — e alguém precisa iniciar esse processo. Tenho 34 anos e, aos 44, quero ver os frutos do que estamos começando agora.
Na prática, nossa educação está entre as mais bem estruturadas do Estado. Batemos a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e ampliamos em 55 o número de salas de aula, cada uma com média de 30 alunos. Pagar o piso integral aos profissionais da educação é uma prioridade, assim como o plano de carreira, que valoriza tanto o tempo de serviço quanto a formação acadêmica.
Também oferecemos bolsa de mestrado para professores, buscando potencializar a qualidade do ensino. Esse é um investimento que transforma, de fato, o futuro da cidade.

Ton Paulo — Assim como Zé Délio (UB), Paulo Vitor Avelar (UB), Wellington Carrijo (MDB) e outros, o senhor faz parte da leva de prefeitos jovens lançados pela base do governador. No Estado, o governador lhe incumbiu alguma missão dentro desse projeto?
Minha relação com o governador começou quando perguntei a ele: “Governador, no seu grupo há espaço para quem quer ajudar a construir? Se sim, quero fazer parte, porque Trindade merece isso. Precisamos de uma missão para trabalhar e ajudá-lo.” Isso foi em 2021, um ano antes da reeleição dele, durante o maior encontro do União Brasil da história de Goiás, realizado em Trindade.
Sempre gostei de ter uma missão. Sou um pouco desprovido de medo; acredito que a fé que nos sustenta e a coragem que nos direciona são cruciais. Tenho uma relação de muito respeito e gratidão pelo que o governador nos proporciona, principalmente pela oportunidade de fazer parte do seu grupo e colaborar nos desafios.
Para mim, grupo político é saber a hora de dar um passo à frente e a hora de recuar, entendendo que o bem maior é o projeto coletivo, não os interesses individuais. A política precisa de pessoas comprometidas com seus ideais. O governador Ronaldo Caiado e o vice Daniel Vilela me representam, e tenho entusiasmo para colaborar no que for necessário. Cada vez mais, eles têm confiado missões ligadas a composições e articulações políticas.
Esse é um governo de coalizão e diálogo, que busca trazer as pessoas para dentro e construir consensos. Daniel Vilela também tem essa habilidade de aproximação e convencimento. Acredito que essa construção está sendo feita a muitas mãos e com a participação de vários líderes.
Acredito que temos bons nomes para disputar cargos federais e até para o Senado, como o ex-prefeito Jânio Darrot
Ton Paulo — Como vê a formatação da base do governo para 2026?
Estamos todos participando com entusiasmo desse processo, passo a passo, rumo às eleições estaduais. Temos também a liderança da dona Gracinha, pré-candidata ao Senado, e é desejo de todos que ela chegue lá. Pela experiência, dedicação e trabalho que prestou a Goiás, acredito que o Estado ganharia muito com ela no Senado.
Nosso projeto maior é viabilizar a candidatura do governador Ronaldo Caiado à Presidência da República. Como goianos, devemos fazer todo o possível para que isso aconteça. Para Goiás, seria extraordinário tê-lo nessa disputa.
Costumo dizer que ninguém perde nada ao disputar uma eleição, mas, acima de tudo, o Brasil teria muito a ganhar com alguém que tem a experiência e o legado que o governador construiu. Se avaliarmos tudo o que ele representa para Goiás, é algo que gostaríamos que todos os brasileiros pudessem vivenciar.
Cabe a nós, prefeitos, sermos testemunhas do trabalho real que ele faz, especialmente no governo municipalista, sempre junto a prefeitos e vereadores. Ele dedica tempo às lideranças e às comunidades. Prefeitos de outros estados me dizem: “Tenho inveja de vocês”, porque o relacionamento que temos com ele não é apenas discurso — é obra, ação e entrega na ponta. Ele não inaugura nada sem a presença e participação da cidade beneficiada.
Italo Wolff — Em 2026, qual projeto para o Legislativo o senhor considera importante para Trindade? A cidade tem um deputado estadual, Cristiano Galindo (SD), que tem ajudado o município. O senhor acha que Trindade poderia ter dois deputados estaduais e um federal?
Tenho muito respeito pelas conquistas das pessoas e acredito que ninguém pode tirar o sonho de ninguém. Quando alguém tem um sonho, deve lutar para viabilizá-lo.
Tenho grande respeito e enorme gratidão pelo Cristiano Galindo e pelo que ele tem entregue ao município. O que antes era uma aposta baseada em relacionamento e confiança se transformou na efetividade de seu trabalho. Galindo tem dedicado praticamente todo o seu mandato a ajudar Trindade, e é justo que tenha a oportunidade de continuar. Pretendo apoiá-lo em seu projeto de reeleição como deputado estadual.
Mas é importante lembrar que nada se constrói sozinho. A primeira falência de um projeto político acontece quando ele pertence apenas a uma pessoa. Precisa ser de todos nós, com todos entendendo a importância do papel dele. Galindo é um deputado que nos ouve, que participa do dia a dia e está presente em nossas discussões.
Ter um deputado estadual é um ganho enorme em representatividade. Trindade, por exemplo, é anualmente — e foi agora novamente — capital temporária do Estado. Fora Goiás Velho e Goiânia, apenas Trindade tem esse título, e isso ocorre porque temos um deputado que leva as ideias e defende a importância da cidade. É um ato simbólico relevante, somado aos atos concretos como entrega de emendas, obras e ações.
Além de Galindo, acredito que temos bons nomes para disputar cargos federais e até para o Senado, como o ex-prefeito Jânio Darrot.

Italo Wolff — E para o cargo de vice-governador na chapa de Daniel Vilela, o senhor tem algum nome de preferência?
Não tenho um nome específico, mas tenho uma tese. Acredito que seria interessante que o vice-governador fosse um prefeito ou ex-prefeito. É claro que essa decisão cabe ao governador Ronaldo Caiado e ao vice Daniel Vilela, que têm total legitimidade para definir e analisar a melhor composição.
O governador e o Daniel sempre ressaltam que vivemos a melhor safra de prefeitos da história de Goiás. Por isso, defendo que trazer alguém com experiência municipalista para o cargo de vice seria muito positivo. Essa visão, somada à experiência que Daniel já tem de seus mandatos e ao exemplo de gestão do governador Caiado, poderia gerar uma combinação muito saudável para o projeto.
Não tenho um nome para indicar — quem sou eu para apontar alguém? — mas acredito que um prefeito ou ex-prefeito agregaria bastante ao governo.
Ton Paulo — Wilder Morais (PL) tem um projeto para o governo, mas, se houver uma aliança, poderia apoiar o nome do governo ao Executivo em troca de indicar um nome para a base de Caiado ao Senado. Entretanto, a possibilidade de uma aliança entre o PL e o governo de Goiás nas eleições de 2026 perdeu força após resolução do PL que proíbe membros com mandato de apoiarem pré-candidatos de fora do partido. Como o senhor vê esse cenário? Essa resolução atrapalha o projeto do vice-governador Daniel Vilela em Goiás?
Serei bem sincero: acredito que o tempo das decisões “goela abaixo” já passou. Cada um tem responsabilidade sobre o seu mandato e deve ter autonomia para tomar decisões e manifestar suas preferências. A fidelidade dos membros de um partido precisa ser conquistada, não imposta.
Essas determinações não refletem o que o país quer: diálogo. O entendimento precisa vir dos próprios partidos, respeitando as peculiaridades de cada estado e município. O Brasil é um país continental — como criar uma regra única para todos os estados, sem considerar realidades diferentes? Para mim, é um erro estabelecer, de forma vertical, um comportamento político sem levar em conta as especificidades locais.
O governador Ronaldo Caiado nos dá o exemplo da busca constante pela conversa e pelo equilíbrio. Quando um partido ou líder empurra determinações de cima para baixo, perde muito, porque deixa de ser liderança para se tornar chefia. Precisamos de líderes que saibam ouvir, falar e entender o caminho.
Recomendo aos políticos que não acreditam nesse modelo de atuação que procurem estar em lugares onde realmente se identifiquem. Eu acredito em Daniel Vilela e Ronaldo Caiado não porque meu partido manda, mas por convicção pessoal.