Marcos Roberto Silva é tipo como um dos braços direitos do governado Ronaldo Caiado em Goiás, nome de confiança do chefe do Executivo estadual. O advogado, atualmente, é presidente do União Brasil em Goiânia e vice-presidente da Companhia Celg de Participações, a CelgPar. Também já presidiu o Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO) – órgão no qual também exerceu a função de diretor de operações – e liderou a Secretaria de Estado de Comunicação. Nesta entrevista, Marcos Roberto fala sobre o futuro e as intenções de seu partido, que deve lançar Caiado como candidato à presidência da República em 2026. Segundo o presidente metropolitano, tanto o governador quanto o União Brasil estão, hoje, voltados para o diálogo e a aglutinação de forças para uma eleição municipal bem-sucedida. Para ele, a falta de consenso quanto a candidatos do governo em alguns municípios, como Aparecida de Goiânia, é causada por “falta de diálogo e juízo”, e que a questão deve ser pacificada muito em breve.

Euler França de Belém – Como está a chapa do União Brasil para vereador em Goiânia?

Está forte. As campanhas até dos prefeitos são feitas pelo exército de candidatos a vereador. É uma chapa que a gente, hoje, de início, prevê uma eleição de no mínimo três vereadores. Mas a gente tem buscado elevar isso. Com candidatura majoritária, igual a do Sandro Mabel, nós temos outras contas a serem feitas. Por exemplo, o voto de legenda. Todas as vezes o candidato, quando ele realmente decola, consegue fazer aí, tranquilamente, um ou dois vereadores, ou senão até fazer com que o partido cresça ao ponto de chegar a mais vereadores. Eu acredito que a União Brasil, nessas eleições, vai ter um êxito muito grande quanto a essa questão dos vereadores.

Em relação à situação de fortalecimento, em nenhuma eleição até hoje que eu participei, e são várias, eu conheço quem quer que seja que não tivesse, por exemplo, os candidatos ao seu redor, candidatos do Legislativo fortes. Porque isso aí faz com que o candidato, a partir do momento que ele temvereadores fortes, no caso da eleição de Goiânia em 2024, ele vai sempre crescendo, consegue estar em todos os lugares. Ele tem que estar na região Noroeste, região Leste, região Lorte. A cidade é muito complexa. Se ele não tiver um exército, de fato, trabalhando, como é que ele chega nesses lugares? Como é que ele vai conhecer os problemas daquela região, daquele local? Não tem como.

Então, os vereadores são os pilares da eleição municipal, principalmente Goiânia, que é uma cidade que é referência, até porque é capital. Para mim, de todas as pessoas da campanha, os vereadores são os mais importantes.

Euler França de Belém – E além de Vinícius do Delegado Waldir, da Arianne Cândido, tem outros nomes ‘estelares’?

Veja bem, Denício Trindade é um nome forte, o Lucas Kitão é um nome forte, o Paulo Magalhães é um nome forte. Nós temos a Arianne, que é um nome forte também, pode surpreender. O filho do Delegado Waldir também pode surpreender. Sem falar outros nomes aí, seria até injustiça da minha parte dizer, dentro do partido, quem estaria mais forte, porque nós temos aí uma chapa completa de 38 candidatos. Meu desejo, se a gente pudesse, que todos tivessem sucesso. Mas é injustiça da minha parte citar nomes e dizer quem deles seria o mais votado. Poderia dizer aí que o Doutor Jaime pode surpreender, o Vinícius do Delegado Waldir pode surpreender e todas as outras pessoas aí que são pré-candidatos e que vão estar na eleição.

Ton Paulo – No encontro do União Brasil, em Aparecida de Goiânia, o governador confirmou que foram lançados mais de 140 pré-candidaturas às prefeituras. O partido está com um projeto grande aqui para o estado este ano. Ao mesmo tempo, o PL também pretende eleger a maior quantidade de prefeitos que ele puder. Como o União Brasil enxerga hoje essa situação?

Hoje nós estamos querendo viver o presente, em 2024. O União Brasil hoje está com 147 pré-candidatos a prefeitos. E sem falar nos vice-prefeitos, que o partido também tem. Pode acontecer de ter menos candidatos? Pode, devido à situação de fechamento, tendo em vista que acontece, em alguns municípios, de o candidato da União Brasil não estar mais forte que um outro partido da base. Tem as composições que a gente sabe, é natural.

Mediante isso, a gente tem trabalhado para fortalecer, lógico, a União Brasil, mas também todos os partidos da base. Eu acredito que o PL, sem procuração, lógico, porque a gente não tem procuração nenhuma para falar pelo PL, vai tentar se fortalecer, até porque o antagonismo na política é o que nos move. Não adianta a gente achar que a gente não tem que ter adversário na política. Isso é natural também.

Italo Wolff – E desses 147 pré-candidatos, quais cidades o senhor considera mais importantes? Além de Goiânia, Anápolis, Aparecida, que são as maiores, tem alguma cidade que seja chave?

Para mim, todas as cidades são importantes. A gente trabalha em política e pensa sempre em números. Quado a gente fala em números, eu não posso desprezar nenhuma cidade. Então, todas são importantes. Lógico que a gente trabalha para eleger prefeito em Aparecida, em Anápolis, em Trindade, em Senador Caneiro, Goiânia, Rio Verde, Jataí, em todo o entorno do Distrito Federal, nossa cidade de Porangatu. São cidades que, pra nós, são importantes, a gente não pode menosprezar nenhuma. Eu acredito que nós sempre trabalhamos pra fortalecer a nossa base de apoio em todos os municípios.

Marcos Roberto Silva, presidente do União Brasil em Goiânia, em entrevista aos jornalistas Euler França, Italo Wolff e Ton Paulo | Foto: Leoiran/Jornal Opção

Euler França de Belém – Nas três principais cidades, Goiânia, Aparecida e Anápolis, a base governista não está bem. O que está acontecendo?

Falta um pouco de conversa. Como dizem os mais velhos, ‘falta um pouco de juízo’. São cidades, por exemplo, que nós só não estamos tão bem porque conversamos pouco. Faltou um pouco, ou falta, um pouco de diálogo.

Euler França de Belém – Goiânia, por exemplo, os três principais candidatos não são da base. O que está acontecendo em Goiânia?

Veja bem: a gente está vivendo uma situação onde o Sandro Mabel tem conversado com o pessoal do PL, com o Vanderlan, só não conversou até agora com a Adriana Accorsi, mas tem buscado diálogo. Então, o que está faltando ainda? Mais diálogo, para ter esses acertos. Se você é antagonista do governo do PT, e você sabe que se continuar essas fraturas, amanhã a gente pode ter uma situação onde o PT pode ganhar. A gente não pode menosprezar nenhum adversário, em qualquer situação.

Então, está faltando o quê? Repetindo: um pouco de juízo, como dizem os mais velhos. Essa questão do diálogo é muito importante, para que a gente amanhã possa elevar os projetos até o aceite da população, que é o importante.

Euler França de Belém – Você está sugerindo que há uma possibilidade de uma aliança envolvendo o União Brasil, o PL e até o PSD?

Lógico, por que não? Qual é o problema? O foco não é a população, como diz o governador? O foco não é levar Goiânia para um patamar diferente do que é hoje? Resgatar o orgulho dos goianienses? Qual o problema da gente conversar e chegar nesse entendimento do que é melhor pra Goiânia? Porque o foco não pode ser o candidato. Não é o candado A, B ou C. O foco é Goiânia. Então, nós temos que analisar o projeto, e dentro daquela situação ali, a gente chegar numa conclusão. Porque que a avaliação do governador está nesse patamar, de diálogo. O governador não fechou a porta pra ninguém. Você nunca teve notícia, por exemplo, de que o governador maltratou a Adriana Accorsi enquanto deputada estadual, muito menos agora que é deputada federal.

Eu acho que nós, que estamos na política, temos que entender isso também. Temos que olhar aquelas pessoas mais experimentadas e aprender com isso. Não é simplesmente levar o meu projeto pessoal como se fosse a principal linha de discussão. Que tipo de conversação existe ou é possível? A conversação é: eles vão ter um projeto pra Goiânia? Então, se eles têm um projeto pra Goiânia, vamos unir aqui. Não tem dificuldade nenhuma em tratar disso. Agora, nós temos que fechar um planejamento administrativo conjunto. Não tem dificuldade quanto a isso. No União Brasil, o pré-candidato Sandro Mabel está totalmente aberto ao diálogo, totalmente aberto a qualquer situação que amanhã faça com que o projeto seja vitorioso.

Euler França de Belém – E um vice do PSD? Também é possível? Com Vilmar Rocha, por exemplo

Sem dificuldade. A maior dificuldade que poderíamos ter seria o MDB dizer que não aceita ficar sem a vice. Isso já está superado. É uma situação que os partidos que estão com o Sandro Mabel estão entendendo que nós precisamos ganhar a eleição. A gente precisa trabalhar para isso. Isso é muito importante. Não os projetos pessoais. Se a questão é de projeto pessoal, isso aí não interessa. Nós queremos pessoas interessadas no projeto para Goiânia. Isso que é importante.

Ton Paulo – Tivemos uma mudança no cenário eleitoral, com a saída do Gustavo Gayer e a entrada do Fred Rodrigues. Isso aumenta a possibilidade de composição entre o PL e o União Brasil, com o Sandro Mabel?

Em todas as situações, independentemente de o candidato ser o Gayer ou o Fred, já estava ou continua o andamento de conversação. Eles estão conversando, as portas estão abertas para a gente dialogar até o dia da convenção. Nós estamos até o dia 5 de agosto para discutir, seja com o PL, seja com o PSD, seja com qualquer outro partido. Estamos numa situação de tranquilidade para discutir as composições. Eu acredito que a única mudança que teve até agora é o tempo, o tempo que está passando.

Agora, eu sempre olho, por exemplo, partido com sentido de objetividade, não subjetividade. Então não é questão do candidato A, B ou C. É só qual que é o melhor projeto do partido. Não adianta, por exemplo, suprimir etapas aqui e simplesmente falar “Não, fulano é o candidato e pronto, acabou”. Não existe isso. Em política, principalmente, não existe.

Ton Paulo – Qual o perfil ideal para o vice do Sandro Mabel?

Aquele mais agrega. O melhor vice é aquele que não fragmenta as coisas. O que a gente está buscando não é fazer uma junção? Então o melhor vice é aquele que agrega. Não é a situação política, é a arte de dialogar, e fazer com que as pessoas se convençam que aquele projeto é correto.
Euler França de Belém – O Thiago Albernaz agrega o MDB e o grupo do Bruno Peixoto. Não seria um vice adequado?

É um vice a ser discutido, sim. Está filiado ao MDB e traz a pacificação relacionada ao grupo do Bruno também. É uma construção. Agora, o que acontece: se amanhã você fizer mais umas junções, igual com o PSD ou PL, e o Bruno, juntamente com seu grupo, e o MDB achar que o vice deve ser uma pessoa de algum desses outros dois partidos, qual que é o problema? Não vejo problema nenhum, por quê? Porque ele está agregando.

Eu não poderia dizer a você que seria o nome do PSD, ou do PL, ou de qualquer partido a ser indicado. Porque todos vão passar pelo crivo da convenção. Antes pode acontecer [a definição do vice], se tiver pacificação. Mas se até lá as coisas não conseguirem pacificar a ponto de ser anunciado [um nome], as negociações vão até dia 5.

Euler França de Belém – Em Aparecida de Goiânia o PL também está em primeiro lugar, com o Professor Alcides. Estão falando na possibilidade de trocar [o apoio do governo] do prefeito para o Leandro Vilela. Como você avalia esse quadro?

A melhor forma lá é nosso grupo sentar, porque o Vilmar faz parte do grupo, o Leandro faz parte do grupo, e com o comando e a liderança do Gustavo Mendanha, Daniel Vilela, governador Ronaldo Caiado, chegar no melhor entendimento. Eu não acredito que o Alcides esteja nesse patamar que as pesquisas vêm demonstrando, até porque a gente também tem números internos.

Marcos Roberto Silva | Foto: Leoiran/Jornal Opção

O que está faltando dentro de Aparecida é chegar no entendimento de quem será o nome [para disputar pela base], se é o Leandro, se é o Vilmar, e a partir daí a gente tocar a campanha a ponto, por exemplo, de o eleitor entender qual é o representante do governador, o representante do Daniel, o representante do Mendanha. A população só quer isso, que seja apontado o nome. Eu acredito que o governador está chegando nesse entendimento. Logo, findará essa discussão, o que é natural também.

Italo Wolff – Antes, se dizia, na campanha do Vilmar Mariano, que ainda havia tempo ainda para fazer essa identificação. O senhor acredita que agora o tempo está jogando contra?

Na política, as pessoas têm a mania de usar comparações, que é igual nuvem, que muda de uma hora pra outra, mas é o que você está falando: o tempo está passando e a população não pode perder as esperanças na indicação tanto do governador, como dessas outras lideranças, igual o Daniel e o Medanha. Ela [a população] precisa ter um norte.

É igual a uma guerra: natural que existam os generais exatamente para que os soldados sejam guiados sobre as próximas etapas. Mas não podemos ficar discutindo a etapa de quem é o candidato. Precisamos discutir, agora, a forma de trabalhar, o plano de governo, é uma situação, por exemplo, de metodologia estrutural, mental, para chegar ali no dia 6 de outubro, nessas eleições. Essa fase no candidato está passando.

Euler França de Belém – Explique, por favor, como é que está o quadro em Aparecida de Goiânia a partir do ponto de vista da base governista, da qual você faz parte.

A partir do momento que definir o candidato da base governista, ele vai ser eleito, porque o exército, tanto, como dizem, da parte do governo, e da população em geral, entende que o melhor pra Aparecida é ter o governador do lado. E o governador Ronaldo Caiado tem trabalhado pra estar do lado de Aparecida o tempo todo, não que ele seja contra o Alcides. Mas é muito mais fácil você trabalhar com um candidato eleito da base do governador do que um que, amanhã, pode ser antagonista ao governo, tendo em vista que o PL hoje ventila uma candidatura ao governo.

Euler França de Belém – Então, você está dizendo que tanto o Leandro quanto o Vilmar Mariano podem ganhar do Professor Alcides?

Sim, com certeza. Só que nós precisamos trabalhar todo mundo unido para isso.

Euler França de Belém – Mas por que o Gustavo Mendanha está reticente em relação a apoiar o Vilmar Mariano?

Por causa das avaliações internas. Eu não tenho os números que ele tem, as situações que ele tem.

Ton Paulo – Mas se consolidar em torno do Vilmar, você acha que na hora H vai ter uma união em torno dele?

Se pacificar em torno do Vilmar, eu acredito que seja uma decisão de grupo. Assim como se pacificar em torno do Leandro. Vai ser uma decisão de grupo. Então, eu falo que o grupo de Aparecida é muito unido no termo de buscar o resultado eleitoral. A partir do momento em que eles vencerem essa parte do candidato, não vão ter problema, por exemplo, em chegar no eleitor e falar “Esse aqui é o candidato”.

Euler França de Belém – O governador vai estar presente na campanha?

O governador está juntamente, vou repetir aqui, com o Daniel, Mendanha, trabalhando para buscar um nome de consenso. E com isso ele não pode e nem vai fugir da responsabilidade de estar pedindo voto. Isso é fato. Ele vai trabalhar diuturnamente para eleger o número máximo de prefeitos aqui no Estado de Goiás.

Euler França de Belém – E como está em Anápolis? Tem vários pré-candidatos, mas três mais mencionados: Antônio Gomide, do PT; Márcio Corrêa, do PL e Eerizania de Freitas, do União Brasil, apoiada pelo prefeito Roberto Naves. Como você analisa o quadro?

Estive com o prefeito de Anápolis no Encontro Nacional do União Brasil. Ele me disse lá que vai vencer as eleições, e estava muito convicto disso, com a candidata do União Brasil, a Eerizania. O Roberto é muito pragmático com as coisas. Eu acredito que ele, ao final das contas, se ver que realmente não dá conta de tocar um projeto, provavelmente vai se unir da melhor forma possível. Lógico, pensando sempre numa forma de vencer as eleições, com as melhores ideias que ele possa ter para que obtenha sucesso. Mas eu não acredito que ele vá deixar ou trabalhar num projeto onde o PT saia vencedor no final.

Ton Paulo – Apuramos que o Márcio Corrêa teria deixado um espaço aberto para que o União Brasil indicasse o nome para a vice dele. O senhor acredita nessa possibilidade, de uma composição?

Eu só não acredito que o União Brasil vá unir com o PT do Gomide. A única coisa que eu não acredito. Agora, tudo pode ser possível. Em política, tudo é possível. Eerizania tem trabalhado, tem uma boa cabeça, é muito bem respeitada dentro do municípoo, no meio administrativo. Acredito que ela vai se colocar, e ali, como a gente falava, tendo um diálogo e achando que tem que fazer uma junção, e se for a decisão do município, isso é a situação deles.

Se eles acharem que tem que ir para o embate, também é uma decisão deles. Você sabe, na eleição passada, a dificuldade que foi. Venceu as eleições, trabalhou todo dia. Então, quando ele [Roberto Naves] diz pra mim que vai vencer as eleições, eu não duvido nada. Até porque ele já mostrou que realmente tem potencial pra isso.

Ton Paulo – O governador está com um projeto em curso para se consolidar e chegar como candidato à presidência da República em 2026. Ele está conseguindo unir o União Brasil em torno desse projeto?

Vai ter mais força demonstrada do que a eleição do presidente da União Brasil junto ao partido? Nessa eleição, você teve todos os membros da comissão provisória, senadores, deputados federais e elegeram um novo presidente. E um dos líderes dessa questão da eleição do [Antônio] Rueda foi o Ronaldo. O governador Ronaldo Caiado, dentro da metodologia de trabalho dele, creio que vai conseguir pacificar e unir todos para o União Brasil ter uma candidatura à presidência. Isso faz parte do jogo.

Para você chegar em qualquer lugar, você tem que entender que há diferenças de pensamento. Não tem como a gente chegar hoje e simplesmente romper com os deputados ou com os representantes do partido que estão no governo federal. Simplesmente você cria uma situação que vai mais prejudicar do que ajudar. O governador tem buscado o diálogo, para que amanhã o partido esteja unido num projeto só.

Italo Wolff – Nesse projeto de presidência de 2026, um dos maiores desafios é tornar o nome do governador mais conhecido fora de Goiás. Como o senhor avalia que está a comunicação dele fora de Goiás? Ele tem conseguido mostrar os resultados do governo aqui dentro?

Tem. O governador hoje só não está mais presente em outros estados devido à agenda administrativa dele. Se ele fosse atender todos os pedidos e demandas que tem em outros estados, ele não ficava em Goiás, porque ele está muito solicitado. Isso é muito bom. Significa que, hoje, o nome dele está realmente sendo solicitado.

Você pega, por exemplo, a situação dos outdoors em Minas Gerais. Aí está, a foto do governador Ronaldo Caiado como modelo de segurança pública para o Brasil. Isso aí está circulando em quase todas as estradas de Minas Gerais. Feito por quem? Pelo sindicato de segurança. Ou seja, o governador Ronaldo Caiado é exemplo de segurança não só em Goiás, mas também em Minas e em vários outros estados do Brasil, se não todos. Essa situação faz com que as pessoas clamem pela presença dele para discutir não só o tema da segurança pública, assim como o tema da educação e todas as outras situações.

Ton Paulo – Um dos projetos dele é justamente fazer colar nacionalmente essa questão que o senhor mencionou, da segurança pública exitosa. O senhor avalia que ele está conseguindo isso?

Todo dia ou eu recebo vídeos de podcasts, ou matérias, por exemplo, comentando essa situação. Isso aí tá ficando uma coisa referencial para o Brasil. Ele se colocou. A firmeza com que ele fala do assunto, por exemplo, a pressão que é sobre essa situação das câmeras nas fardas dos policiais, É uma coisa que o governador fala, tem que colocar câmera em bandido. E realmente, você quer vigiar quem está policiando ou o bandido?

Eu não quero um bandido na porta da minha casa esperando eu sair para me assaltar, ou para outra coisa pior que isso. Estão querendo colocar o policial numa situação onde ele vai ser impedido de agir. Por quê? Porque o malandro não vai com a faca para o seu lado. Ele vai com a arma mesmo.

Euler França de Belém – Você acha que essa chapa de Ronaldo Caiado e Michelle Bolsonaro é uma chapa consistente?

Eu torço que seja um projeto vencedor. Se realmente isso acontecer, eu torço que seja e vai ser um projeto vencedor. Esse é o meu pensamento. Não tem problema nenhum na relação dos dois. Hoje, todo o representante de partido busca fortalecer sua legenda. Então, o governador tenta fortalecer a União Brasil, o presidente do PL tem o Bolsonaro como uma das pessoas que estão trabalhando para fortalecer o PL, que é natural, com a conversação, com diálogos. Eles podem chegar em um entendimento, sim, de união.

Até porque o Ronaldo, o governador Ronaldo Caiado, tem um bom relacionamento com o Bolsonaro, tem um bom relacionamento com o Wilder Morais, tem um bom relacionamento nacional com o pessoal do PL. Eu não vejo dificuldade de amanhã a gente ter uma chapa com o nome indicado pelo PL.

Italo Wolff – O senhor acredita numa possibilidade de composição com o novo?

Eu acredito em tudo em política, menos em união com o PT.

Advogado e presidente do UB em Goiânia, Marcos Roberto Silva | Foto: Leoiran/Jornal Opção

Euler França de Belém – Como é que está a base governista no Sudoeste? Rio Verde, Pinheiros, Jataí e Quirinópolis.

Em Rio Verde, o prefeito está trabalhando para eleger o candidato dele, o Wellington Carrijo. Em Jataí, o Humberto Machado inaugura a avenida Maguto Vilela. Ele tem trabalhado bastante. Em Mineiros, o Leomar está caminhando para um segundo mandato. Mesmo antes disso, a aprovação dele era muito alta, não via adversário para ele. Quirinópolis está tranquilo, o prefeito tem trabalhado também. Lógico que tranquilidade política não existe, mas o prefeito tem trabalhado para ser reeleito.

Então, em todas dessas cidades do Sudoeste, a gente tem sempre mantido o foco para que amanhã não percamos para situações que vão causar qualquer dificuldade no futuro. Então nas cidades do agro, a base governista está muito bem. Acredito que tem muito a se fazer, administrativamente os problemas não param, mas não tem aquela situação de anormalidade.

Euler França de Belém – O Entorno de Brasília passou a fazer parte do Goiás. E nas duas eleições do Caiado, sua votação aumentou nessa região. Como está a situação lá hoje?

O governador realmente deu uma atenção especial para o Entorno. Criou a Secretaria do Entorno para lá, terminou o Hospital de Águas Lindas, sem falar, por exemplo, nas infraestruturas. A gente tem trabalhado bem lá. O governo do Estado tem trabalhado bem no sentido, também, da situação social. A primeira-dama, a Dona Gracinha, tem dado uma especial atenção, porque o Entorno é uma região de muitos imigrantes, as pessoas que realmente chegam ali numa situação de resiliência, sem expectativa de alugar um local bem localizado com infraestrutura. E com a participação do governo estadual, essas pessoas puderam ter dignidade. O governo do Estado tem trabalhado bastante para colocar a possibilidade de residência própria para essas pessoas.

A expectativa de estar na capital federal, principalmente para pessoas mais vulneráveis, traz essas consequências. Porque em Brasília, todo mundo acha que lá é o lugar do futuro, no sentido de ter uma consolidação financeira mais rápida. E às vezes, quando chega no local, deslocando de muito longe, a pessoa vê que aquela realidade não é essa. E essas pessoas, às vezes, ficam dependendo aí do governo em todos os sentidos, seja no sentido da moradia, de infraestrutura, da própria comida mesmo. Então, o governador teve e tem a sensibilidade de ver essas dificuldades, de estar trabalhando para que amanhã as coisas não piorem mais.

A gente trabalhou bastante junto aos prefeitos, tentando conscientizar eles de que os veículos, pelo menos na época do Detran, fossem emplacados em Goiás, porque isso traria para eles mais dividendos, no sentido de estar melhorando a situação da cidade. Porque a maioria vai em Brasília compra um carro e fica o IPVA todo lá para Brasília, enquanto as cidades ali, que são limitrofes, não recebem nada. A gente tem várias situações de trabalho para que amanhã, não só as pessoas, mas também os governantes trabalhem nesse sentido de conscientizar as pessoas.

Euler França de Belém – Mas na área de saúde e saneamento básico, o que foi feito em geral?

Essa questão do saneamento básico, a gente vai analisando as cidades do Entorno como uma demanda sempre crescente. A água é hoje quase 100%. Se não me engano, em Valparaíso que chegam muitos pedidos de ligação de água. São mais de mil por mês. Ou seja, mil novas situações, e isso não é só lá. Você tem Novo Gama, Cidade Ocidental, Luziânia, que emenda com Ingá.

Antigamente, quem estava no Entorno, em qualquer que seja a situação, seja em Águas Lindas, seja em Luziânia, dizia “Vamos para o Sara [Saneamento Ambiental e Reúso de Água]”. Hoje já não é essa referência toda, porque foi organizando a questão das unidades hospitalares. O governador tem dado uma atenção muito especial para a questão da saúde.

Euler França de Belém – Quanto ao Fundeinfra, como está sendo a operação? O que já deve resultar para Goiás e para os produtores rurais?

Nós sabemos que, hoje, nós temos duas etapas para cumprir. Uma etapa é a situação do projeto e, consequentemente, a licitação. Isso demanda determinado tempo. E posteriormente, a execução de obras. O governador tem trabalhado não só no melhoramento de rodovias, mas também na construção de novas rodovias, pontes, tudo para que amanhã os produtores rurais, junto, o conselho deles, tomem as melhores decisões e entendam qual é o melhor local para que seja investido o dinheiro.

Da última vez, salvo engano, havia 42 obras em andamento com o Fundeinfra. É muita coisa para se fazer, e pega de Norte a Sul do estado, de Leste a Oeste. Eu vejo que, além de ser bem aplicada [a verba], vai trazer um retorno satisfatório para todos. O produtor tem que escorrer as rodovias, precisa de de manutenção o tempo todo. A gente sabe que são várias toneladas [transportadas em veículos], não tem pista nenhuma que aguente. Nesse tempo, agora, ainda está um pouco melhor, mas quando começa a chover, vira um ‘Deus nos acuda’.

O que é caro é a manutenção. Manutenção que onera bastante.

Italo Wolff – O senhor é vice-presidente da CelgPar. Como avalia o desenvolvimento da distribuição de energia elétrica?

O governador está com um bom diálogo, juntamente com as secretarias, com a Equatorial, buscando soluções para que amanhã essa situação de empresa seja instalada. Uma situação nova que está acontecendo no estado de Goiás e isso tem trazido alguma tranquilidade é a questão das energias renováveis, saber o tanto de usina fotovoltaica que está sendo construído em Goiás. Isso é em todos os lugares.

Para facilitar, ainda veio aquela empresa da China, com aquelas placas solares que se instalou ali no Itumbiara [Chint Power], que vai facilitar bastante. Um exemplo, a CelgPar construiu uma usina fotovoltaica em Cachoeira Dourada, que está em fase final e que fornece energia para o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, Secretaria de Educação, UEG. A Ceasa está construindo a sua usina própria, inclusive com um biodigestor. Então, acredito que o futuro não vai ficar somente na situação dessa distribuição de energia por empresas só. As próprias empresas, assim como em alguns estados, já estão criando a sua própria usina e aproveitando a energia que tem, e o restante elas estão revendendo.

Ton Paulo – Quando a Enel esteve à frente da distribuição de energia em Goiás, houve um processo traumático na relação com o governo do Estado. Como o governo está, hoje, em relação à Equatorial?

Está tendo mais diálogo do que antigamente. O que está facilitando o trabalho é esse diálogo constante que eles estão tendo. Isso facilita para que os problemas sejam resolvidos com mais agilidade. A diferença que eu vejo da Enel para a Equatorial é que a Equatorial é mais fácil de dialogar do que com a Enel, mas o diálogo não é aquele diálogo vazio, mas o diálogo de resultado. Eles têm buscado achar soluções para os problemas, eu acho que isso é importante.

Não que esteja 100%, isso, longe disso. Tem muitas situações que precisam ser resolvidas, mas existe vontade de estar buscando soluções.

Ton Paulo – Mas desde aquela possibilidade da interação da CEI da Equatorial na Alego, o senhor acha que melhorou a prestação de serviço?

Eu acredito que sim, melhorou um pouco. Mas nós estamos num estado, logisticamente, de referência nacional. Goiás nunca vai deixar ou vai parar de crescer se ele tiver infraestrutura. E infraestrutura, uma das principais, é energia. Essa demanda de melhoramento sempre vai existir, e é necessário pra gente aprimorar isso.

Euler França de Belém – E qual é o papel da CelgPar hoje?

A CelgPar está num processo de análise, para fazer a avaliação de qual é a melhor solução para ela, se seria a continuidade ou a liquidação dela. Liquidação poderia ser a privatização ou até mesmo a venda de determinadas situações, no terreno, e outras questões mais. Mas a CelgPar tem um papel importante. Hoje ela tem o principal corpo técnico de energia do estado de Goiás, com profissionais totalmente capacitados, não só com conhecimento sobre energia nacionalmente falando, como mundialmente. São pessoas que têm conhecimento, são os últimos ali, remanescentes da antiga Celg.

E para o Estado em si, ela é muito importante. Seja nessa situação das energias renováveis, seja na situação de continuar uma discussão, porque em todo Estado é necessário ter um corpo técnico com conhecimento para discutir principalmente energia, que até a gente está discutindo aqui. Porque sem energia, o mundo para. Não adianta você ter internet se não tem energia.

Ton Paulo – Mas a tendência é de privatização?

A tendência é. Até porque tem o RRF [Regime de Recuperação Fiscal], essa é uma tendência que o governo quer cumprir com a do RRF. Agora, não quer dizer que se não tiver um estudo onde, amanhã, a viabilidade exista para que a venda aconteça, o governador vai fazer. Mas, se realmente existir a possibilidade, sim, não há problema nenhum. Já tem um estudo em fase final.

Italo Wolff – Quando nós entrevistamos o presidente da Celg, há quase um ano, ele disse que, na visão dele, o ideal seria que a Celg funcionasse como uma agência do governo estadual.

Porque, na realidade, a energia, em qualquer situação, nunca vai deixar de ser uma discussão de evolução. E para você formar profissionais capacitados não é fácil. A visão do presidente é: vamos aproveitar o corpo técnico que a gente tem aqui para que amanhã o Estado em si não necessite ter um novo quadro.

Porque são pessoas novas, pessoas com conhecimento, não só dizendo que são pessoas novas, mas tem pessoas de todas as idades lá, mas são pessoas que têm conhecimento de energia de uma vida. E não é uma questão fácil de se discutir, é muito técnico.

Euler França de Belém – Daqui a um ano e nove meses, o governador saindo para disputar a presidência, o Daniel assume o governo. Já está, mais ou menos, consolidada a chapa, porque já tem um pré-candidato a governador, que é o Daniel Vilela, e uma pré-candidata ao Senado, que é a Grancinha Caiado. E como é que fecha essa composição? Tem algum desenho já?

O que a gente quer agora é finalizar o processo do 2024, com o maior número de candidatos da prefeitura eleito. E aí, nós sabemos que muitos vão estar recompondo, e a gente também recompondo, para que essas pessoas não saiam do ciclo político. Com isso, os nomes, naturalmente, vão surgindo.
O espelho de 2026 ainda não consegue mostrar o fechamento completo da chapa, igual você disse. Tem a dona Gracinha, que é pré-candidata a senadora, e tem o Daniel Vilela, pré-candidato a governador. Mas essas outras duas vagas, de vice e de senador, vão ser amplamente discutidas. Poderia citar nome, se for para compor chapa, mas seria injustiça com os outros.

Nós vamos buscar [consenso], acredito que o governador é mestre nisso, tanto é que não deixa dúvida, foi cinco vezes deputado federal, governador duas vezes eleito, senador da República. Então, ele sabe conduzir o processo e eu acredito que ele vai conduzir da melhor forma possível, mesmo não estando aqui diretamente na política de Goiás, diuturnamente, porque ele vai estar correndo o Brasil e buscando sua eleição presidencial.

Mas eu acredito que ele vai fazer de tudo para o grupo estar unido e a gente fazer as melhores composições possíveis.