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Em meio a um cenário fiscal desafiador, com dívidas herdadas que ultrapassam R$ 1,7 bilhão, o prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL), tem buscado alternativas para reorganizar as finanças do município sem interromper investimentos em áreas essenciais como saúde, educação, infraestrutura e habitação. Em entrevista concedida ao Jornal Opção em Anápolis, na ocasião da entrega das reformas da Escola Municipal Inácio Sardinha, Márcio Corrêa detalha as estratégias adotadas para ampliar vagas na educação infantil e reformar unidades escolares. 

O prefeito ainda fala sobre o desafio de retomar obras abandonadas — incluindo o Hospital Municipal Georges Hajjar, que será entregue nesta semana — em um cenário de crise econômica. Grandes projetos são viabilizados com recursos próprios, evitando novos empréstimos e priorizando parcerias com os governos estadual e federal, diz o gestor.

Entre os destaques, está o programa habitacional Construindo Sonhos, que prevê a entrega de 10 mil moradias e a geração de até R$ 2 bilhões em movimentação econômica. Márcio Corrêa ainda comenta a modernização dos serviços públicos por meio do aplicativo Conecta Anápolis, defende a reindustrialização da cidade e compartilha sua visão sobre o momento político nacional, incluindo o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Italo Wolff — Qual é a real situação da estrutura da educação em Anápolis? Houve alguma controvérsia sobre a necessidade de reformar as escolas, mas, na entrega da Escola Inácio Sardinha nesta quarta-feira, 23, os funcionários relataram que a situação estava precária.

Primeiro, temos que falar do déficit de vagas. Assumimos com um déficit de praticamente 5 mil vagas. Conseguimos abrir 2 mil vagas na educação infantil, que é a faixa de competência do município. Também chamamos o cadastro de reserva dos professores — já realizamos três chamamentos e estamos quase zerando essa lista. Fizemos ainda um processo seletivo para 500 cuidadores.

Infelizmente, a situação da infraestrutura era precária. Por isso, estamos realizando uma força-tarefa para melhorar as condições físicas das escolas. Isso garante melhores condições de trabalho para os servidores e, sobretudo, melhores condições de aprendizado para os alunos. Outra demanda importante que tivemos que enfrentar foi em relação à merenda escolar.

Como era a alimentação das crianças, e o que se pretende mudar com o programa “Merenda Nota 10”?

Para muitos alunos, a merenda escolar é a única refeição do dia. Na gestão passada, a maioria das escolas servia apenas peta [biscoito de polvilho] com chá de canela — muitas vezes essa era a única refeição oferecida.

Estamos mudando esse padrão. Reformamos todas as cozinhas e dispensas, equipamos com eletrodomésticos e materiais adequados, e agora a refeição chega com qualidade e no horário certo. Nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e nas escolas de tempo integral, os alunos receberão quatro refeições. Todas as escolas rurais também terão desjejum. Nos CMEIs, os alunos já sairão da sala de aula com o jantar servido.

Entendemos que o aluno com fome não aprende. O mínimo que uma cidade do porte de Anápolis pode fazer é garantir condições de aprendizado, investir em infraestrutura e, ao mesmo tempo, focar na área pedagógica para melhorar o desempenho dos alunos. Estamos medindo esses resultados e trabalhando com ações conjuntas entre gestores e coordenação pedagógica para que todas essas melhorias impactem positivamente a educação.

“Entendemos que o aluno não aprende com fome e a merenda é a única refeição para muitos. Por isso, reformamos e equipamos as cozinhas de todas as escolas”, diz Márcio Corrêa | Foto: Guilherme Alves / Jornal Opção

Como tem sido fazer entregas nesse cenário de dívidas? A Prefeitura está tendo de cortar gastos?

O mais importante é gastar com qualidade. Na gestão passada, eram gastos mais de R$ 600 mil com softwares para alunos que sequer tinham acesso à internet — então, não fazia sentido. Também houve um gasto de R$ 15 milhões com livros que ficaram armazenados em almoxarifado. Esses mesmos livros, nós conseguimos hoje sem custo, por meio do Governo Federal.

Quando precisamos de investimentos, recorremos a parcerias com o governo federal, deputados e emendas parlamentares — não ao Tesouro. O investimento que foi necessário com recursos do Tesouro para abrir as 2 mil vagas na educação, por exemplo, é uma questão de prioridade. Não existe uma gestão que projete o futuro da cidade sem investir na educação. Quando você investe nas crianças, na merenda e amplia o número de vagas, está fazendo o que chamamos de gasto com qualidade.

Estamos cortando regalias e uma série de despesas desnecessárias e excessivas para focar no que realmente importa para a população — o dinheiro do contribuinte precisa ser bem aplicado. Quando garantimos educação, também contribuímos para a empregabilidade dos pais. É muito gratificante ver as crianças nas escolas, uniformizadas, bem alimentadas, com professores em boas condições de trabalho. Os professores são vocacionados, passam boa parte da vida dentro da escola, então o mínimo que a gestão pode oferecer é um ambiente digno para que desempenhem seu papel — e isso impacta diretamente no aprendizado das crianças.

De quanto era a dívida deixada?

Pegamos a cidade numa situação fiscal muito difícil. Havia um calote de quase R$ 400 milhões em fornecedores. A gestão anterior fez empréstimos com juros altíssimos — chegando a 200% do CDI, o que equivale a mais de 3% ao mês. Esse endividamento atinge cerca de R$ 1,7 bilhão. Todo mês, iniciamos com uma dívida de R$ 20 milhões a ser paga, a curto prazo, e isso só começou a ser quitado na nossa gestão.

Além disso, houve um rombo no Instituto de Seguridade: cerca de R$ 100 milhões foram retirados de uma reserva que deveria ser usada para complementar a folha de pagamento quando necessário. Agora, além de pagarmos R$ 20 milhões mensais da dívida, precisamos complementar quase R$ 5 milhões por mês para garantir o pagamento dos aposentados. É um grande desafio, mas temos enfrentado com responsabilidade.

Quais são as principais parcerias buscadas para enfrentar essa crise nas contas do município?

Buscamos parcerias com o governo estadual e federal. Contamos com o apoio de senadores, deputados federais; o deputado estadual Amilton Filho (MDB) tem sido um importante interlocutor com o governo do Estado. Ele ajudou a destravar diversas obras, como o Anel Viário, que estava parado por questões burocráticas de regularização e desapropriação. A mesma articulação foi feita para o Aeroporto de Cargas. Hoje, o governo do Estado está investindo cerca de R$ 100 milhões em obras na cidade — muitas delas paradas há mais de 10 anos, como o próprio Anel Viário.

Talvez sejamos o município do estado de Goiás que, proporcionalmente, mais apresentou projetos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Foram R$ 716 milhões em projetos apresentados — alguns já aprovados. Como o município perdeu sua capacidade de investimento, buscamos essas parcerias para viabilizar obras estruturantes, principalmente na área de drenagem urbana.

Só para drenagem, apresentamos cerca de R$ 300 milhões em projetos, e estamos acompanhando de perto esse processo. Nesta semana, tivemos uma reunião no Ministério das Cidades com o ministro Jader Barbalho Filho, acompanhados pelo deputado federal Célio Silveira (MDB), que tem sido um parceiro importante nessa interlocução. 

O objetivo é retomar a capacidade de investimento do município por meio desses programas. Acreditamos que é fundamental articular, dialogar, conversar com as forças políticas para que possamos, de fato, levar os serviços públicos à população que mais precisa.

Márcio Corrêa: “O Hospital Georges Hajjar foi entregue sem tubulação de oxigênio e sequer uma rampa de acesso. Concluímos as reformas e já entregaremos em funcionamento” | Foto: Guilherme Alves / Jornal Opção

O que foi feito na área da Saúde, que era apontada como o “calcanhar de Aquiles” de Anápolis?

Apesar das dificuldades, conseguimos reduzir em R$ 60 milhões os custos no primeiro quadrimestre, sem deixar de ampliar os atendimentos. A unidade Alfredo Abrahão, que antes não realizava atendimentos, já registrou mais de 100 mil procedimentos. Na Vila Jaiara, que também não tinha atendimento, foram mais de 40 mil atendimentos realizados.

A unidade 24 horas da Vila Norte foi inaugurada em nossa gestão e teve o horário estendido até a meia-noite. Também fizemos um mutirão de cirurgias eletivas, com mais de 10 mil procedimentos realizados, além de avançarmos com o “corujão dos exames”, graças a uma emenda do deputado Amilton Filho. Esse programa tem ajudado a reduzir a fila de exames eletivos.

Quero aproveitar para anunciar, em primeira mão, o primeiro Centro de Diagnóstico e Imagem da cidade de Anápolis, que funcionará 24 horas, oferecendo exames como ressonância magnética e ultrassonografia — justamente aqueles com maior demanda reprimida. A previsão é de inauguração já no próximo mês.

Temos avançado bastante, mas ainda há muito por fazer. Estamos trabalhando intensamente para garantir uma saúde digna à população anapolina.

O Hospital Georges Hajjar será entregue funcionando na semana do aniversário da cidade. Ele já havia sido entregue anteriormente. Qual foi o problema envolvendo esse hospital?

O Hospital Municipal Georges Hajjar não tinha o mínimo necessário para funcionar. Foi uma obra entregue de forma eleitoreira, irresponsável e, eu diria, criminosa, porque não apresentava nenhuma condição de atendimento. Do ponto de vista da engenharia e da vigilância sanitária, era completamente inviável.

Não havia tubulações para gás ou oxigênio, nem salas adequadas para esterilização de materiais. O hospital sequer possuía uma rampa de acesso — o que comprometia tanto o recebimento de insumos quanto a circulação de pacientes.

Havia uma série de pendências estruturais e sanitárias que impossibilitavam a abertura da unidade. Por isso, realizamos todas as adequações necessárias e estamos finalizando a obra.

O Hospital Georges Hajjar será inaugurado na próxima semana, já entrando em funcionamento imediatamente. Essa unidade vai atender uma grande demanda reprimida e funcionará como retaguarda para as unidades de pronto atendimento (UPAs). Será fundamental dentro da remodelagem que estamos promovendo no sistema de saúde de Anápolis.

Importante destacar que todas essas obras estão sendo realizadas com 100% de recursos próprios do município. Isso evita novos empréstimos e o pagamento de juros altíssimos, que comprometem ainda mais a saúde financeira da cidade.

Outra obra da gestão passada que causa controvérsia é a ponte estaiada. O volume de investimentos para concluí-la seria suficiente para construir uma nova ponte tradicional. O que a Prefeitura pretende fazer?

A escolha por uma estrutura estaiada foi justificada, à época, por uma questão ambiental. Mas nem sequer o órgão ambiental do município foi consultado. Hoje, seria possível fazer uma ponte convencional que atenderia plenamente à demanda do local, com apenas um terço do valor necessário para concluir a ponte estaiada.

O que mais nos causa indignação é que todo o recurso — R$ 130 milhões, obtidos por meio de um empréstimo com juros altíssimos — já foi retirado e gasto. No entanto, apenas 30% da obra foi executada. Ou seja, já estamos pagando esse empréstimo por uma obra que sequer foi entregue. E o pior: não sabemos exatamente como esse dinheiro foi utilizado pela gestão anterior.

A população tem nos questionado sobre o caminho a seguir. Mas, no cenário atual, não há como disponibilizar R$ 90 milhões para essa conclusão. O município tem outras prioridades, como saúde e educação.

“Vamos executar 10 mil moradias com o programa Construindo Sonhos, movimentando mais de R$ 2 bilhões na economia local.”, diz Márcio Corrêa | Foto: Guilherme Alves / Jornal Opção

E quanto às demais obras do município? Como a Prefeitura tem conseguido concluí-las?

Temos reduzido custos significativamente, utilizando os próprios equipamentos do município. Antes, havia contratos de aluguel de máquinas como retroescavadeiras, niveladoras, carregadeiras, caminhões e caçambas, com valores na ordem de R$ 65 milhões. Hoje, todas as obras estão sendo realizadas com maquinário próprio, que conseguimos por meio de parcerias com senadores.

Nos últimos oito anos, não foi feita a quantidade de obras com equipamentos alugados que nós conseguimos fazer em apenas seis meses com nossos próprios equipamentos e servidores capacitados. Somente com emendas do senador Vanderlan Cardoso (PSD), conseguimos mais de 30 equipamentos de grande porte para obras de infraestrutura.

Se você andar pela cidade, verá obras em diversas regiões. Posso citar, por exemplo, o acesso do Trevo, no setor Ayrton Senna, e a recuperação de estradas vicinais. Também lançamos o programa “Pavimentação de Ponta a Ponta”, que vai atender mais de 50 bairros ainda sem asfalto. Parte dessas obras já está em execução com maquinário próprio.

Outro exemplo é o programa Escritura Cidadã, com a entrega de mais de 500 escrituras em uma rua central que, há 40 anos, nunca havia sido pavimentada.

Quero destacar ainda uma obra estruturante muito importante: o viaduto de acesso ao Recanto do Sol, uma das regiões mais adensadas de Anápolis e com grandes problemas de mobilidade. Estamos construindo esse viaduto com recursos próprios do município. Diante de tantas dificuldades, seria irresponsável fazer de outra forma. Ainda há R$ 50 milhões em empréstimos disponíveis, mas, devido às altas taxas de juros, o município não tem condições de arcar com esse custo no momento.

Como funciona o programa Construindo Sonhos? Por que Anápolis considerou necessário facilitar o acesso ao programa Minha Casa, Minha Vida?

Temos uma faixa da população que não consegue acessar a Faixa 2 do Minha Casa, Minha Vida, principalmente devido ao alto valor de entrada exigido — o que, diante do atual poder de compra em Anápolis, acaba sendo um obstáculo. Muitos trabalhadores também não têm renda familiar suficiente para arcar com as prestações.

Por isso, buscamos parcerias com o Governo do Estado, por meio da Agência Goiana de Habitação (AGEHAB), e com o próprio programa Minha Casa, Minha Vida, que usa recursos do FGTS e já possui orçamento previsto para esse público. 

O município entra com a contrapartida de áreas e parte da infraestrutura. Nos próximos dias, faremos um chamamento para 4 mil unidades habitacionais. Ao longo dos quatro anos de gestão, nosso objetivo é executar 10 mil moradias por meio do programa Construindo Sonhos.

Além de garantir moradia digna, o programa vai movimentar mais de R$ 2 bilhões na economia local através da construção civil, gerando emprego e renda. Em um momento de incerteza e desconfiança no mercado, esse tipo de política pública cria um ciclo virtuoso de desenvolvimento.

Recentemente a Prefeitura lançou o aplicativo “Conecta Anápolis” para modernizar serviços de atendimento público. Como tem sido a adesão à tecnologia?

O Conecta Anápolis é uma ferramenta criada para facilitar a vida do cidadão e aproximar a Prefeitura da população, além de permitir que a gestão possa medir a efetividade de suas ações.

É um aplicativo simples e prático, onde praticamente todos os serviços do município estão disponíveis: emissão de IPTU, certidões, solicitação de troca de lâmpadas, tapa-buracos, limpeza, roçagem, vagas em creches, vacinação, regulação da saúde, entre outros.

Estamos expandindo o uso da plataforma continuamente para que ela se torne cada vez mais completa. Com isso, conseguimos dar agilidade aos processos, oferecer um atendimento mais eficiente e transparente, e ainda usar a ferramenta como instrumento de gestão.

O aplicativo nos entrega relatórios de desempenho por unidade, sala de aula e até por aluno. Isso nos permite identificar quais turmas ou alunos estão com menor desempenho e agir de forma direcionada, junto com a Secretaria de Educação, os gestores e os pais.

Ou seja, é uma ferramenta tanto de gestão quanto de aproximação com o cidadão, que melhora a produtividade do setor público e acelera nossas entregas à população.

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“Tenho acompanhado o julgamento do ex-presidente Bolsonaro com profunda indignação; me parece um ato de perseguição”, diz Márcio Corrêa | Foto: Guilherme Alves / Jornal Opção

Superado esse momento de dívidas, no futuro, quando a situação do município estiver mais folgada, há alguma área em que o senhor gostaria de avançar para deixar uma marca em Anápolis? Alguma área que ainda não pôde priorizar?

Primeiro, estamos focados em cumprir integralmente nosso programa de gestão. Nossa prioridade tem sido a saúde, que encontramos totalmente desestruturada. Também temos nos dedicado a garantir que todas as crianças estejam na escola, com qualidade. Mas, acima de tudo, queremos que Anápolis se torne uma cidade de oportunidades.

Estamos trabalhando para melhorar o ambiente de negócios, desburocratizando processos e unificando certidões por meio do Alvará Único. Isso dá mais agilidade à abertura de empresas e prestação de serviços. Anápolis tem uma vocação natural para o setor de serviços, mas havia uma burocracia excessiva que afastava empreendedores — muitos preferiam abrir empresas em outros municípios ou atuar na informalidade por causa das dificuldades impostas pela gestão anterior.

Nossa meta é tornar o ambiente local mais atrativo. Estamos dialogando com concessionárias de água e infraestrutura, buscando soluções para garantir que o cidadão encontre em Anápolis um lugar favorável para investir e alcançar seus objetivos financeiros. O poder público deve ser um facilitador, um parceiro do empreendedor, pois é a iniciativa privada que gera riqueza e oportunidades.

Queremos que Anápolis retome seu protagonismo na geração de renda e empregos, tanto na indústria quanto no setor de serviços. Para isso, temos investido fortemente em programas de capacitação e qualificação profissional, em parceria com instituições relevantes. Precisamos preparar nossa mão de obra para as oportunidades que surgem.

Recebemos muitas reclamações sobre os salários pagos na cidade. Isso ocorre, muitas vezes, porque falta mão de obra qualificada para determinadas funções. Nosso foco é justamente preparar essas pessoas, especialmente por meio de ações ligadas à assistência social, para que possam ocupar essas vagas e melhorar de vida.

O legado que queremos deixar é o de uma Anápolis que oferece oportunidades reais. Onde o cidadão possa viver com dignidade, ter acesso ao trabalho e renda, sair da situação de vulnerabilidade. Vivemos hoje um cenário de redução do poder de compra, com muitas pessoas enfrentando insegurança alimentar e situação de rua. Por isso, nossas políticas sociais também são focadas em resultados: queremos saber quantas pessoas conseguimos tirar da pobreza e inserir no mercado de trabalho.

Nosso objetivo é emancipar o cidadão. Isso, para nós, é o melhor programa social: dar oportunidades concretas a todos, mas sem perder de vista aqueles que ainda dependem 100% dos programas assistenciais. É um grande desafio, mas estamos enfrentando com uma equipe competente e parcerias políticas sólidas, para que todas as camadas da sociedade sejam atendidas com políticas públicas eficazes.

Na última semana, o governador Ronaldo Caiado (UB) anunciou uma linha de crédito para dar suporte aos exportadores, de forma que possam enfrentar a incerteza das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos. Anápolis tem grandes empresas exportadoras. Como o senhor vê a medida de incentivá-los?

Mais uma vez, o governador faz um gol de placa. Considero um grande acerto a sensibilidade de Ronaldo Caiado em entender esse momento turbulento, de crise institucional, que estamos vivendo. É uma incerteza que afeta diretamente o cidadão, o empreendedor, o investidor, o produtor.

Caiado, como sempre, busca o diálogo com o setor produtivo para encontrar caminhos que permitam não só a manutenção da economia, mas também a sobrevivência das empresas. O setor privado, o Estado e o setor produtivo precisam de alternativas para superar este momento difícil do país.

A imposição de novas medidas cautelares tornou mais próxima a possibilidade de prisão do ex-presidente. O que o senhor pensa sobre o julgamento em que Jair Bolsonaro (PL) é réu?

Tenho acompanhado o julgamento com profunda indignação. Me parece um ato político, um ato de perseguição, no qual nada foi comprovado. Não há nenhum ato direto de autoria do ex-presidente Jair Bolsonaro que tenha sido provado em relação ao dia 8 de janeiro.

É claro que houve pessoas que depredaram a Praça dos Três Poderes, e essas devem pagar pelos seus atos, de acordo com o crime cometido. Mas não se pode julgar todos de forma genérica, como tem sido feito, e atribuir a Bolsonaro uma responsabilidade direta sem provas concretas.

Vejo isso como uma perseguição e um excesso por parte do Judiciário, o que tem prejudicado muito o país, principalmente em relação à segurança jurídica. Espero que esse momento turbulento seja superado e que possamos ter eleições livres no próximo ano.

Não faz sentido manter essa tentativa contínua de condenar Bolsonaro sem elementos que justifiquem. Isso acaba abrandando a confiança nas instituições e abala o próprio processo democrático. Estamos acompanhando de perto e torcendo para que a democracia prevaleça.