Antônio Cruvinel: “A UEG é, hoje, a maior formadora de professores do país”

23 agosto 2025 às 21h00

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Quando foi empossado para um segundo mandato como reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), na primeira quinzena deste mês de agosto, após ser reeleito com mais de 65% dos votos no pleito universitário, o professor Antônio Cruvinel Borges Neto fez questão de enfatizar que, nos últimos quatro anos, desde quando assumiu o cargo em 2021, a instituição passou de pouco mais de 9 mil para quase 14 mil estudantes matriculados.
Nesta entrevista, Cruvinel, que é professor universitário desde 2007 e ingressou na UEG em 2010, por concurso público, revela que a universidade focou em ações não só para levar o aluno para a sala de aula, mas também para mantê-lo nela, dando condições para isso. Segundo ele, um dos critérios que também foram adotados à risca foi a correta e integral execução do orçamento da UEG, que, inclusive, passou de R$ 234 milhões em 2021 para R$ 535 milhões em 2025. “A universidade saltou da 44ª para a 4ª posição em execução orçamentária”, entre os órgãos e autarquias do governo, revela.
O reitor também menciona o cenário atual, e preocupante, da licenciatura. Estudos apontam para a possibilidade de um “apagão” de professores em 25 anos, devido à baixa procura por esses cursos. No entanto, diz Cruvinel, Goiás é um dos estados com poder para reverter essa situação. “A UEG segue cumprindo seu papel social, especialmente na formação de professores. Isso contribui diretamente para o bom desempenho da educação básica em Goiás, do ensino fundamental ao médio”.
Italo Wolff – Na última semana ainda estavam abertas cerca de 300 vagas remanescentes do vestibular da UEG. Quais fatores explicam esse número elevado de vagas não preenchidas?
O nosso processo seletivo aconteceu recentemente e tivemos vagas remanescentes por diversos fatores. Por exemplo: a pessoa é aprovada, mas desiste; ou mesmo passa no vestibular, mas acaba não comparecendo no dia da matrícula ou da prova. Em razão disso, surgem essas vagas não preenchidas.
A Universidade tem trabalhado para combater esse problema, porque cada vaga ociosa significa um banco universitário de uma instituição pública que deixa de atender um cidadão goiano.
Na UEG, nós temos o vestibular tradicional. Mas, no caso específico das vagas remanescentes, utilizamos a nota do Enem como critério de seleção. Atualmente, são cerca de 300 vagas disponíveis, que podem ser ocupadas por quem participou do Enem. O candidato se inscreve conforme o edital, informa sua nota e, a partir disso, é feito um ranqueamento. Os classificados vão ocupando as vagas conforme a ordem de melhor desempenho.

Como o semestre já está em andamento, o processo é ágil: assim que o candidato conclui a seleção digital, já pode começar a estudar no dia seguinte. Considero esse processo muito importante, porque cada vaga preenchida garante o acesso de mais um estudante a uma formação universitária.
E esse procedimento não vale apenas para o Enem: em todas as unidades da UEG que tiverem vagas disponíveis, o edital indica os cursos e o candidato pode ingressar imediatamente, ocupando o seu lugar nos bancos universitários.
E vale destacar o motivo de a UEG ainda realizar vestibular, mesmo existindo o Enem. Nós buscamos privilegiar o aluno da própria localidade. Quando uma vaga é disponibilizada no Sisu, pode acontecer de ser ocupada por alguém de outro estado, o que não é um problema em si, mas muitas vezes esse estudante vem, por exemplo, para uma cidade e acaba não permanecendo na região. Isso é bastante comum.
Com o vestibular local, conseguimos priorizar o morador da própria região, garantindo a ele a oportunidade de ingresso na universidade. Por isso, a UEG mantém o vestibular tradicional. Já no caso específico das vagas remanescentes, utilizamos um processo digital, no qual a seleção é feita com base na nota do Enem do candidato.
Ton Paulo – O senhor foi empossado neste mês para seu segundo mandato à frente da reitoria da UEG. Na solenidade, o senhor mencionou que a universidade passou de pouco mais de 9 mil alunos para quase 14 mil. O que foi feito para esse aumento de graduandos?
Na verdade, essa tem sido uma diretriz prioritária da Universidade: garantir tanto o ingresso quanto a permanência dos jovens. O que fazemos de melhor é formar pessoas, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão.
Ter nossos jovens estudando na universidade nos dá a esperança de que estamos contribuindo para o crescimento deles e, consequentemente, do Estado. As políticas adotadas caminham nesse sentido: combater ao máximo as vagas ociosas, dar maior visibilidade aos processos seletivos e reduzir os índices de desistência.
Por isso, ampliamos também as políticas de permanência. A UEG tem como característica ser a universidade do interior do Estado, que forma o filho do trabalhador goiano. Hoje, 78% dos nossos alunos vêm de famílias com renda de até três salários mínimos. Ou seja, de fato formamos o filho do trabalhador.
Ampliamos as políticas de permanência. A UEG tem como característica ser a universidade do interior do Estado, que forma o filho do trabalhador goiano. Hoje, 78% dos nossos alunos vêm de famílias com renda de até três salários mínimos
Muitas vezes, no entanto, o estudante não tem condições de pagar uma cópia ou de comprar um lanche. E aí acaba desistindo: “Não, vou trabalhar, ensino superior não é para mim”. É justamente isso que a Universidade procura combater, criando mecanismos para fixar esse jovem no curso.
Atualmente, temos quase 14 mil alunos na graduação. Destes, aproximadamente mil vêm de famílias em situação de maior vulnerabilidade e recebem bolsas custeadas pelo Estado, o que garante que possam estudar sem pagar. Além disso, para que não desistam por falta de condições de subsistência, a universidade oferece uma bolsa mensal de R$ 700, que ajuda na compra de materiais e em despesas básicas. Hoje, 1.058 alunos recebem esse benefício entre os quase 14 mil matriculados.
Nós fazemos um processo seletivo, soltamos o edital para a bolsa e nesse processo seletivo buscamos atender ao aluno que mais necessita. Não estou dizendo que apenas esses necessitam, mas esses a Universidade consegue minimamente amparar, inclusive com o recurso mínimo financeiro.
Ton Paulo – O senhor acha que esse amparo foi um dos fatores que levaram a essa permanência maior dos alunos e a uma maior quantidade de matriculados?
Em 2021, a universidade vivia um momento de fragilidade. O meio acadêmico precisa de confiança, e, no contexto da pandemia, muitos estudantes, filhos de trabalhadores, tiveram que abandonar a universidade para ajudar a família. Muitos pais eram do grupo de risco e, diante dessa realidade, os jovens abriram mão dos estudos imediatamente.
Por isso, criamos uma política de recuperação, permitindo que esses alunos pudessem regressar. Durante três anos, lançamos editais específicos para que quem tivesse abandonado pudesse voltar e se restabelecer no curso superior. Isso é fundamental, porque esse jovem, em geral filho de trabalhador, muitas vezes sente que não pertence ao ensino superior, especialmente ao ensino público. Há uma ideia de que “esse espaço não é para mim”, e a universidade existe justamente para contrariar essa percepção.

Os resultados apareceram. No vestibular de 2021, tivemos cerca de 5 mil inscritos. Já no último vestibular, em 2025, o número saltou para 27 mil candidatos. Isso mostra que a UEG conseguiu se recuperar, restaurar sua credibilidade e atrair novamente o interesse da juventude goiana.
Nesse processo, realizamos oito concursos em quatro anos, contratamos centenas de professores efetivos e reorganizamos a instituição. Tivemos que abrir mão de alguns cursos em determinadas localidades, porque não era possível manter a qualidade em todos os polos. Mas, mesmo reduzindo a oferta em alguns lugares, conseguimos aumentar o número total de alunos. Isso porque o estudante passou a acreditar na universidade próxima de casa, sem precisar se mudar para a capital ou exigir que a família arcasse com custos elevados.
Assim, a UEG segue cumprindo seu papel social, especialmente na formação de professores. Somos hoje a maior formadora de docentes do país. Isso contribui diretamente para o bom desempenho da educação básica em Goiás, do ensino fundamental ao médio, já que uma parcela muito significativa dos professores que atuam no estado, e até em outros lugares, foi formada pela nossa universidade. Não conheço nenhuma outra Universidade que forme tantos professores quanto a UEG.
Italo Wolff – E isso é uma política que foi deliberada? Nós vamos fortalecer aqui as licenciaturas?
Hoje, infelizmente, há pouco interesse pelas licenciaturas. Se observarmos o cenário atual, percebemos que praticamente não se formam mais professores. Há, inclusive, uma preocupação real de que, até 2050, o país enfrente um verdadeiro apagão de docentes no ensino fundamental e médio, simplesmente porque não teremos profissionais sendo formados para assumir as salas de aula.
A UEG tem chamado a atenção para esse problema, já que a nossa principal atribuição é justamente formar professores. Metade dos cursos que ofertamos são de licenciatura, algo que poucas universidades ainda mantêm como prioridade.
O mercado, no entanto, tem direcionado os jovens para outras áreas. O bacharelado aparece como caminho para quem busca se destacar profissionalmente. O jovem de hoje dificilmente pensa em ser professor; ele sonha em ser advogado, médico, engenheiro, entre outras profissões. Antigamente, na minha época e na dos meus pais e avós, ser professor era um status, uma profissão de grande respeitabilidade.
Hoje, a carreira docente perdeu esse prestígio. Mas a UEG caminha na contramão dessa tendência. Nós não permitiremos que esse apagão de professores aconteça, porque continuamos formando licenciados com qualidade para atender a educação básica, do ensino fundamental ao médio.
Italo Wolff – O senhor mencionou uma reorganização iniciada há alguns anos, lembrando que a UEG já chegou a ter 41 campi, número maior do que possui hoje. O senhor citou, inclusive, a necessidade de cortes em alguns cursos. Como está esse processo de ajuste e readequação das contas da universidade atualmente?
Esse é um questionamento excelente, porque poder dizer que isso é uma página virada na Universidade. Fizemos esse trabalho e realmente tivemos que repensar tudo o que já havia sido feito. A universidade tem como princípio estar presente onde consegue atuar com qualidade, e, felizmente, hoje conseguimos superar essa questão. Esse assunto já não existe mais. Quando assumi, eu recebia caravanas de prefeitos e vereadores do interior, preocupados: “A UEG na minha região não pode acabar, é fundamental para nós”. Havia, de fato, um clima de insegurança. Mas isso é uma página virada na história da universidade, graças a Deus.
Hoje a UEG está estável. Conseguimos promover a reorganização necessária e contamos com o apoio do Governo do Estado, que nos autorizou a realizar concursos e investir em infraestrutura, com ampliações e reformas. Neste momento, temos 16 obras em andamento nas nossas unidades do interior.
Esse “corte na carne”, como costumamos dizer, foi duro, mas necessário. E agora já começa a dar frutos, porque cada vez mais as pessoas percebem que podem confiar na universidade. Está se formando uma nova visão de instituição, que está se consolidando pouco a pouco.
Poder falar disso é importante, para que todos saibam que esse processo já ficou para trás. Hoje, onde a UEG está presente, ela continuará ofertando educação de qualidade.
Italo Wolff – Em 2019, o então reitor afirmou em entrevista ao jornal que quase 50% dos funcionários da instituição eram de contratos temporários. Essa ainda é a realidade de hoje?
Essa realmente era a nossa realidade. Chegamos a ter uma decisão judicial: o Ministério Público acionou a universidade, e fomos obrigados, no final de 2019, a desligar uma grande quantidade de servidores temporários. Isso tornou imprescindível uma reestruturação da instituição.
Esse episódio foi, talvez, a gota d’água que tornou a ação necessária. Hoje, apenas cerca de 10% dos servidores da UEG não são efetivos. Ou seja, 90% dos professores são concursados, do quadro efetivo. Realizamos uma série de concursos e seguimos lutando por novos, porque queremos que a universidade continue avançando.
Hoje, a carreira docente perdeu esse prestígio. Mas a UEG caminha na contramão dessa tendência. Nós não permitiremos que esse apagão de professores aconteça, porque continuamos formando licenciados com qualidade
A estabilidade do quadro efetivo transforma a carreira do professor: ao passar em concurso, ele passa a ter na universidade um norte e um objetivo profissional. Atualmente, a UEG conta com 1.137 docentes do quadro efetivo e 198 professores temporários cobrindo licenças ou afastamentos.
Além disso, investimos pesadamente na qualificação desses profissionais. Os professores que ainda não concluíram mestrado ou doutorado têm incentivos para se especializar, assim como os técnicos administrativos, que também recebem apoio para realizar pós-graduação.
Com menos servidores, mas com 90% do quadro efetivo, a universidade mudou completamente sua visão e sua forma de atuar, garantindo mais estabilidade e qualidade em todos os setores.
Ton Paulo – Cerca de 10 anos atrás, a UEG tinha fama de ser uma instituição sucateada. Havia, inclusive, um termo pejorativo usado, que era Universidade Esquecida pelo Governo. Em termos de estrutura e investimentos, como está a Universidade hoje?
A UEG dobrou seu orçamento nos últimos quatro anos. Quando assumi, em agosto de 2021, o orçamento da universidade era de 234 milhões. À primeira vista, pode parecer muito, mas esse valor precisa custear tudo: política de bolsas, folha de pagamento, investimentos e custeio em geral.
Hoje, o orçamento da UEG é de 535 milhões. Confesso que ainda me impressiona falar esse número, porque representa uma grande responsabilidade. Na gestão pública, não basta ter o orçamento; o mais importante é a execução dele.

Quando assumi, a UEG estava entre os órgãos do Executivo estadual com menor execução orçamentária: ocupava a 44ª posição entre cinquenta e poucos órgãos. Ou seja, recebia o orçamento, mas não conseguia gastá-lo. A primeira mudança significativa que implementamos foi exatamente essa: garantir que os recursos chegassem efetivamente aos alunos.
Hoje, a universidade saltou da 44ª para a 4ª posição em execução orçamentária. Atualmente, 99% dos recursos recebidos são efetivamente aplicados — sempre respeitando os limites legais e processos de licitação. Essa mudança faz com que todos percebam que a universidade está avançando.
Além disso, dobrar o orçamento possibilitou criar uma carreira para os docentes e investir em infraestrutura e recursos, sempre com foco nas atividades da universidade. Queremos reformar ambientes para que a pesquisa aconteça com qualidade e que os alunos tenham melhores condições de aprendizado.
A grande meta de um segundo mandato é concluir essa transformação e tornar a universidade um ambiente humano e acolhedor. Afinal, a UEG lida com o filho do trabalhador e não pode ser fria; ela precisa ser uma instituição que acolhe, forma e transforma vidas.
Italo Wolff – O que podemos sobre a infraestrutura da UEG? Porque essa é uma das grandes dificuldades de todas as Universidades Públicas, por causa da natureza das licitações, manter os laboratórios em dia e etc.
Com certeza, essa é uma dificuldade das universidades públicas. Na UEG, estamos investindo fortemente para que isso se torne uma realidade. A universidade tem 63 anos de história. Desde a criação da Facea e da Eseffego, ainda no governo Mauro Borges, sempre houve a preocupação com o uso responsável do dinheiro público, garantindo que seja bem investido. Por isso, a universidade tem adotado uma postura conservadora: gastar os recursos de forma planejada e eficiente. Temos feito obras e avançado, mas essa é uma espécie de “calcanhar de Aquiles”.
No serviço público, uma obra leva tempo: desde o planejamento, projeto e licitação até a execução final, o processo é longo. Diferente do setor privado, onde você chama o pedreiro ou engenheiro e em poucos dias a obra já está pronta, no serviço público esse lapso temporal é inevitável. Ainda assim, estamos conseguindo tocar os projetos e investir de forma significativa.
Atualmente, a equipe de infraestrutura da UEG executa 16 obras em andamento nas unidades. Estamos adequando o planejamento e climatizando todas as salas de aula, garantindo os pré-requisitos elétricos necessários. Além disso, estamos construindo seis subestações elétricas.
Também estamos reformando unidades para criar espaços específicos, como a clínica do curso de Psicologia. Para isso, fizemos um concurso para estruturar o curso, que foi aberto de forma inovadora, mas agora está devidamente organizado. Temos obras em diversas cidades do Estado, Uruaçu, Itumbiara, Caldas Novas, Silvânia, para garantir que nossas unidades ofereçam conforto, alimentação e dignidade aos acadêmicos.
Ton Paulo – Como está o diálogo, hoje, da Universidade com a associação dos docentes?
O sindicato e a associação dos docentes têm, por princípio, a busca constante pela melhoria das condições de trabalho dos professores. Eu não sou contra essa visão. O que acontece é que nem sempre temos os recursos necessários para atender todas as pautas, mas conseguimos avançar bastante. Um dos maiores pontos de tensão foi, por exemplo, a elaboração do novo plano de carreira para os docentes.
Hoje, a UEG possui um plano de carreira que, em termos de vencimento, é até melhor que o da UFG. Isso foi fruto de uma luta coletiva: a associação utilizou todas as ferramentas de reivindicação à disposição, a reitoria trabalhou para avançar, e o governo se sensibilizou, oferecendo apoio significativo para que o plano se tornasse realidade.
Eu me reconheço como trabalhador e professor da universidade. A relação com os docentes nunca foi de tensão pessoal; o que acontece é que nem sempre conseguimos estar do mesmo lado da mesa. Por isso, é fundamental sentar e dialogar. E isso tem ocorrido de forma extremamente respeitosa dentro da UEG, que prima pelo direito à fala.

Sempre que a associação, dos docentes ou dos técnicos, solicita, há abertura para diálogo e discussão de pautas. Um exemplo é a pós-graduação para os técnicos, que nasceu de uma reivindicação da própria associação. A universidade ouviu, planejou e transformou essa necessidade em realidade, promovendo capacitação e formação continuada. A UEG é, portanto, um espaço de pluralidade e de direito à expressão. Podemos discordar de ideias, mas todos têm o direito de se manifestar. E esse é um exercício que a universidade pratica diariamente.
Ton Paulo – E como o senhor avalia o processo eleitoral deste ano? Teve turbulências?
Foi o melhor processo eleitoral da história da universidade. Teve altíssimo nível. Hoje, posso afirmar que o processo promoveu um debate profundo sobre a universidade, com propostas e visões diferentes, todas voltadas para o crescimento da instituição.
Não houve nenhuma denúncia à Comissão Eleitoral por ataques pessoais ou questões menores, nem houve necessidade de assessoria jurídica ou cartas de resposta. Nada disso aconteceu. Os debates foram propositivos e enriquecedores, apresentando visões distintas de maneira construtiva.
Para a universidade, isso foi muito positivo: o processo eleitoral fortaleceu a instituição. Não lembro de outro processo recente com esse nível de discussão, em que diferentes visões de mundo foram apresentadas de forma tão construtiva. Os debates gravados mostram claramente essa qualidade.
Tenho enorme orgulho de afirmar isso: a universidade demonstrou grande maturidade e capacidade de conduzir um processo eleitoral tão sólido. Esse é, sem dúvida, um motivo de orgulho para todos na UEG.
A universidade saltou da 44ª para a 4ª posição em execução orçamentária. Atualmente, 99% dos recursos recebidos são efetivamente aplicados
Quero reforçar que, em relação ao ensino superior, talvez pudéssemos organizar um fórum de professores para entender a desilusão que muitos jovens têm hoje em dia. Atualmente, muitos estudantes sonham em ser youtubers ou atletas que depois se tornam influenciadores digitais, o que cria dificuldades para encontrar bons estagiários, por exemplo.

Esse fenômeno é sintomático em praticamente todos os lugares. A UEG, no entanto, busca ser uma ferramenta de transformação de vidas. Imagine o impacto de um filho de trabalhador, de uma família humilde, que se forma na universidade e conquista um novo patamar de vida.
Embora eu não goste muito de usar a expressão “produto final” na educação, é, de certa forma, minha prestação de contas para a sociedade: devolver à comunidade jovens graduados, capazes de alcançar novos horizontes. Minha paixão pelo ensino superior está exatamente nisso: fazer com que ele seja cada vez mais transformador.
Quando o jovem se forma, ele leva consigo a esperança de continuar avançando e atingir um novo patamar em sua vida, beneficiando também sua família e a comunidade ao redor.
Ton Paulo – E como é a relação da UEG com o governo do Estado?
O governador, mesmo diante de medidas impopulares que tomei, imagine o custo político de descontinuar uma unidade, sempre me deu muita liberdade para implementar o que planejamos. A universidade fez o planejamento, executou e agora já colhe frutos, respeitando suas próprias regras.
Ele nunca me ligou para questionar uma decisão tomada na universidade, mesmo considerando o impacto político de algumas medidas.
Eu não sou político, sou professor de carreira, então trato as questões do Estado de forma técnica: apresento o projeto, o custo envolvido e os benefícios esperados. O Estado analisa, entende o mérito e, quando faz sentido, apoia. Dessa forma, conseguimos avançar, sempre com interlocução aberta e pautas sensíveis sendo consideradas.
Essa liberdade é uma grande vantagem. Estamos em uma luta contínua pela valorização dos profissionais: já temos um bom plano de carreira para docentes e seguimos trabalhando pelo mesmo reconhecimento aos técnicos. A universidade entende que, com esses passos, continuará crescendo e fortalecendo sua missão.