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À frente da Polícia Civil de Goiás desde 2023, o delegado-geral André Ganga conduz uma gestão pautada pela integração entre as forças de segurança, investimento em inteligência policial e fortalecimento da ação operacional. Com mais de duas décadas de experiência em unidades especializadas, Ganga lidera a instituição em um momento de recordes históricos em operações, prisões e resolutividade de homicídios, colocando Goiás entre os estados com os melhores índices de investigação do país.

Nesta entrevista ao Jornal Opção, ele analisa os principais avanços alcançados nos últimos anos, destaca a atuação da Polícia Civil no combate ao crime organizado e à violência contra a mulher, e comenta temas estratégicos como o uso de tecnologia, a PEC da Segurança Pública e a relação com o governo estadual. Ganga também projeta os desafios e prioridades para 2025, reforçando o compromisso da instituição com a redução contínua da criminalidade e a valorização dos profissionais de segurança.

Ton Paulo — O senhor assumiu como delegado-geral da Polícia Civil de Goiás em 2023. Como estava a situação da instituição naquele momento? Quais foram os principais desafios?

Os delegados-gerais que me antecederam no governo Ronaldo Caiado (UB), desde 2019, fizeram um bom trabalho. Tenho mais de 20 anos de atuação na área operacional e, ao assumir a gestão, busquei reforçar três pilares: inteligência, integração com outras forças de segurança e valorização da atividade operacional. A partir de 2023, batemos recordes históricos em operações, prisões, medidas cautelares e inquéritos remetidos pela Polícia Civil.

Em 2024, mantivemos esse ritmo. De janeiro a abril, os números já superaram os do ano anterior. Só em 2023, realizamos 151 operações fora do Estado e prendemos 496 foragidos, sempre em cooperação com outras polícias. Essa atuação interestadual só é possível com troca de informações e inteligência integrada, que se tornaram fundamentais para nossa eficiência.

Italo Wolff — Quando o senhor fala em “inteligência”, o que isso significa na prática?

Reforçamos a equipe dedicada à área de inteligência e fizemos investimentos importantes em software e equipamentos para a Superintendência de Inteligência e para a Gerência de Análise Criminal. Também distribuímos esses recursos para as delegacias regionais, ampliando a capilaridade do trabalho investigativo e o monitoramento de criminosos que atuam fora de Goiás.

André Ganga é entrevistado por Ton Paulo e Italo Wolff | Foto: Guilherme Alves / Jornal Opção

Italo Wolff — Que medidas têm sido adotadas para ampliar a integração da Polícia Civil com os sistemas de videovigilância?

Estamos firmando convênios com instituições privadas para integrar sistemas de videomonitoramento, com foco na identificação facial. A ideia é cruzar esses dados com os nossos bancos de dados — tanto o de foragidos quanto os registros civis do Instituto de Identificação. Também estamos utilizando imagens de câmeras instaladas em rodovias, cidades e em propriedades privadas, o que amplia significativamente nossa capacidade de monitoramento e resposta.

Ton Paulo — Como está a integração da Polícia Civil com outras forças, como a Polícia Militar e a Polícia Técnico-Científica?

Hoje temos integração total. Esse sempre foi um dos pilares da nossa gestão, e o secretário de Segurança Pública, coronel Renato Brum, tem incentivado fortemente essa cooperação. A troca de informações entre as forças está muito fluida, não apenas com a Polícia Militar e a Polícia Técnico-Científica, mas também com o Corpo de Bombeiros, a Polícia Penal, e instituições da esfera federal, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. No nível municipal, temos diálogo com as guardas civis. Essa integração é um diferencial de Goiás em comparação com outros estados, e tem sido um dos fatores que impulsionam nossos resultados positivos.

Ton Paulo — Uma das principais cobranças do governador tem sido a redução da violência contra a mulher. O Atlas da Violência mais recente mostra queda nos índices de feminicídio. Quais medidas contribuíram para esse resultado?

Desde que assumi a Delegacia-Geral, uma das prioridades estabelecidas pelo governador foi o combate à violência contra a mulher. Embora houvesse expectativa de redução desses crimes por meio da conscientização e mudança cultural, ainda vivemos em uma sociedade machista, e essa realidade infelizmente persiste.

Para reduzir os crimes contra a mulher, criamos em 2023 a primeira Delegacia Estadual do Atendimento à Mulher — até hoje a única No Brasil. Isso gerou incremento de efetivo focado neste tipo de atendimento e estabeleceu um padrão no atendimento às mulheres para as demais delegacias no Estado. 

Nós criamos recentemente, em 2025, o Observatório de Violência Doméstica, que está aqui na nossa Gerência de Análise Criminal. No Observatório, um software usa inteligência artificial para cruzar dados de Registros de Atendimento Integrado (RAIs) e gerar mapas com regiões mais afetadas pela violência doméstica. A PC-GO usa a informação para acompanhar mulheres que foram vítimas de violência e estão com medidas protetivas e para orientar o Batalhão Maria da Penha

Conseguimos prestar atendimento diferenciado nas regiões com maior incidência de casos. É uma ferramenta que permite saber onde podemos levar a delegacia itinerante, por exemplo. Em regiões com incidência maior de crimes contra a mulher, fazemos campanha de conscientização e executamos nossos programas de prevenção para precaver novos casos. 

André Ganga: “Hoje há integração total entre as forças. Esse sempre foi um dos pilares incentivados pelo secretário de Segurança Pública, coronel Renato Brum” | Foto: Guilherme Alves / Jornal Opção

Italo Wolff  — Há casos em que, mesmo com esses avanços, ainda é difícil prevenir totalmente os crimes?

Sim. Infelizmente, há situações em que a vítima não tem nenhum registro anterior, o que dificulta qualquer tipo de ação preventiva. Foi o caso recente do feminicídio ocorrido em um supermercado atacadista, por exemplo — não havia qualquer ocorrência anterior envolvendo a vítima.

Por isso, além da atuação policial, trabalhamos em conjunto com o Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública e as áreas de assistência social. A proteção à mulher precisa ser integral: não apenas criminal, mas também social e econômica. Nosso objetivo é garantir acolhimento e romper o ciclo de violência, oferecendo condições reais para que essas mulheres reconstruam suas vidas.

Italo Wolff — O Atlas da Violência aponta redução de diversos crimes, como homicídios e mortes por arma de fogo. A que o senhor atribui esses resultados?

Desde 2019, quando o governador Ronaldo Caiado assumiu, houve um apoio claro e constante às forças de segurança. Esse respaldo, aliado ao trabalho integrado entre as instituições, resultou em queda expressiva de diversos índices de criminalidade, especialmente os crimes violentos.

Um exemplo é o roubo de carga, cuja redução foi histórica. Isso impacta diretamente o consumidor, já que seguros mais caros para transportadoras acabam sendo repassados ao preço final dos produtos. O mesmo acontece com os roubos de veículos — com a diminuição dos casos, o custo do seguro também cai, beneficiando a população.

Outro destaque é a queda dos homicídios com armas de fogo, que antes estavam muito ligados a disputas entre facções criminosas. Para enfrentar essa realidade, fortalecemos a atuação operacional da Polícia Civil em todo o território estadual, incentivamos os grupos de investigação de homicídios no interior e reforçamos o trabalho da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH).

Em 2024, dados do Instituto Sou da Paz indicaram que Goiás teve 86% de resolutividade dos casos de homicídio em 2022, enquanto a média nacional era de 36%. Nossos próprios dados mostram que, em 2024, alcançamos 91,5% de resolutividade. São índices comparáveis aos de países europeus, e isso tem efeito direto na prevenção: a certeza de que o crime será investigado e punido inibe novos homicídios. Além disso, temos buscado autores foragidos inclusive fora do Estado, em articulação com polícias de todo o país.

André Ganga: “Nossos dados indicam que Goiás teve 91,5% de resolutividade dos casos de homicídio; o instituto Sou da Paz divulgou que a média nacional era de 36% em 2022″ | Foto: Guilherme Alves / Jornal Opção

Italo Wolff — E como Goiás conseguiu alcançar uma taxa de resolutividade tão acima da média nacional? O que pode servir de exemplo para outros estados?

O principal fator é a estrutura da Polícia Civil de Goiás. Temos um sistema que não deve nada a nenhum outro estado brasileiro, tanto em termos de equipamentos quanto de capacidade técnica. Mas o grande diferencial está na integração: dentro da própria Polícia Civil — com comunicação direta e eficiente entre delegacias — e também com outras forças de segurança, como Polícia Militar, Polícia Técnico-Científica, Polícia Penal, além de instituições como o Ministério Público e o Poder Judiciário.

Muitos estados enfrentam dificuldades porque suas delegacias funcionam de forma isolada, como “ilhas”. Aqui em Goiás, atuamos de forma coordenada e estratégica, o que se reflete diretamente na resolutividade dos casos.

Ton Paulo — O Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol) tem feito manifestações pedindo maior valorização da carreira. Como está o diálogo com os representantes da categoria?

Esse diálogo nunca foi interrompido. As conversas são constantes e ocorrem dentro do entendimento de que o governo enfrenta limitações orçamentárias. Goiás está inserido no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e no Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), o que impõe regras rígidas, principalmente no que diz respeito à folha de pagamento e ao teto da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Sabemos que a valorização da categoria é legítima, e é natural que sindicatos busquem melhorias para seus representados. O importante é que as negociações continuam em busca de soluções viáveis, com diálogo permanente entre as partes.

Italo Wolff — E quanto ao investimento em estrutura, equipamentos e modernização da Polícia Civil? Como está esse processo?

Hoje, a estrutura da Polícia Civil de Goiás é referência para outros estados. Um marco importante é o início da fundação do novo Complexo Estadual da Polícia Civil, no bairro Cidade Jardim — um projeto que estava há mais de uma década em fase de planejamento e agora finalmente saiu do papel. Quando finalizado, será um dos maiores e mais modernos complexos de segurança pública do país.

Também retomamos a operação aérea da Polícia Civil. Desde a queda do helicóptero em 2012, nossa unidade aérea estava desativada. O governador adquiriu uma nova aeronave e, até dezembro ou janeiro, ela já estará operando, reforçando significativamente a atuação operacional da instituição.

Além disso, investimos em armamentos de ponta, equipamentos de proteção individual, uniformes — que agora são fornecidos pelo Estado, sem custos para o policial —, viaturas novas, revitalização de delegacias, aquisição de computadores, mobiliário e ferramentas de inteligência.

Outro ponto importante é a atenção à saúde do servidor. Criamos uma seção especializada para oferecer atendimento psicológico e psiquiátrico gratuito aos nossos policiais. É um cuidado necessário para garantir o bem-estar de quem está na linha de frente da segurança pública.

André Ganga “Temos orgulho de afirmar que, em Goiás, não existe um palmo de terra onde a polícia não entre” | Foto: Guilherme Alves / Jornal Opção

Ton Paulo — Qual é o efetivo atual da Polícia Civil? Há previsão de novos concursos?

Hoje, a Polícia Civil de Goiás conta com cerca de 4 mil servidores, entre agentes, delegados, escrivães e papiloscopistas. Recentemente, finalizamos um concurso e ainda há candidatos aprovados sendo convocados. Assim que esse processo for encerrado, já estamos preparando a estruturação para um novo concurso.

Apesar de termos conseguido suprir algumas vagas, o número de aposentadorias é alto, o que exige reposição constante. Nosso objetivo é garantir efetivo suficiente para atender todos os 246 municípios do Estado. Em cidades maiores, como Goiânia e outros polos regionais, o efetivo é adequado, mas ainda há localidades com déficit. O próximo concurso será para os quatro cargos da instituição: agente, escrivão, papiloscopista e delegado.

Italo Wolff — O senhor mencionou que o combate às facções contribuiu para a queda dos homicídios. Como se dá o monitoramento dessas organizações criminosas? Goiás tem conseguido conter o avanço desses grupos?

O monitoramento das facções é realizado de forma integrada pelas superintendências de inteligência da Secretaria de Segurança Pública e da Polícia Civil, além de delegacias especializadas como Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Homicídios, Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) e Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic).

Temos orgulho de afirmar que, em Goiás, não existe um palmo de terra onde a polícia não entre. Em outros estados, infelizmente, vemos regiões dominadas por facções, onde a  a própria polícia não pode entrar. Aqui, nossas viaturas entram em qualquer localidade — a presença do Estado é plena.

As facções tentaram se firmar em Goiás, mas foram contidas. Muitos de seus líderes estão presos, foragidos ou morreram em confrontos. Só em 2024, por exemplo, conseguimos prender 78 lideranças faccionadas no Rio de Janeiro, em operações realizadas por nossas equipes. Esse trabalho permanente de inteligência e repressão tem evitado que essas organizações se enraízem no Estado.

Ton Paulo — Qual sua avaliação sobre a PEC da Segurança Pública proposta pelo governo federal? Muitos apontam que ela pode retirar a autonomia dos estados no combate à criminalidade. O senhor concorda?

A proposta é vista, entre os profissionais de segurança pública, como a “PEC do caos”. Ela não traz ganhos práticos ou efetivos e tende a gerar conflitos de integração entre as forças federais e estaduais. Na prática, tira a autonomia das polícias estaduais — justamente aquelas que conhecem a realidade local e têm contato direto com os problemas de segurança.

Cada estado tem suas particularidades, e são as polícias estaduais que estão mais preparadas para atuar conforme essas especificidades. Em vez de reduzir suas prerrogativas, o ideal seria fortalecer os estados com mais recursos e investimentos.

Os estudos que realizamos indicam que essa PEC pode, inclusive, levar à redução de repasses para segurança pública. Ela cria normas gerais e condiciona o envio de recursos federais ao cumprimento dessas regras — o que compromete a autonomia dos estados. Além disso, é temerário ampliar atribuições da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal, que têm efetivo reduzido e não conseguem atuar com capilaridade nacional. É um modelo que tenta centralizar sem dialogar com delegados-gerais, comandantes e secretários de segurança pública. Isso pode gerar um sério retrocesso na segurança pública do país.

André Ganga “As facções tentaram se firmar em Goiás, mas foram contidas. Muitos de seus líderes estão presos, foragidos ou morreram em confrontos.” | Foto: Guilherme Alves / Jornal Opção

Italo Wolff — Se o senhor pudesse sugerir medidas para auxiliar os estados com mais dificuldades na segurança pública, quais seriam? Que alternativas apresentaria ao Sistema Único de Segurança Pública (SUSP)?

O SUSP já existe há bastante tempo e não há necessidade de estabelecer novas diretrizes via PEC. O que falta, na verdade, é o governo federal colocar esse sistema em prática com mais efetividade, por meio de investimentos consistentes.

Os estados precisam de apoio, principalmente financeiro e estrutural. Tentar centralizar responsabilidades em Brasília é um erro — a União não tem capilaridade suficiente para atender de forma eficiente todos os estados. O papel do governo federal deve ser o de fortalecer os estados, não limitar sua atuação. Em vez de impor regras, é preciso apoiar os estados onde a segurança pública enfrenta mais dificuldades, respeitando suas realidades e oferecendo os recursos necessários para que possam reagir de forma eficaz.

Italo Wolff — Existe a percepção popular de que “a polícia prende e a justiça solta”. O senhor acredita que o Código Penal deveria passar por uma revisão?

O problema é mais profundo do que apenas revisar o Código Penal. Temos boas legislações no Brasil — o Código Penal, o Código de Processo Penal e a Lei de Execução Penal. O que precisa ser discutido é a forma como essas leis vêm sendo aplicadas, especialmente no que diz respeito ao cumprimento das penas.

No caso de um homicídio, por exemplo, o crime não destrói apenas a vítima, mas toda uma família. A expectativa das famílias é de que haja punição proporcional. No entanto, com as possibilidades de progressão de regime e os benefícios legais existentes, muitas vezes o autor do crime cumpre menos de oito anos de pena. Isso gera uma sensação de impunidade e injustiça.

Acredito que é preciso maior rigidez no cumprimento das penas, principalmente para crimes graves. Isso desestimula a reincidência e fortalece o trabalho das polícias. A revisão legislativa deve focar na efetividade das punições — só assim conseguiremos reduzir a criminalidade de forma consistente.

“Cidades do Entorno que antes figuravam entre as mais violentas do Brasil, proporcionalmente, já não aparecem mais nesses rankings. Isso é reflexo direto da atuação robusta da Polícia Civil”, diz André Ganga. Na foto, Luziânia | Foto: Reprodução

Ton Paulo — Como está a atuação da Polícia Civil de Goiás na região do Entorno do Distrito Federal? Já houve disputa de competência com a Polícia Civil do DF. Como está essa relação atualmente?

Hoje temos três regionais no Entorno: Formosa, Águas Lindas e Luziânia. São as regionais que mais receberam incremento de efetivo, viaturas e equipamentos nos últimos anos. Fortalecemos as equipes com delegados, agentes e escrivães, além de modernizar a estrutura das delegacias, que antes estava muito aquém da média do Estado.

Cidades do Entorno que antes figuravam entre as mais violentas do Brasil, proporcionalmente, já não aparecem mais nesses rankings. Isso é reflexo direto da atuação mais robusta da Polícia Civil.

Também temos, hoje, uma relação de integração muito próxima com a Polícia Civil do Distrito Federal. Compartilhamos informações, realizamos operações conjuntas, trocamos dados de inteligência. Essa cooperação tem sido fundamental para a queda nos índices de criminalidade da região.

Italo Wolff — O senhor mencionou um número recorde de operações. Que tipo de crimes essas ações combateram?

As operações abrangem diversos tipos de crimes: estelionato eletrônico, estelionato convencional, homicídios, tráfico de drogas, roubo de cargas, entre outros. Em 2024, realizamos 151 operações fora de Goiás, que resultaram na prisão de 496 foragidos. Dentro do estado, foram 7.411 prisões — um aumento de 42% em relação a 2023.

Também registramos 7.274 operações realizadas no Estado em 2024, representando um crescimento de mais de 45% em relação ao ano anterior. Somente em 2024, a Polícia Civil remeteu 67.137 inquéritos com autoria definida, o que reforça nosso índice de resolutividade e demonstra a efetividade das investigações.

Registramos 7.274 operações realizadas no Estado em 2024, representando um crescimento de mais de 45% em relação ao ano anterior

Italo Wolff — Desde 2023, não houve registro de crimes ligados ao chamado “Novo Cangaço”. Quais ações contribuíram para esse resultado?

Desde o início do governo Ronaldo Caiado, trabalhamos para acabar com crimes como estouros de caixas eletrônicos, domínios de cidades e roubos a instituições financeiras — todos associados ao modus operandi do Novo Cangaço.

As investigações, operações e prisões feitas nesse período foram decisivas. Todas as quadrilhas que atuavam em Goiás nesse tipo de crime foram desarticuladas. Inclusive, temos interceptações em que criminosos afirmam preferir cometer esses crimes em outros estados, por saberem da dificuldade de agir aqui.

Esse resultado é fruto do trabalho integrado de inteligência, da eficiência investigativa e da pronta atuação operacional da Polícia Civil. O impacto dessas ações vai além do prejuízo financeiro: elas evitam o pânico generalizado que esse tipo de crime costumava causar nas cidades do interior.

Ton Paulo — Quais são as metas e objetivos da Polícia Civil para os próximos anos? Há algum obstáculo que precisa ser superado?

Em 2025, temos parcerias firmadas para ampliar o videomonitoramento em Goiás. Essa é uma ferramenta fundamental para reforçar o trabalho de inteligência e otimizar o uso do efetivo, já que uma câmera consegue monitorar uma área extensa, reduzindo custos e aumentando a eficiência.

Também avançaremos com a reestruturação da instituição, a ampliação da unidade aérea e o incremento de equipamentos. Nossa estratégia é expandir o que já está funcionando, principalmente levando essas ações de sucesso para o interior do Estado.

Não vejo hoje um obstáculo urgente. O desafio principal é manter a curva de redução dos índices de criminalidade, com o mesmo foco e eficiência que temos demonstrado.

Ton Paulo — A Polícia Civil tem contado com forte apoio do governador Ronaldo Caiado. Qual a expectativa para 2026, quando o governador deve disputar a presidência e o vice-governador Daniel Vilela deve assumir o Executivo estadual?

O vice-governador Daniel Vilela acompanha de perto a gestão desde o início e compartilha da mesma preocupação com a segurança pública. Ele tem total compreensão da importância da área para a população de Goiás e sempre demonstrou sensibilidade às pautas das forças de segurança.

Por isso, nossa expectativa é de continuidade. O trabalho feito pelo governador Ronaldo Caiado transformou Goiás em referência nacional, e acreditamos que essa linha de atuação será mantida. Temos confiança de que, assumindo o governo, Daniel Vilela seguirá valorizando as forças de segurança e apoiando as ações que nos permitiram alcançar esses resultados históricos.