Goiás aposta em tecnologia e EJA para combater analfabetismo funcional

15 setembro 2025 às 16h55

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Apesar dos avanços conquistados nas últimas décadas, o Brasil ainda enfrenta índices preocupantes de analfabetismo absoluto e funcional. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2024, 9,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais não sabiam ler nem escrever, correspondendo a 5,3% da população adulta.
Além disso, o Indicador de Analfabetismo Funcional (Idaf) aponta que cerca de 29% dos brasileiros eram considerados analfabetos funcionais. Em Goiás, políticas públicas voltadas à Educação de Jovens e Adultos (EJA) e programas de alfabetização têm gerado resultados concretos na redução desse cenário, tanto em nível estadual quanto municipal.
Ao Jornal Opção, a Secretaria de Estado de Educação de Goiás (Seduc-GO) informou que, entre 2019 e 2024, o estado registrou a redução de 72 mil pessoas analfabetas, passando de 285 mil para 213 mil.
O índice populacional caiu de 5,1% para 3,6%, uma queda de 1,5 ponto percentual. Ainda conforme a Seduc, parte desse avanço se deve ao Programa Alfabetização e Família, que alfabetizou diretamente 4.525 pessoas, representando 17,89% do impacto total da redução no período.
Expansão da EJA e uso da tecnologia
Além do programa, a Seduc afirmou que ampliou a oferta da Educação de Jovens e Adultos (EJA) integrada à qualificação profissional, em parceria com instituições como o Instituto Federal de Goiás (IFG), fortalecendo também o combate ao analfabetismo funcional.
Outro destaque é o EJATEC, modalidade mediada por tecnologia que democratiza o acesso ao ensino. Atualmente, conta com 30 polos de Ensino Fundamental, com 5.359 estudantes, e 67 polos de Ensino Médio, que atendem 11.404 alunos, mais de 16 mil matrículas ativas em 2024.
O estado também aderiu ao Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo (Pacto-EJA), que oferece formação continuada a professores e incentiva a busca ativa em territórios mais vulneráveis.
Com foco em áreas rurais e comunidades de difícil acesso, Goiás implementa o GoiásTec, modelo de ensino mediado por tecnologia em que mestres e doutores ministram aulas remotas.
De acordo com a Seduc, resultados expressivos já foram registrados, como no Colégio Estadual Professora Aurelice, que obteve o melhor desempenho em redação no Enem 2024 entre as escolas públicas, segundo o MEC.
Outras medidas incluem mais de R$ 1 bilhão investidos em transporte escolar desde 2019, reajuste no valor da alimentação escolar e o programa Bolsa Estudo, voltado ao combate à evasão.
A Seduc também informou que tem integrado a temática ambiental ao currículo, com aulas eletivas sobre justiça climática e projetos comunitários. Para enfrentar altas temperaturas, todas as escolas recebem anualmente recursos para climatização e melhoria da infraestrutura, embora algumas unidades ainda enfrentam limitações técnicas para instalação de ar-condicionado.
Ações da Prefeitura de Goiânia
Na capital, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou em nota à reportagem que reforça a EJA como política de transformação social. A rede municipal mantém 17 escolas com turmas de primeiro segmento da EJA, além de oito turmas de extensão e outras oito do Programa Brasil Alfabetizado (PBA), voltadas a jovens, adultos e idosos.
A gestão também aposta em parcerias com o IFG, oferecendo a modalidade EJA-EPT, que alia alfabetização a cursos profissionalizantes em áreas como modelagem, edificações e informática, com bolsas de incentivo.
Para ampliar o acesso, a SME disse que tem adotado busca ativa em ocupações urbanas, abertura de salas em locais alternativos, horários diferenciados e apoio logístico, com transporte, uniformes, kits escolares e jantares para os estudantes do período noturno.
Além disso, a rede municipal afirmou que adapta as práticas pedagógicas às condições climáticas adversas, investindo em atividades externas e projetos inovadores, como a Horta Noturna, que une sustentabilidade, alimentação e aprendizado.
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