Estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Goiás (UFG) estão revoltados com a falta de espaço que recebem na Rádio Universitária. Segundo denúncia do Centro Acadêmico de Jornalismo – Consuelo Nasser, o local deveria ser destinado para o aprendizado dos alunos, mas isso não está acontecendo. Pelo contrário, a produção realizada pelos discentes está sendo colocada em segundo plano.

Segundo o CAJ, os programas destinados para os estudantes estão sendo colocados em canais alternativos, fora da transmissão de rádio. Por exemplo, o “Doutores da Bola”, um programa de transmissão esportiva, está em streaming secundário no site. Já a revista eletrônica “Matéria Prima”, com quadros envolvendo cultura e artes, foi suspenso.

“A Rádio Universitária está cada vez menos universitária”, lamenta o estudante Matheus Oliveira, participante dos programas de laboratório. “Eles estão querendo afunilar o conteúdo e jogar os alunos para fora do espaço, deixando de fora da programação. Como que se apreende a prática jornalística sem nenhum laboratório para treinar?”, questiona.

Para o ex-monitor do “Doutores da Bola”, Gabriel Antonelly, a mudança do programa para um streaming do site causou prejuízos para os alunos. “Rebaixar a gente para esse streaming secundário, não sendo nem o principal, causou diversos problemas técnicos. Quem não tinha familiaridade não conseguia acompanhar as transmissões”, explica.

Segundo Antonelly, os problemas são culpa da direção e não dos técnicos que trabalham no local. Ele ainda fez questão de ressaltar a importância da ajuda dos servidores que realizam funções. Além de pontuar a falta de diálogo com o alto escalão do veículo.

“Eles marcavam reuniões com o objetivo de justificar algumas questões, mas o problemas não eram resolvidos. Na minha opinião pessoal, isso parecia mais algo protocolar para deixar registrado nos arquivos. Só que isso nunca contribuiu com a solução real do problema”, conta o estudante.

Atualmente, os alunos de jornalismo temem que a Rádio remova todos os programas destinados para os estudantes. Não só o “Doutores da Bola” e “Matéria Prima”, mas também o “Estação Esportiva” e o “Goiáscast”. Uma situação que prejudica o aprendizado e as primeiras experiências profissionais no jornalismo.

Em resposta, a diretora da Rádio Universitária, Márcia Boaratti, afirmou que os programas não estão sendo deixados de lado. Ela garante que o local continua apoiando as atividades laboratoriais dos alunos da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC). Entretanto, confirma que manterá a “experimentação livre” dos estudantes apenas no streaming da rádio, com apoio técnico e logístico.

“Não existe a proposta de exercer controle sobre as produções dos estudantes”, frisa a diretora da emissora. “Somos uma concessão pública, em que a direção da emissora e a gestão superior da UFG são responsabilizadas por todo conteúdo veiculado. A experimentação livre por parte dos laboratórios está garantida no streaming com todo apoio técnico e logístico da emissora”, acrescenta.

Boaratti também conta que houve uma reformulação porque a emissora está em fase final de transição para a banda FM, com orientação de uma consultoria contratada. Por isso, os projetos dos estudantes foram deixados de lado até a confirmação da nova programação. “A nova grade foi apresentada aos professores das disciplinas de radiojornalismo da FIC, inclusive com a possibilidade de ampliação da participação com novos projetos” pontua.

A expectativa é de que a migração seja concluída no dia 31 de dezembro de 2023.

O diretor da FIC, professor Daniel Christino, ainda reforçou que a emissora não é subordinada a faculdade, sendo um órgão de comunicação da UFG. Entretanto, as disciplinas e laboratórios de radiojornalismo continuarão sendo realizadas na Rádio Universitária.

“O espaço continua como um local de ‘sala de aula’, um laboratório para os estudantes realizarem exercícios de radiojornalismo. Entretanto, o que vai mudar é que a emissora quer selecionar a produção realizada. A Rádio quer opinar sobre a qualidade e o tipo dos programas que vão para o ar”, explica o docente.