13 principais generais eleitorais da campanha de 2024 em Goiás. Estão jogando 2026

28 maio 2023 às 00h00

COMPARTILHAR
Cada eleição tem sua história específica e, portanto, exige um novo tipo de aliança. O governante que estiver no poder há oito anos — o que gera desgaste — e planeja eleger seu sucessor terá de ampliar a aliança política, atraindo adversários (ex-aliados ou não), com o objetivo de enfraquecer aquele que vai enfrentar seu candidato.
Veja-se a ação do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, e do vice-governador Daniel Vilela, do MDB. Mal terminou a eleição de 2022, com uma vitória consagradora, os dois começaram a articular politicamente. Eles planejam reforçar as bases no interior, com as eleições para prefeito e vereador, em 2024, com vistas a constituir uma estrutura político-eleitoral para 2026. Recentemente, conquistaram o passe político de Gustavo Mendanha, o que contribui para enfraquecer, ainda mais, as oposições.
Na política, há os cabos e os generais eleitorais. Não se faz nenhuma campanha sem os cabos — aqueles que levam os nomes dos postulantes para as ruas e redes sociais (que são ruas digitais) — e sem os generais eleitorais.
Os generais eleitorais estabelecem as táticas em função das estratégias — e vão adaptando-as de acordo com as circunstâncias. Noutras palavras, os generais eleitorais — que nada têm a ver com militares — interferem no presente, para se fortalecer no presente, e também para começar a construir o futuro (que não existe no futuro, pois é uma construção do presente). Neste sentido, poucos políticos têm a percepção de Ronaldo Caiado — no momento, o maior general eleitoral de Goiás. Quem observar suas ações, sempre procurando agregar novas forças, certamente aprenderá muito desta arte tão difícil e complexa chamada Política.
Há outros generais atuando, desde já, tendo em vista as eleições de 2024 e 2026. Os que estão conectando as duas são os que vão sair mais fortes do processo. Há, portanto, generais mais articulados e há generais razoavelmente articulados. Os principais estão listados abaixo, em ordem alfabética e não de relevância política.
O presidente da Federação da Agricultura no Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, pode ser listado entre os generais? Talvez. O ex-deputado federal está operando em vários municípios goianos, como Rio Verde e, sobretudo, mineiros. Ele aspira ser candidato a senador em 2026.
1
Adriana Accorsi/PT

Qual é o projeto da deputada federal? Há quem postule que disputará a Prefeitura de Goiânia (o PT, no momento, articula o ex-reitor e suplente de deputado federal Edward Madureira para prefeito). Ela tem afirmado que não será candidata e que planeja permanecer na Câmara. Para 2026, é cotada para disputar mandato de senadora, o que dependerá, por certo, da composição político-eleitoral.
Adriana Accorsi vai influenciar na eleição de Goiânia, como candidata ou general eleitoral. Tende a influenciar também em outras cidades do interior. Trata-se de uma ponte do presidente Lula da Silva em Goiás.
2
Bruno Peixoto/União Brasil

Diz-se que Ana Paula Rezende, filha de Iris Rezende, será candidata a prefeita de Goiânia, com o apoio de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela. E se, por um motivo (resistência de familiares) ou outro (falta de vontade), optar por não disputar? Aí entra o presidente da Assembleia Legislativa, que é um articulador de primeira linha. Ele não relutará em disputar a prefeitura da capital.
Mesmo que não seja candidato a prefeito, Bruno Peixoto será um general eleitoral na campanha de Goiânia. Mas não só. Ele está trafegando por todo o Estado e vai apoiar vários candidatos a prefeito, e terá importância eleitoral decisiva. Porque planeja disputar mandato de deputado federal. E o futuro? Talvez o governo do Estado…em 2030.
3
Daniel Vilela/MDB

O presidente do MDB é um articulador hábil e está articulando nos 246 municípios. Primeiro, quer eleger aliados — e não só do MDB — em todo o Estado. Segundo, planeja contar com uma base eleitoral sólida para 2026, quando deverá ser candidato a governador.
O MDB pode bancar candidatos a prefeito, por exemplo, nas quatro principais cidades de Goiás, em termos financeiros e eleitorais: Goiânia (Ana Paula Rezende), Aparecida de Goiânia (Vilmar Mariano ou Leandro Vilela), Anápolis (Márcio Corrêa) e Rio Verde (Wellington Carrijo).
4
Gracinha Caiado/União Brasil

A mulher de Ronaldo Caiado é maior do que o cargo de primeira-dama. Gracinha Caiada entende e gosta de política. Acima de tudo, articula com habilidade. Sua influência no interior é pouco conhecida da mídia, mas não dos prefeitos e dos moradores das cidades. Ela é artífice dos principais programas sociais do governo.
Gracinha Caiado terá influência na campanha dos candidatos a prefeito e, em 2026, é cotada para disputar mandato de senadora. Sua força política é incontestável.
5
Gustavo Gayer/PL

Pode-se não gostar do deputado federal Gustavo Gayer, dadas suas ideias de direita, mas não se pode negar que tem voto. É forte em Goiânia e, por isso, o PL o bancará para prefeito, em 2024.
Porém, é mesmo um general eleitoral? Talvez seja. Talvez não seja. Há uma tese e uma hipótese. Para si próprio, é um general eleitoral, tanto que foi o segundo mais votado para deputado federal, em 2022. É a tese. Resta sabe se tem condições de transferir votos para candidatos em outras cidades do Estado. É possível que tenha. É a hipótese.
O que pode prejudicar Gustavo Gayer, no seu afã por disputar a prefeitura da capital, é sua falta de experiência administrativa. Uma coisa é ter discurso afiado, o que ele tem, e isto agrada parte substancial do eleitorado de direita e de centro-direita. Porém, o fato de não ter experiência como gestor — e não basta ter discurso para as redes sociais — pode prejudicá-lo eleitoralmente. Os eleitores deixam a impressão de que escolhem determinados políticos para o Executivo e para o Legislativo. Talvez queiram o líder do PL para a Câmara dos Deputados, mas não para o Paço Municipal.
6
Gustavo Mendanha/MDB

O político de Aparecida perdeu a eleição para governador, mas pesquisas mostram que tem influência tanto na sua cidade-base quanto em Goiânia. Ao optar pela volta ao MDB — afirma que é “irmão” de Daniel Vilela —, mostra habilidade política. Agiu rápido, não se perdeu com entraves burocráticos e limitantes.
Por ter sido candidato a governador, em 2022, Mendanha certamente vai circular por várias cidades do interior, não como cabo, e sim como general eleitoral. Em Goiânia, terá, de acordo com pesquisas, grande importância, como apoiador. E, se puder ser candidato — o que é praticamente impossível —, desponta como favorito — ao lado de Vanderlan Cardoso, Gustavo Gayer e Ana Paula Rezende.
É filiado ao Patriota, mas está com os dois pés no MDB. Como “ong”, o Patriota é menor do que Mendanha.
7
Paulo do Vale/União Brasil

O prefeito de Rio Verde deve bancar Wellington Carrijo, do MDB, ou Dannillo Pereira, do PSD, para prefeito. Ele é o principal general eleitoral do município, o mais próspero do Sudoeste goiano.
O candidato de Paulo do Vale surge, de cara, como favorito — não se está dizendo que já está eleito.
O prefeito tem influência em várias cidades do Sudoeste, o que o transforma no maior general eleitoral da região. E, por ser forte no Sudoeste, o prefeito influencia no pleito estadual. Portanto, é um player para 2026, com a possibilidade de disputar mandato de senador (ou pode ser vice de Daniel Vilela).
8
Roberto Naves/pP

O prefeito de Anápolis é um articulador de primeira linha. Não será candidato, pois foi reeleito, em 2020, mas a sucessão de 2024, no município, passa por suas mãos. É um general eleitoral no município.
Aos poucos, Roberto Naves começa a influenciar a política de outros municípios — articulando, inclusive, em Goiânia. Ele está no jogo para 2026, como possível candidato a senador e como general eleitoral.
9
Ronaldo Caiado/União Brasil
O governador é o principal general eleitoral de Goiás. Ele vai influenciar em todas as cidades, inclusive sendo determinante no estabelecimento de algumas candidaturas e alianças.
Ronaldo Caiado certamente vai operar, com habilidade, uma nova configuração política de sua base eleitoral, em 2024 — tendo em vista fortalecê-la para 2026. Ele é agregador e tem uma aguda percepção de que, para robustecer seu grupo político, é crucial para enfraquecer os grupos adversários. Daí, por exemplo, a atração de Gustavo Mendanha para a base governista.
10
Rubens Otoni/PT

O deputado federal é o maior general eleitoral do PT em Goiás, acima de Adriana Accorsi. Ele circula, o ano inteiro, por todo o Estado. Por isso vai operar — na verdade, já está operando — na maioria dos municípios.
Há divergências entre Rubens Otoni e seu irmão, deputado estadual Antônio Gomide, mas, no frigir dos ovos, acabam por caminhar juntos. Gomide é apontado como forte candidato a prefeito de Anápolis.
11
Silvye Alves/União Brasil

A deputada federal aparece em pesquisas eleitorais em Goiânia e em Aparecida. Mas a tendência é que não dispute mandato em 2024, optando por ganhar experiência na Câmara, em Brasília.
Porém, de acordo com alguns levantamentos, Silvye Alves tende a influenciar o pleito em Goiânia, Aparecida e em vários outros municípios. Como general eleitoral, deve circular ao lado da base governista em dezenas de cidades. É provável, até, que seja mais “forte” como general eleitoral do que como candidata.
12
Vanderlan Cardoso/PSD

O senador deve ser candidato a prefeito de Goiânia e consta que a única candidata que realmente teme é Ana Paula Rezende, não por ela em si, mas pelo fato de ser filha de Iris Rezende, de ser evangélica, como ele, e de ter o apoio integral da base governista. A tendência é que o líder do PSD fique isolado. Há, inclusive, a possibilidade de parte do PSD não apoiá-lo, optando por ficar ao lado do candidato governista.
Vanderlan Cardoso é um candidato forte, pela imagem que tem de gestor eficiente, e tende a influenciar também em algumas cidades do interior, como Senador Canedo, onde o prefeito Fernando Pelozo (PSD) é visto como favorito.
13
Wilder Morais/PL

O senador depende muito do resultado das eleições de 2024 para chegar cacifado para a disputa de 2026. Ele vai apoiar Gustavo Gayer em Goiânia, mas, se Vanderlan Cardoso for eleito, poderá apoiá-lo para governador em 2026.
Wilder Morais está, no momento, operando em todo o Estado, tentando construir bases eleitorais para a disputa do governo — o que é muito diferente da disputa para senador.
No interior, Wilder Morais enfrenta, na tentativa de construir uma base político-eleitoral, tanto Ronaldo Caiado quanto Daniel Vilela. Os prefeitos sabem que, se ficarem com o senador, estarão contra o governador e o vice-governador (a rigor, o PL é o único partido que faz oposição radical ao governo de Ronaldo Caiado). É a pedra — ou montanha — no seu caminho.