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Analistas do mercado financeiro acreditam que a vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva abalou o setor financeiro muito menos que o esperado. Na semana anterior ao pleito, o mercado previa queda da bolsa de valores e forte alta no dólar.

No primeiro pregão após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial, houve forte volatilidade, mas o dólar comercial acabou encerrando com forte queda, e a Bolsa fechou com ganhos. Pesaram o fato de o resultado, mesmo apertado, não ter sido contestado pelo atual governo e a expectativa de que economistas liberais participem da transição. O real foi a moeda com maior valorização globalmente, segundo dados da Bloomberg.

“Havia uma preocupação com ruído institucional, e o mercado se descolou desse tema”, disse o professor e economista Aurélio Trancoso ao Jornal Opção.

Ainda assim, os agentes de mercado continuam à espera da definição da equipe econômica do futuro governo.

O dólar caiu 2,55%, a R$ 5,1654. Já o Ibovespa subiu 1,31%, aos 116.037 pontos. Em outubro, o dólar acumulou queda de 4,24%, e o Ibovespa avançou 5,45%.

“O medo que o mercado tinha de acontecer algo depois das eleições está se dizimando aos poucos. Ele (Lula) fez um discurso muito pacificador, mas ainda não temos de fato a indicação de política econômica que ele vai adotar daqui para frente”, disse Trancoso.

Previsão

Em relação aos investimentos futuros na gestão petista, o economista Aurélio Trancoso prevê que o assunto vai depender da nomeação do presidente do Banco Central, assim como do titular do Ministério da Economia. Vale lembrar que o presidente do BC fica no cargo um ano após a posse de cada presidente eleito. “O mercado vai reagir pela credibilidade de quem vai assumir o Ministério da Economia”, pontua.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira que, diante do resultado das eleições presidenciais, o Brasil está “muito dividido”, mas disse que irá trabalhar com o próximo governo “da melhor forma possível”. “No caso do Brasil, foi 50-50. Muitas pessoas não estão felizes, mas essa é a beleza da democracia. Temos que trabalhar todos juntos para crescer, combater a inflação. E temos um Banco Central independente que vai trabalhar com o governo para isso.”

Já para o Ministério da Economia, pessoas próximas ao ex-ministro Henrique Meirelles negam que já exista convite para que o economista ocupe o cargo de ministro da pasta. A especulação sobre o nome de Meirelles no comando das finanças do país esquentou, mas ainda não há qualquer definição ou convite. Membros da campanha de Lula, porém, admitem que cresceu a possibilidade de que o ministro da Fazenda seja um nome próximo ao mercado financeiro, graças ao resultado apertado nas urnas e a necessidade de aproximação com o Congresso Nacional.