Powell indica corte de juros nos EUA, mas alerta para impacto inflacionário das tarifas de Trump

22 agosto 2025 às 12h52

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O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou nesta sexta-feira, 22, durante o tradicional simpósio de Jackson Hole, que o banco central norte-americano pode anunciar em breve o primeiro corte de juros em oito meses. Apesar da sinalização, ele destacou que as tarifas impostas pelo governo Donald Trump seguem como um risco de pressão inflacionária.
Powell explicou que a desaceleração recente no mercado de trabalho e no ritmo da atividade econômica abre espaço para flexibilizar a política monetária. Segundo ele, os relatórios mais recentes indicam perda de fôlego na geração de empregos e no Produto Interno Bruto (PIB), o que aumenta o risco de elevação do desemprego caso a tendência se intensifique.
“Há um equilíbrio no mercado de trabalho, mas é um equilíbrio atípico, resultado da redução tanto da oferta quanto da demanda por mão de obra. Isso pode se reverter em cortes mais bruscos de vagas”, afirmou.
O presidente do Fed ressaltou, contudo, que as tarifas comerciais de Trump já começam a se refletir nos preços de alguns bens importados, aumentando a incerteza sobre a trajetória da inflação. “Esses efeitos devem se acumular nos próximos meses, e não podemos ignorar o risco de que pressões temporárias se transformem em inflação persistente”, disse.
Apesar de a inflação norte-americana estar acima da meta de 2% há mais de quatro anos, Powell destacou que as expectativas de longo prazo seguem bem ancoradas. Mesmo assim, defendeu cautela: “Não tomaremos a estabilidade inflacionária como garantida”.
Pressão política de Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a cobrar cortes mais agressivos de juros, afirmando que as taxas já deveriam estar dois ou três pontos abaixo do nível atual. Embora tenha declarado que não pretende demitir Powell, Trump elevou a pressão sobre o Fed ao ameaçar remover do cargo a governadora Lisa Cook, indicada pelo ex-presidente Joe Biden, caso ela não renuncie.
Cook, primeira mulher negra a integrar o conselho da instituição, respondeu que não pretende ceder às pressões e que está reunindo informações para esclarecer questionamentos sobre suas finanças pessoais. Sua permanência é vista como obstáculo para que Trump conquiste maioria no colegiado, hoje formado por sete membros, dos quais apenas dois foram indicados por ele.
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