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Dentre os setores da economia goiana que mais registraram impactos pelo tarifaço, o setor sucroalcooleiro é um dos que mais observou aumento no preço pelas barreiras econômicas à exportação do produto para os Estados Unidos da América (EUA). Em um relato de André Rocha, presidente-executivo do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg) e do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Açúcar do Estado de Goiás (Sifaçúcar), ao Jornal Opção, o líder de classe informa como o setor enfrenta o cenário desafiador no mercado internacional.

Como detalha André Rocha, Goiás é o Estado que mais exporta açúcar orgânico para os EUA, o tarifaço de Donald Trump pode gerar um prejuízo geral na ordem de R$ 2 bilhões no produto interno bruto (PIB) goiano com um prejuízo diário de mais de R$ 4 milhões de reais, sendo os setores mais afetados da carne e do açúcar. Com a medida de 50% contra o Brasil, o preço da tonelada do produto chegou a US$ 357,00, um aumento no preço de mais da metade do que antes.

Impacto na exportação

Os EUA são uma das nações que mais importam o produto goiano, produzindo apenas 7% do que consomem, segundo Rocha. Em 2024, o país norte-americano importou 304.000 toneladas, sendo 140.000 toneladas do Brasil, 85.000 da Colômbia e o restante de Paraguai e Argentina, sem cobrança de tarifa. “O açúcar é um dos produtos mais protegidos no mundo, senão o mais protegido”, afirma o presidente-executivo.

Segundo afirma Rocha, as novas tarifas criam um cenário de competitividade desigual e levam a um encarecimento do produto. Com a tarifa de 10%, o preço interno para o produto do Paraguai, Argentina e Colômbia equivale teve um aumento de 58% do valor, enquanto o aumento do produto brasileiro foi na ordem de 98%, quase o dobro do preço. Devido a isso, o presidente-executivo alerta para uma queda de consumo no mercado norte-americano.

Impacto nas indústrias goianas

Ao todo, das mais de 370 indústrias que produzem açúcar no Brasil, apenas quatro empresas tem destaque na produção e exportação do produto orgânico, sendo três delas em Goiás pela empresa Jalles Machado, Goiasa e U.O.L., com unidades em Goianésia e Goiatuba, respectivamente. Outro desafio para estas empresas, segundo o gestor, seria a alta da taxa Selic em 15% que dificulta a captação de recursos e funciona como um “inibidor para novos investimentos”.

Diante deste cenário, Rocha afirma que existem tratativas com o sistema industrial, através da FIEG (Federação das Indústrias do Estado de Goiás) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria), por meio de seus centros internacionais de negócios e em parceria com a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), já busca há muito tempo abrir mercados. 

Apesar dessa iniciativa, detalha que o governo federal deve redobrar os trabalhos diplomáticos para permitir que novos mercados sejam abertos para o escoamento da produção.

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