Confiança da indústria cresce no Brasil, mas cai na região Sul

31 maio 2024 às 11h49

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Os resultados setoriais do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) de maio de 2024 mostram o primeiro impacto das enchentes no estado do Rio Grande do Sul para a confiança da indústria da região. Com queda de 3,5 pontos, o índice de confiança ficou abaixo da linha divisória de 50 pontos, que é o limite que separa a confiança da falta de confiança. Em contraponto, a confiança avançou na maioria das demais regiões e em 14 dos 29 setores da indústria brasileira em maio.
Confiança no Brasil
Enquanto a confiança da indústria caiu 3,5 pontos na região Sul do Brasil, o mês de maio registrou aumento na maioria das demais regiões. Os maiores avanços da confiança no mês aconteceram no Norte (+3,9 pontos) e Nordeste (+1,2 ponto). O Centro-Oeste registrou alta de 0,6 ponto e a região Sudeste ficou praticamente estável entre maio e abril, com 0,2 ponto positivo.
No topo do ranking dos setores com maior confiança está a Indústria Extrativa, que em maio subiu 2,5 pontos e atingiu 56,9 pontos. Em segundo lugar vem a Indústria da Transformação o índice se manteve em 51,8 pontos e assumiu a posição da Indústria da Construção, cujo índice caiu 0,8 ponto, para 51,7 pontos. Este é o segundo mês consecutivo de queda na confiança da Indústria da Construção.
Confiança setorial
Em maio de 2024, a confiança da indústria avançou em 14 dos 29 setores e caiu nos 15 setores restantes. Em alta, os setores de Perfumaria, limpeza e higiene pessoal, Serviços especializados para a construção e Máquinas e equipamentos fizeram uma transição da falta de confiança para a confiança. Por outro lado, Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos e Calçados e suas partes fizeram a transição da confiança para a falta de confiança.
Com o resultado de maio, 19 dos 29 setores avaliados estão confiantes, nove desse total registram falta de confiança e um setor permaneceu neutro.
Catástrofe no Sul
Em entrevista ao Jornal Opção, o economista Diego Gonçalves explica que, em relação ao Sul do país e os impactos da catástrofe ambiental na região, “há várias indústrias que estão submersas ou ainda não estão funcionando”. A falta de mão de obra, a baixa demanda, a redefinição dos fluxos financeiros forçada pela tragédia e o bloqueio da malha de transporte em algumas regiões são alguns fatores que contribuíram para a queda nos índices.
Apesar do desempenho abaixo da média em maio deste ano, que alcançou a marca dos 47.4, a região Sul já obteve piores índices em sua história, como no mesmo mês do ano anterior, quando o indicador mostrava a nota 46.5. Segundo Diego, isso mostra a esperança no esforço para a reconstrução da estrutura industrial das regiões afetadas pelas enchentes deste ano. “Estão pessimistas, mas não tanto a ponto de fechar a empresa e desistir”, explicou.
O economista afirma que a fé na reconstrução da indústria sulista é reflexo, em parte, dos esforços dos governos para contenção de danos. A exoneração da folha de pagamento, o oferecimento de linhas de crédito específicas para empresários afetados pela enchente e o esforço coletivo dos governos para reconstrução dão esperança para melhorias dos indicadores.
Outros indicadores
Diego Gonçalves explica ainda que o índice apresentado mede a confiança no setor a partir da perspectiva dos empresários e, de forma isolada, não consegue “fornecer uma análise profunda da situação da indústria”. Os dados são levantados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelas respectivas federações estaduais da indústria, através de determinado número de entrevistas com gestores das maiores empresas de cada setor nos estados.
“É preciso pegar outros coeficientes e indicadores para ter uma análise mais específica”, afirmou. Uma análise que combine os dados do ICEI com informações como a previsão de crescimento de PIB, inflação, PNAD, entre outros indicadores, pode fornecer uma análise mais completa do cenário. Para o especialista, o indicador faz “perguntas objetivas para entender como a empresa está enxergando seu negócio e a economia”.