Diante de uma onda de feminicídios e agressões que chocou o país nas últimas semanas, cerca d e10 mil pessoas ocuparam a Praça Universitária, em Goiânia, neste domingo, 7, para a marcha nacional “Mulheres Vivas!”. O ato, organizado por movimentos feministas, denuncia o avanço da violência de gênero e cobra ação imediata dos governos. Goiás, que abriga três das 20 cidades com mais casos de estupro no Brasil, ocupa ainda o 6º lugar em registros de violência doméstica, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025.

A concentração na capital começou às 15h e seguiu em caminhada até a Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher (Deaem). O percurso foi marcado por falas políticas, apresentações artísticas e intervenções que denunciaram os diferentes tipos de violência enfrentados pelas mulheres goianas e brasileiras.

Reivindicações

Para a professora e coordenadora do movimento, Ursula Conrado, a marcha é um grito coletivo contra o avanço da violência. Ela defende que o levante busca chamar atenção para o cenário alarmante e pressionar por respostas efetivas.

“A expectativa para esse levante é reunirmos nossa força, nossa voz, para chamarmos atenção para o absurdo que estamos vivendo. […] Essa é uma luta de todos, contra uma sociedade em que a mulher é apagada, objetificada, abusada e desvalorizada.”

Dentre as pautas do “Levante Mulheres Vivas” estão o fortalecimento da Lei Maria da Penha e da Lei do Feminicídio, a Lei 14.994, de 2024.

Em Goiás, o movimento cobra políticas públicas eficazes, orçamento adequado para programas de proteção e medidas judiciais céleres que garantam a segurança das mulheres — especialmente as negras, pobres, indígenas, quilombolas e periféricas. “Nossa luta é contra o machismo estrutural, que atravessa instituições, discursos e práticas cotidianas”, afirma.

Mobilização nacional

A marcha ocorreu por várias capitais. Em São Paulo, o ato começou ao meio-dia, na Avenida Paulista, e ganhou força após casos que chocaram o país, como os assassinatos de Daniele Guedes Antunes e Milena de Silva Lima, ambas mortas por ex-companheiros. Outro caso grave foi o de Tainara Souza Santos, de 31 anos, que teve as pernas amputadas após ser atropelada e arrastada pelo ex-parceiro. Ela segue hospitalizada.

No Rio de Janeiro, a manifestação ocorreu na Avenida Atlântica, em Copacabana, também às 12h. A cidade permanece entre as que mais registram violência contra mulheres. Apenas entre janeiro e novembro de 2025, foram contabilizados 79 feminicídios e 242 tentativas de homicídio.

O estado fluminense ainda viveu, na última quinta-feira, 3, o caso de Aline Nascimento, esfaqueada pelo ex-companheiro e socorrida às pressas.

Em Brasília, a marcha começou por volta das 10h, na Torre de TV. A capital registrou 25 feminicídios ao longo de 2025, incluindo o caso mais recente, da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos, morta a facadas por outro militar e que ateou fogo no quartel.

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