Goiânia recebe, nos dias 18 e 19 de dezembro, o 1º Festival da Cultura Migrante de Goiânia, evento que tem como objetivo promover a integração de povos estrangeiros e apresentar ao público manifestações culturais de diferentes regiões do mundo. A iniciativa é organizada por lideranças migrantes, em parceria com o vereador Fabrício Rosa (PT), e será realizada nas proximidades da Casa Liberté, na Rua 8, no Setor Central.

A programação inclui feira gastronômica, oficinas artísticas e de regularização documental, rodas de conversa com lideranças e representantes de comunidades migrantes, além de apresentações musicais e exibição de filmes seguidas de debates sobre migração.

Ao Jornal Opção, o vereador afirmou que o festival busca ampliar o conhecimento da população goianiense sobre os migrantes que vivem na capital. Entre as integrantes da organização está Saturnina da Costa, assessora política de Rosa e primeira migrante a ocupar um cargo como servidora pública na Câmara Municipal de Goiânia.

Migração em Goiás

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a 2022 e divulgados este ano, apontam que Goiás foi a segunda unidade da federação que mais recebeu migrantes internos no país, com mais de 2 milhões de moradores que não são naturais do Estado. Mesmo assim, destaca que o Estado recebe um número igualmente grande de migrantes do exterior. “Em Goiânia existem muitas comunidades haitianas, venezuelanas, colombianas, cubanas, angolanas e moçambicanas”, destacou o parlamentar.

Segundo Rosa, o festival também marca o Dia Internacional dos Migrantes, celebrado em 18 de dezembro. Na mesma data, será realizada uma sessão solene na Câmara Municipal em homenagem às comunidades migrantes. “Resolvemos realizar uma rodada de atividades em homenagem aos migrantes justamente por essa data simbólica”, afirmou.

O vereador também ressaltou que o evento surge como uma resposta da sociedade civil à ausência de políticas públicas voltadas à população migrante em Goiás. De acordo com ele, o Estado não conta com um órgão específico para atendimento desse público, nem com um núcleo de atendimento humanizado, como ocorre em outras unidades da federação.

“Em 2025 aconteceram conferências municipais sobre políticas públicas, como segurança e educação, mas não houve debates sobre políticas migratórias em Goiânia, mesmo com a realização da conferência nacional, da qual participei como um dos únicos representantes de Goiás. Isso evidencia a ausência de políticas públicas para atender os migrantes”, afirmou.

Diante desse cenário, o festival também abordará demandas urgentes não atendidas pelo poder público estadual e municipal, como a necessidade de atendimento específico na área da saúde, a presença de tradutores em órgãos públicos — especialmente para os idiomas francês e espanhol — e a oferta de cursos de português para migrantes recém-chegados.

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