“Que a história de Juliana nos faça repensar esta sociedade violenta”
05 junho 2015 às 14h41
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Jorge Antônio Monteiro de Lima
Resolvi, como amigo íntimo de Juliana Paiva e da família, me manifestar sobre a tragédia de que ela foi vítima na sexta-feira, 29, em um shopping. Peço a todos um pouco de reflexão em respeito da família, que sofre muito. Existem crianças envolvidas e o sensacionalismo barato pouco se importa com as pessoas em questão. Por ter profunda ciência de toda a situação, venho me manifestar para tentar pôr termo às especulações baratas dos meios de comunicação e das redes sociais.
Os rumos tomados pela imprensa e nas redes sociais com o tradicional sensacionalismo – com distorção da realidade, fofoca virando notícia, muita fantasia, tornando fato o ruído comunicativo – são impressionantes. Existem questões mais importantes a se discutir, como o aumento da violência contra a mulher, do despreparo de profissionais de segurança pública, de como portes de arma têm sido concedidos. Quem vai ser a próxima vitima?
Hoje assistimos a mais um caso de mulher assassinada na região de Goiânia. Mais um dado na triste e péssima estatística. Mas por aqui a mulher é desrespeitada diariamente. No caso de minha amiga, ela deixa de ser vítima de uma atrocidade passando a ré: “ela provocou”, o mais típico absurdo deflagrado pelo machismo.
Provocou por ser mãe, mulher, professora de dança, tímida, quieta? Ate quando nossa sociedade vai atenuar o estuprador, o que espanca, o que abusa? Conhecia Juliana desde os 4 anos de idade e por ela virei amigo da família. Em 2014, comecei a produzi-la como cantora, em uma segunda atividade que tenho como músico e produtor musical. Fomos bons amigos, conversando muito sobre tudo na vida, sabendo inclusive de seus relacionamentos.
A primeira falha de todo o processo de comunicação começa quando o nome de Juliana é trocado por “Bruna”. O segundo absurdo é quando ocorre uma enxurrada de fotos da crueldade, reproduzida à exaustão nas redes sociais, um processo patológico de puro sadismo. Uma doença coletiva de seres humanos que vivem como urubus. Compreendemos que o fato tomou outra proporção pelo grau da tragédia e que isso impressiona as pessoas. Mas confesso-me chocado ao ver boa parte da imprensa embarcar no sensacionalismo sem checar fontes, reproduzindo o senso comum em um enorme ruído regado a sangue e sadismo.
Convivi com Juliana por mais de 20 anos. Juliana não namorava o rapaz que a assassinou, como toda a imprensa insiste em repetir. Namoro é convívio pacífico, carinho, amor, respeito. Essa é mais uma história de obsessão patológica, com revolta diante da negativa e da frustração. Ele queria a namorar e ela não queria; por isto ele retirou sua vida, suicidando-se na sequência em ato de puro egoísmo, não pensando em seus próprios filhos, na filha de Juliana, em sua mãe ou em qualquer outra pessoa. Um assassino que é mais um egoísta como milhares que existem por ai. Rapaz problemático, violento, agressivo pouco dado ao respeito com outras pessoas, um indivíduo daqueles que ficam rondando, cercando, estudando os hábitos de sua vítima, em pura obsessão. Tipos que não conseguem estudar, ter carreira e que, pela brutalidade natural, tem vida social complicada. Um homicida nato esperando uma vítima que, infelizmente, foi nossa amiga.
Eu, como profissional de saúde, não atenuo nenhum tipo de agressão ou de agressor. Conheço bem essa realidade, por ajudar várias instituições que têm mulheres e crianças como vítimas da violência urbana. O mesmo rapaz dito “bonzinho” com a mãe ou os filhos, com as pessoas na rua, por vezes é um crápula em seus relacionamentos pessoais.
O rapaz, para a família da vítima, foi um desconhecido com o qual o convívio não existiu. Era o ser que não passou da porta da rua para dentro de casa, embora a imprensa sem checar as fontes queira dizer o contrário. Sou amigo de Juliana e ela sempre me apresentava seus amigos; na atualidade, estava solteira, mais caseira e quieta, preocupada com o trabalho, em criar sua filha.
Aproveito o ensejo desse material para pedir a pais e amigos que jamais aceitem um filho ou filha se envolvendo com tal tipo de pessoa. Não devemos ser coniventes com pessoas que não mostram educação e respeito, cordialidade mostrando um lado violento. Educação deve ser exigida em um relacionamento sadio. O pretendente, homem ou mulher, deve se sentar conosco à mesa e nos olhar nos olhos, conviver, mostrar a que veio. Eu digo ainda que devemos ter tolerância zero com pessoas violentas, homens e mulheres: ao menor sinal de falta de respeito, rever o “relacionamento” e, diante da agressão ou ameaça, denunciar, pedir socorro a parentes e amigos.
Juliana era uma pessoa doce, tímida, calma e extremamente reservada com sua vida pessoal. Estava sendo ameaçada há algumas semanas, mas como várias outras mulheres, se calou, achando que sozinha podia contornar a situação, com pena de seu assassino. Quantas outras mulheres não vivem isso? A violência e o silêncio não podem coexistir. Se você for um amigo ou parente, não se cale jamais diante disso – e lamentavelmente existe por aqui muita omissão e silêncio de todos, condenando a figura da mulher como a causadora de toda violência.
Essa foi mais uma triste história com o enredo “se você não é minha, não vai ser de mais ninguém”, com pura imaturidade afetiva regada a violência e egoísmo. Mas nossa imprensa “bem informada” disse o contrário, que eram namorados e que tinham bom convívio. Quem convivia com Juliana sabia que, se para ele ela era sua namorada, para ela ele era um estorvo, um cara pegajoso que não largava de seu pé. A doença do querer e não poder.
Mas o grave de toda essa história e que merece nossa atenção: o Estado tem parcela de culpa nesse fato. Primeiramente, porque hoje em dia não seleciona mais como deveria os responsáveis pela segurança municipal, estadual, federal. O treinamento rigoroso de uma academia de polícia é substituído por contratações temporárias, com laudos e testes feitos sabe se lá como. Quem foi o psiquiatra ou psicólogo que deu um laudo para este individuo ter porte de arma e integrar forças de segurança? Quantos laudos têm sido fraudados ou comprados no “bacião”, sem avaliação minuciosa? Quem assinou estes laudos exigidos como parte da seleção de um membro das polícias? Por que a imprensa não investiga isso a fundo? Por que as autoridades não responsabilizam tais profissionais que atestam como normal uma pessoa complicada? Quantos outros casos vão acontecer até que tenhamos uma providencia neste sentido? Quanto custa um laudo de sanidade mental para porte de arma?
Lecionei vários anos no programa Escola Sem Drogas, para as polícias Militar e Civil. Respeito muito nossas polícias, todavia não respeito o descaso da atualidade. O Estado, para não ter ônus, burla a regra e quer o mais barato, evitando concursos e pondo qualquer um nas guardas. Vemos professores espancados no Paço e ameaças de morte a promotores de Justiça. Quantos vão morrer pelo descaso e descuido na segurança pública?
Que toda esta história nos faça rever o quanto nossa sociedade é violenta. Peço às pessoas encarecidamente que poupem a família e as crianças. Oração e serenidade, isso é o que precisamos. Não basta reclamar desse mundo se nos nutrimos dos pedaços de escândalo que reproduzimos, sem reflexão.
Jorge Antonio Monteiro de Lima é analista pesquisador em saúde mental, psicólogo clínico e músico.
“O parque do Lago das Rosas está abandonado”
Fernando Henrique F. Machado
Sou servidor público e morador do Jardim América. Venho respeitosamente informar o total abandono do Parque Municipal Lago das Rosas, no Setor Oeste. Sem policiamento nem vigilância da Guarda Municipal, consequentemente a esse fato, a iluminação pública das vias internas do parque se encontra bastante prejudicadas, trazendo risco aos frequentadores e transeuntes da região. Nessa localidade estão inúmeros atletas, ciclistas e grupos de caminhada e corrida. Faço parte desse contingente e está ficando praticamente impossível transitar no local, em virtude da escuridão e risco de assaltos. Vale lembrar o que ocorreu no Rio de Janeiro [um médico ciclista foi assassinado nas imediações da Lagoa Rodrigo de Freitas], dos assaltos e mortes lamentavelmente acontecidos. Solicito providências a respeito, que seja determinado o imediato reparo da iluminação e a substituição das lâmpadas queimadas, bem como a presença da Guarda Municipal como forma de restaurar a segurança e tranquilidade do local.
Fernando Henrique F. Machado é servidor público.