“A insegurança no campus e na sociedade é um tema sério e urgente”
18 junho 2016 às 10h08
COMPARTILHAR
ARNALDO B. S. NETO
Correndo o risco de ser mal interpretado e até de sofrer com as consequências do que vou postar, acho que temos de tirar lições deste episódio por qual passa a Universidade Federal de Goiás. Vou me arrepender, obviamente, mas que seja.
Têm tempos que denunciamos a cultura do medo difundida por vários programas televisivos, que chegam a exibir cadáveres na hora do almoço. Esta indústria do medo e do pânico está na raiz de muitas leis adotadas na linha do chamado “populismo penal”. Por outro lado, quantas carreiras políticas não foram alavancadas por tais programas? E quantos linchamentos não derivaram desse sensacionalismo?
Para combater essa escalada da cultura do medo, que também tomava conta do campus universitário, foi feita uma pesquisa por parte do Núcleo de Estudos Sobre Criminalidade e Violência (Necrivi) que constatou que o campus era mais seguro do que os bairros vizinhos (os resultados foram pesquisados com dados até 2013). A pesquisa está disponível na internet.
Lembrei-me dela quando li a reivindicação de uma Delegacia da Mulher no campus. Vejam bem, minha esposa é professora no Campus Samambaia e eu tenho o maior interesse pessoal de que o máximo de segurança seja oferecido a ela, mas não posso concordar com o critério para alocação deste equipamento policial, especialmente se levarmos em conta que é nos bairros periféricos que a violência ocorre de forma mais intensa.
Leio então que a denúncia do estudante era falsa, conforme concluiu a delegada encarregada. Não sei se é verdade ou não. Se for me parece algo grave, muito irresponsável, pois as consequências eram imprevisíveis. Falava-se em rescindir o contrato com a empresa de vigilância e muitos trabalhadores seriam demitidos, teriam suas vidas desorganizadas pelo capricho de um rapaz. Mas fica meu questionamento: a cultura do medo não era algo da direita? Não era algo dos fascistas? Da “bancada da bala”? O que mudou?
A insegurança no campus e na sociedade é um tema sério e urgente. E é justo que as pessoas se mobilizem para cobrar uma posição das autoridades. Na minha família já colecionamos assaltos e violências sofridas nesta cidade que outrora já foi mais segura. Tenho para mim que existe também uma cultura do assédio e da inferiorização da mulher que deve ser combatida. Mas não é com reações emotivas que as coisas podem ser resolvidas. Falo isso porque li cartazes totalmente despropositados a respeito, que certamente não representam a imensa maioria das meninas que foram ocupar a Reitoria da UFG.
Quanto aos grupos políticos que correram para capitalizar apoios, simpatias e adesões com as circunstâncias, só posso dizer que acho normal. É política. Os deputados da “bancada da bala” também agem assim. Capitalizam ressentimentos e ganham em cima do medo. Sempre rende, não é?
Finalmente, espero dos meus colegas professores universitários a mesma postura dos que foram investigar a fundo a questão das ocorrências no campus e fizeram um trabalho científico sério. Que essa seja a tônica.
Arnaldo B. S. Neto é professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG).
“O Jornal Opção foi o primeiro veículo a se importar conosco”
ANGÉLICA SANTANA
Sou a Angélica, uma das vítimas do crime de homofobia. Eu quero agradecer a vocês por terem sido os primeiros a se importarem conosco. Não fossem vocês, o fato talvez tivesse passado despercebido. Poucas coisas me tiram as palavras, e estou sem palavras para agradecer a vocês. Muito obrigada, mas muito obrigada mesmo. [“Casal de lésbicas é agredido em Goiânia: ‘Gay, veado, tem que matar essa desgraça’”, Jornal Opção Online]
Angélica Santana é estudante.
“Administrações do Goiás e da CBF se parecem bastante”
IVANEZ RODRIGUES DE LIMA
Como essa administração da CBF se parece com a administração da diretoria do Goiás. Vexame atrás de vexame, e os caras não estão nem aí, só se preocupam com seus interesses e se aproveitar ao máximo das instituições. São “leões” para se manter no poder, conseguir mais receitas, mas, para investir no futebol e principalmente profissionalizar, esqueça.
A seleção brasileira já perdeu vários torcedores fanáticos, assim como o Goiás está perdendo (eu mesmo só assisto jogo da seleção por curiosidade, as vezes nem fico sabendo que a seleção está jogando). Também existe lá a colocação dos “amigos” para se beneficiarem juntos e “outros interesses” envolvidos na hora das convocações (no caso da CBF) ou contratações (no caso do Goiás). Incompetência é o que reina nessas duas instituições. E em ambas não vemos nenhuma solução em curto prazo – na verdade, nem em longo prazo.
“FHC precisa compreender melhor as oligarquias”
JEFERSON DE CASTRO VIEIRA
A avaliação que políticos e intelectuais de São Paulo e Rio de Janeiro fazem dos Estados periféricos brasileiros é sem conhecimento de causa dos movimentos que acontecem. FHC precisa compreender melhor como se forma e destrói oligarquias. Como pensador, chegou a escrever sobre isso. Mas como político, já no poder, fez uma leitura equivocada. [“FHC tentou impedir candidatura de Marconi Perillo em 1998, pois não queria conflito com Iris Rezende”, Jornal Opção 2136, coluna “Imprensa”]
Jeferson de Castro Vieira é economista e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).
“Campanha de Marconi de 1998 foi feita na pura raça”
ALBERTO NERY DOS SANTOS
Realmente não só Fernando Henrique Cardoso, mas toda a cúpula do PSDB era contra a candidatura de Marconi Perillo (PSDB). Ele foi deixado de lado sem ajuda financeira, ao ponto de a revista “Veja” fazer um reportagem com o título “Tucano sozinho” ou coisa semelhante. Até para conseguir algumas camisetas no diretório nacional foi algo “chorado”, e as mesmas vieram com a marca do PMDB – a tiveram de pintar de preto por cima. A campanha de Marconi de 1998 foi feita na pura raça, porque o dinheiro era farto só do lado de Iris Rezende (PMDB).
E-mail: [email protected]