Cartas
20 fevereiro 2016 às 13h50
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“A Bolsa de Valores é fascinante e extremamente dinâmica”
Greice Guerra
Em relação à nota “Executivo descobre que mercado financeiro ‘rouba’ investidores e cria bolsa alternativa” (Jornal Opção Online), digo que, por ser um dos investimentos de mais alto risco que existem, porém o “top”, a expressão máxima do capitalismo — muito complexa, ao mesmo tempo certa e incerta, pois lida com inúmeras variáveis e cenários de mercado, e também com fenômenos naturais, exige disciplina, foco, objetivo, conhecimento, resistência, hábito de leitura e interpretação de notícias, raciocínio rápido, não pode haver “ambição” demasiada etc. —, a Bolsa de Valores assume a imagem de “mito”.
Várias teorias e elucubrações são formadas a respeito da mesma, muitas vezes infundadas, devido à falta de conhecimento e estudo técnico e acadêmico mais aprofundado, além de ser um investimento de retorno em longo ou longuíssimo prazo. Bem diferentemente — eu diria a anos-luz de distância —, de um investimento conservador como a poupança ou um CDI [certificados de depósito interbancário], por exemplo, em que as pessoas aplicam os recursos e vão observar os resultados “certeiros” ao fim de 30 dias, independentemente do que aconteça tanto na economia nacional quanto internacional.
Na Bolsa de Valores não é assim. Cada dia é um dia, cada hora é uma hora, cada minuto é um minuto. É algo extremamente dinâmico. Talvez por isso seja tão fascinante e passível de várias elucubrações. Porém, em todo segmento de mercado existem os bons e os maus profissionais. Isso está presente em todos os setores da economia, não só no mercado financeiro. Há de se prevalecer a ética, a moral, os bons costumes e os princípios.
Greice Guerra é economista.
“A boa capitalização se dá pela Bolsa em qualquer lugar do mundo”
Jeferson de Castro Vieira
Bons profissionais fazem uma leitura muito minuciosa das empresas e do mercado. Eu faço uma leitura das conjunturas nacional e internacional para fazer minhas recomendações. Muita gente ganhou muita grana aplicando na Petrobras na hora certa e caiu fora. O mesmo fez na Vale. Nós não temos culpa se quem aplica no mercado financeiro pensando como especulador se prejudica pensando em lucros altos e em curto prazo. Qualquer lugar do mundo a boa capitalização se dá pela bolsa de valores e outros instrumentos de capitalização.
Jeferson de Castro Vieira é economista e professor universitário.
“Seleção de poemas tem uma coesão que é um feito épico contemporâneo”
Ana Clara Medeiros
Atuo há anos com o professor Augusto Rodrigues (e com o poeta Augusto Niemar) no âmbito da crítica literária. Recentemente, chamou-me muito a atenção a iniciativa do Jornal Opção em publicar cem poemas de até cem caracteres em parceria com o poeta-amigo citado, dentre outros grandes [“100 poemas de até 100 caracteres”, edição 2118]. Por tal feito, parabenizo-o de antemão!
Gostei muito da seleção poética, que me revelou uma coesão interna surpreendente — parece que os poetas todos se combinaram para fazer um grande poema só. Isso me veio como um feito épico contemporâneo.
Ana Clara Medeiros é doutoranda em Literatura na Universidade de Brasília.
“De retorno ao tribunal inquisitorial”
Luiz Augusto Paranhos Sampaio
Estamos retornando àquela época do “Index librorum proibitorum”, que durou séculos, quando um tribunal inquisitorial vedava aos cristãos, católicos romanos, que lessem livros, segundo os analistas, pois contrariavam a fé e a doutrina cristãs. André Gide, Prêmio Nobel de Literatura, autor controvertido e homossexual, teve vários livros proibidos pelo Vaticano. Ele foi um dos escritores franceses mais celebrados do século 20 e recebeu o prêmio em 1947. Livros vetados pelos vaticanistas: “Os Frutos da Terra”, “Os Porões do Vaticano”, “Os Moedeiros Falsos”, “O Pombo Torcaz”, “Le Coridon”. Ele ainda escreveu uma obra, de vez que, convidado pelo Partido Comunista, ele andava de flerte com o comunismo francês, de regresso a França, escreveu “Retour de l’URSS”, no qual descreve o horror do stalinismo. Desiludiu-se do bolchevismo. Segundo ele, “crê nos que buscam a verdade, duvide dos que a encontram”. Gide já não mais causa escândalo. Por seus méritos literários, o escritor francês merece ser lido. [“Não se deve proibir a leitura de livros, como Macunaíma, devido a preconceitos contra a homossexualidade”, Jornal Opção 2118]
Luiz Augusto Paranhos Sampaio é advogado e escritor.