“Adaptar um livro leva ao interesse pela obra original”
04 outubro 2014 às 11h44
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Rodrigo Normando
Discordo do artigo “Discípula de Paulo Freire assassina Machado de Assis” (Jornal Opção 2028), de José Maria e Silva. É um texto voraz em defender um cânone da literatura universal através de violência verbal e arrogância. Esta foi minha impressão ao ler o texto: “alguém quebrou o meu brinquedo”. Àqueles que concordam com a crítica e com o autor, peço minhas desculpas, mas, sem sombra de dúvida, discordo de umas boas vírgulas do que li. Não esqueçam de que a adaptação da obra não é para vocês, universitários, formados em Letras ou amantes da literatura como ela veio ao mundo. A adaptação é destinada aos estudantes do ensino médio que não dão a mínima para Machado de Assis e nem para livros em geral. Nem todos são assim, no entanto é evidente que a maioria esmagadora vai à escola porque é obrigada a ir. É com o intuito de aproximar aquilo que já é absurdamente distante da realidade desses jovens que a adaptação é feita; são leitores novos, que frequentam a escola e não têm o costume de ler ou que já a concluíram décadas atrás e estão, por sinal, sem qualquer contato com a literatura. Faço a vocês uma pergunta objetiva e clara: é tão mais importante que se leia a obra integralmente, sem adaptações ou o termo que preferirem, e não a compreendam com o mesmo ardor e paixão que aqueles que, como eu e vocês, têm na literatura a fonte de renda, do que adaptá-la e levar a história ao alcance de milhões de leitores em formação para que a compreendam? Faço-me valer das muitas adaptações que li para sustentar que todas tiveram um papel formidável para que eu, quando me sentisse pronto, arrancasse a obra integral das prateleiras e a lesse, mas dessa vez com o amor que hoje tenho. Caros amigos, adaptar é um passo para levar ao leitor em formação o interesse pela obra e não, de forma alguma, disputar com a obra original um patamar de igualdade dentro da literatura universal. Verifiquem, em uma escola pública de ensino médio, quantos alunos não preferiram a adaptação, quando em primeiro contato com a obra em si; e verifiquem, também, quantos outros alunos, após lerem a adaptação, não se interessam em ler a versão original. Não se trata de matar a obra, mas, sim, de abrir caminho para que ela possa existir em meio a contemporaneidade.
Rodrigo Normando é escritor.
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“Não é com beijaço que vão conseguir espaço”
Mônica Araújo
Ninguém desperta em alguém algo que já não exista. Não vi nas palavras do candidato Levy Fidelix (PRTB) nenhum incentivo ao ódio. Somos uma nação hétero e católica de nascença; então, não será da noite para o dia que isso vai mudar. Como as mulheres conquistaram espaço ao longo dos anos, como os negros avançaram tanto, assim também será com os homossexuais em geral. Não é com beijaço que vão conseguir espaço. Estão tentando enfiar à força uma nova forma de amor, mas estão fazendo de maneira errônea. A vida não é 8 ou 80, vamos com calma, porque se continuarem a forçar uma nova visão, terão a resposta à altura, serão repreendidos da mesma maneira. Portanto, vamos com calma. Outra coisa que eu vejo é que são poucos os que fazem baderna, realmente uma minoria, pois tenho inúmeros amigos gays que jamais se prestariam a esse papel do beijaço, por exemplo.
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“É ótimo que a Amazon passe como um trator sobre as editoras”
Epaminondas Silva
A Amazon passará por cima de livrarias e editoras brasileiras feito um trator? Isto é ótimo. Ela demitirá profissionais de editoras? Excelente. Ela pode vir a prejudicar o lançamento de títulos em português? Torço por isso.
Alguém ainda pode nutrir a ideia ingênua que Gutenberg inventou os tipos móveis por amor à leitura. Isto é tão verdade quanto Henry Ford inventou a linha de produção por amor aos carros. O efeito colateral destas duas invenções foi a expansão de mercado de consumo dos respectivos itens. Mas o objetivo era dinheiro.
A experiência do Kindle é excelente. Claro que há ainda um ou outro ludista que até hoje não aderiu ao CD pela experiência inegualável do vinil. Mas um livro no Kindle é capaz de transformar leitores diletantes em constantes e leitores constantes em traças. Tem gente que há de achar isto ruim, porque a Amazon é predadora.
A entrada da Amazon no Brasil levou uns bons três anos desde o anúncio da primeira previsão, em parte do empenho das editoras em evitar que o meteoro que ela representa as leve à extinção. É um bando de acendedores de lanterna a gás lutando contra a eletricidade. Quem não conhece a história está condenado a repetir seus erros.
A Amazon vai dominar tudo? Outra lição da história: Microsoft rodava em 90% dos computadores do mundo. Tablets e smartphones estão destruindo este monopólio; Yahoo era um grande mecanismo de busca. Google o destronou humilhantemente.
A questão é só criatividade. Editoras e livrarias brasileiras nunca pareceram demonstrar que investem nesta seara. O custo é virar asfalto para a Amazon. Mas nada impede que a Amazon sirva-lhes de asfalto no futuro. Vai depender do quanto estão dispostos a sair da zona de conforto em explorar os pobres leitores brasileiros, com lançamentos focados em blockbusters e cobrando uma fortuna pela cauda de dinossauro — isto é, quando o livro procurado está disponível nesta cauda. Não raro, alguém tem de ir buscá-lo lá fora. Onde? Na Amazon.
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“Editorial é análise perfeita de Iris”
Joãomar Carvalo de Brito
O Editorial “O que Roosevelt e Churchill têm a dizer ao ressentido Iris Rezende” (Jornal Opção 2046) é uma análise perfeita do ex-governador, mas também das circunstâncias históricas, que estão determinando mais uma derrota do PMDB e prejudicando aliados.
Joãomar Carvalho de Brito é jornalista e professor aposentado da UFG. E-mail: [email protected]