Por que o governador Caiado deve ser reeleito e Marconi pode ser derrotado pra senador
17 agosto 2022 às 18h17
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Salatiel Soares Correia
Especial para o Jornal Opção
Não estranhei a renúncia do ex-governador Marconi Perillo à disputa ao governo de Goiás, tendo como adversário um candidato que o ex-príncipe sabe que é imbatível: Ronaldo Caiado, do União Brasil.
Ciente dessa realidade que lhe é adversa, Marconi mudou a estratégia para uma composta de dois caminhos bem mais seguros: candidatar-se a deputado federal, ou, numa outra hipótese, pleitear o Senado. Quanto a isso, tenho a dizer: se o Macaco Simão ostentasse em seu curriculum ter sido governador do Estado, ele teria assento na Câmara Federal; já, como senador, tenho cá minhas dúvidas.
A perda de espaço com a população da chamada Era Marconi é possível de ser entendida recorrendo a um dos mais brilhantes economistas-filósofos do Brasil. Falo do recém-nomeado membro da Academia Brasileira de Letras Eduardo Giannetti da Fonseca.
Ele define, com brilhantismo, um conceito que muito se enquadra ao assunto que hoje trato neste artigo: o autoengano.
Entende o professor Giannetti da Fonseca como sendo autoengano “aquele em que a mente da pessoa consegue de alguma forma manipular-se e iludir-se a si própria”.
E assim a vida é repleta de autoenganos. O que tem em comum o atrasar do relógio, a vitória do pequenino Davi sobre o gigante Golias, pessoas que perdem algum membro num acidente ou guerra e sentem o membro como se este não tivesse sido amputado? Mais: o que tem a ver a mãe que se recusa a encarar a dura realidade de que o filho é um malfeitor? A resposta: o autoengano. Ou seja, aquilo que se pensa que é a realidade mostra que de fato é uma inverdade. Configura-se como autoengano pelo fato de as pessoas acreditarem que é uma verdade. Contudo a realidade mostra que de fato não é.
Viver no autoengano não é de todo ruim, pois convenhamos: qual é a mãe que vai admitir que o filho é realmente um malfeitor?
Posto isso, oportunamente, aproprio-me das reflexões de Eduardo Giannetti como instrumento para entender o atual jogo de cena em torno das próximas eleições em Goiás.
Para isso, comparemos as ações políticas do atual e do ex-inquilino da Casa Verde em momentos decisivos da recente história política de Goiás.
1
Privatização da Celg e falta de racionalidade
Ao receber a maior empresa goiana em estado falimentar, o jovem governador Marconi Perillo tinha, em suas mãos, imenso poder político para reverter uma realidade que era de fato adversa. Bastava, para isso, por meio de um rigoroso plano de gestão devidamente composto de metas e objetivos a cumprir, implementar a boa gestão administrativa. Todavia não fez nada disso. Ao optar por manter a empresa em desequilíbrio econômico-financeiro, a “modernização tucana” implementou a falácia de um discurso modernizante sem o principal requisito de construção dessa opção política: a racionalidade.
Sem a racionalidade, ou de outro modo, sem planos de gestão, o que se viu na combalida Celg foi uma invasão de pacotes tecnológicos, de consultores devidamente municiados por incontáveis aditivos contratuais. Ante os fatos são esclarecedoras as seguintes indagações: como era possível implantar pacotes tecnológicos sem mudar a estrutura organizacional da empresa? Por que esses pacotes tecnológicos se transformaram em verdadeiros esqueletos devidamente financiados por algo que o governo Marconi não mostrou vontade política em equacionar: o desequilíbrio econômico-financeiro da Celg? Sem essa condição, os softwares comprados e pagos tornaram-se verdadeiros esqueletos financiados pelo patrimônio da empresa.
Na época, cansei de ver a brava luta do então senador Ronaldo Caiado contra a privatização da empresa.
2
A salvação da Saneago pelo governo Caiado
O sucesso da Saneago estatal é a prova de que o discurso público versus aquele privado é uma falácia. O que importa e ter bom ou mau governo. Aos fatos. O governo de Ronaldo Caiado assumiu o controle da Saneago numa situação tão adversa quanto Marconi Perillo recebeu a Celg em 1999.
Entretanto tomou um caminho completamente diferente do então príncipe de Palmeiras.
Primeiramente, blindou a empresa contra a orgia dos maus políticos. Em segundo lugar, valorizou o conhecimento técnico, colocando, nos cargos de mando, profissionais de elevado saber. Agindo assim, a Saneago pautou suas ações num rigoroso plano estratégico que pontuou os rumos de onde se queria chegar. Resultado: após quatro anos, a falida empresa de saneamento de Goiás é coisa do passado. Recuperada, a empresa, hoje, é uma das mais saudáveis companhias de saneamento do país.
3
Ronaldo Caiado e o sucesso da política de saúde
Quem andar pelo interior poderá constatar o que vi em Uruaçu: hospitais regionais modernos e habilitados para atender a milhões de goianos que vivem no interior do Estado. Nesta nova realidade, o irmão do interior terá condições de cuidar da sua saúde e a da sua família sem depender das eternas filas de espera que enfrentaria indo tratar-se na capital.
4
Segurança pública eficiente
Outro sucesso do governo Ronaldo Caiado é perceptível na sensação de segurança que nós, goianos, sentimos ao trafegar, a qualquer hora do dia ou da noite, pelas ruas da capital. Creiam: por trás dessa tranquilidade, existe um governo que foi proativo no tocante à implementação de suas políticas públicas voltadas para a segurança do cidadão.
5
Combate rigoroso contra a corrupção
O combate à corrupção é, sem dúvida, o maior ativo do governador no seu caminho rumo a renovação de mais quatro anos como inquilino da Casa Verde. Nesse sentido, empresas e instituições envolvidas em conhecidos casos de corrupção foram completamente blindadas. Quem ousou seguir outro caminho teve, do governo, a demissão como resposta. E, assim, Agetop, Ipasgo e Detran vivem uma nova realidade, estando voltados para integrar o atendimento do cidadão.
Por isso quem tiver a curiosidade de analisar as finanças do Estado perceberá uma realidade completamente diferente da herança maldita recebida pelo atual governador.
Encerro este artigo como comecei: avaliando os autoenganos do candidato a senador. Eles são absolutamente necessários, pois só por intermédio deles é possível, como aponta Fernando Pessoa, agir como um poeta fingidor. Para esse grande escritor português, “o poeta é um fingidor. Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente”.
Salatiel Soares Correia é engenheiro, administrador de empresas, mestre em Ciências pela Unicamp e é autor, entre outras obras, de “A Energia na Região do Agronegócio”. É colaborador do Jornal Opção.