O discurso falacioso do candidato do PT, Wolmir Amado, ao governo de Goiás
21 setembro 2022 às 22h08
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Salatiel Soares Correia
Pouca gente gosta do horário eleitoral. Não tiro a razão de quem não aprecia esse horário repleto de promessas vãs, pois é muito chato. A maioria dos candidatos promete, promete e só promete.
O problema das promessas está na realidade orçamentária, tão necessária para limitar os sonhos da realidade abstrata. Dias atrás, assisti a um programa eleitoral. E lá estava o ex-reitor de uma universidade confessional do Estado de Goiás que se transformou, há algum tempo, numa instituição ligada ao Vaticano. Hoje esse ex-reitor é candidato a governador por um partido de esquerda, o PT. Vale ressaltar que essa legenda andou de namoro com o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) — este, convenhamos, não pode ser definido como um partido de esquerda. Entretanto, essa união só não ocorreu em Goiás pelo fato de a executiva nacional desse partido proibir essa, digamos, “salada ideológica”.
Na entrevista em questão, o ex-magnífico mostrava-se um entusiasta com o agronegócio, defendeu temas que exigem articulação estratégica tão necessária para integrar sistemicamente os inúmeros órgãos envolvidos no processo. Sinceramente, parece um paradoxo a fala desse ex-reitor se avaliarmos a longa gestão dele no comando dessa universidade confessional.
Antes, porém, convém esclarecermos que a gestão nesse tipo de universidade é muito diferente da estrutura estatal pelo fato de o governador necessitar de fazer alianças em nome da governabilidade. Ao mesmo tempo, o governo necessita de um planejamento estratégico com metas e objetivos estabelecidos sempre, mas sempre mesmo, com vistas à construção do futuro.
Qualquer profissional experiente na administração como ciência sabe que uma organização é composta de mente, corpo e alma. Vista externamente, há evidências que a gestão desse candidato ao governo de Goiás privilegiou investimentos em infraestrutura para atender uma demanda que nos parece que não se concretizou. Basta observar a suntuosidade desses prédios ao redor da Praça Universitária ou aqueles elefantes brancos localizados no campus II — onde fica o mega auditório da instituição. A cena pode estar aos olhos de quem por lá passa: de um lado, a suntuosidade dos prédios; de outro, as salas praticamente vazias. Que o digam determinados cursos que não preenchem as vagas com o vestibular. Eis aí o quanto de desperdício poderia ter sido evitado se essa gestão fosse estrategicamente pensada.
É bem verdade que essa universidade confessional não deve satisfações à sociedade goiana, mas sim ao Vaticano. Entretanto, o que se discute aqui é a proposta política do agronegócio diretamente integrada que requer planejamentos estratégicos e estes não se materializaram nos tempos em que o candidato a governador era o poder dentro instituição por ele gerida.
Além disso, vale ressaltar as distorções salariais ocasionadas, tanto que até hoje não existe uma política clara de recursos humanos — tão necessária para sanar distorções como as que existem na organização, principalmente em relação aos dois andares que habitam o quadro de professores da instituição, quais sejam: no andar de baixo, o elo integrador é o do tempo de casa, que funciona como argumento ante a ausência de títulos de pós-graduação; por outro lado, no andar de cima, transitam os professores titulados e suas obrigações para com os órgão que gestionam a pesquisa no Brasil.
Um outro aspecto que merece respostas se atrela as denúncias de desrespeito às normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho (notificação: 352432022).
Posto isso, volto aos discursos do ex-magnífico e suas propostas de apoio ao agronegócio e melhoria da qualidade de ensino da UEG. Palavras são palavras que o vento leva. Lidar com o agronegócio requer rigorosas estratégias, líderes imaginativos que vão apontando o rumo que se deve seguir
Fiquemos só no discurso, ex-magnífico. Se formos partir para implementação de estratégias, sabemos que, nesse caso, ante aos resultados administrativos de sua gestão na universidade confessional, o senhor certamente estará procurando sarna para se coçar.
Salatiel Soares Correia é engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Ciências pela Unicamp. É autor, entre outros livros, de “Cheiro de Biblioteca”