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Veuve Clicquot encontrado no fundo do Báltico, depois de 170 anos de envelhecimento, continha “excesso” de açúcar. Parecia Coca-Cola. O primeiro champanhe brut é de 1846

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O champanhe Veuve Clicquot Ponsardin, junto com outras marcas, foi encontrado nos destroços de um navio no Báltico em 2010, após 170 anos de envelhecimento no fundo do mar. Um professor de bioquímica da ciência dos alimentos da Universidade de Reims, Philippe Jeandet, diz que o champanhe estava quase perfeito — no aspecto visual, olfativo. Em relação ao paladar, estava com uma sensação de açúcar bem elevada, e por o especialista chegou a compará-lo com uma Coca-Cola.

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Como sommelier, não sou muito de acordo. Porém, segundo testes, o champanhe tinha cerca de 140 gramas de açúcar por litro. Considero isto como normal. Naquela época, a Veuve Clicquot Ponsardin ainda não tinha feito o seu primeiro champanhe brut — daí a alta concentração de açúcar.

Há quase dois séculos, os europeus tomavam vinhos com grande concentração de açúcar, como os vinhos do Porto, Jerez, sobremesa e os champanhes. A dosagem era designada de acordo com o país para qual o champanhe era enviado. Para o vinho que era encaminhado à França, colocava-se 165 gramas por litro. A Alemanha cobrava um pouco mais de açúcar. À bebida que era comercializada com os países da Escandinávia eram adicionados 200 gramas de açúcar. Os russos exigiam mais açúcar — de 250 a 330 gramas. Já os Estados Unidos, pouco antes de Abraham Lincoln chegar ao poder, preferiam uma bebida menos doce — adicionava de 110 a 165 gramas. A Inglaterra, quiçá mais excêntrica, exigia apenas de 22 a 66 gramas — o que corresponde de 2 a 6% de “liqueur d’expédition”.

A Veuve Chicquot fez seu primeiro champanhe brut em 1857 — há 159 anos, portanto. Por isso, compartilho a opinião de que é normal que o champanhe de 170 da casa tenha a quantidade de açúcar encontrada.

Champanhe brut

O crédito da ideia do champanhe “brut” é de um comerciante de vinho inglês chamado Burnes, que em 1848 degustou a excelente safra de 1846 do Perrier-Jouet em seu estado natural não adoçado.

O Perrier-Jouet de 1846 foi o primeiro champanhe brut da história.