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Lá em casa meu pai nunca gostou de baralho. Não é do blefe e para ser bom de truco é preciso saber dissimular. Em política, também é assim. Ontem, por exemplo, a manhã começou com a tentativa do PL de anular os votos no segundo turno de 279 mil urnas eletrônicas. Isso corresponderia a mais da metade da votação. Teoricamente poderia dar vitória a Jair Bolsonaro. Só que depressa Alexandre de Moraes agiu e jogou: agora são seis milhos! (para quem joga truco, essa).

Voltemos ao início da história: para falar em mau funcionamento das urnas, o pedido do partido de Bolsonaro baseia-se num relatório do Instituto Voto Legal. E, Alexandre de Moraes diz, se for assim, dever-se-ia anular o primeiro turno também já que as mesmas urnas foram usadas.

Ele deu o prazo de 24 horas para que a legenda inclua na ação o relatório sobre o primeiro turno e a solicitação de anulação dos votos. Caso seja aceita, essa revisão terá impacto nas eleições para os governos estaduais e para o Legislativo federal e nos estados. Lembrando ainda que o PL conseguiu eleger a maior bancada da Câmara para 2023 – 99 cadeiras –, o que sugere ser pouco inteligente questionar o primeiro turno.

Agora, longe dessa histeria que serve apenas para tumultuar o processo e alimentar desvios, em matéria do UOL, o engenheiro responsável pelo relatório do PL, Carlos Rocha, disse que seu parecer não faz menção a votos e se refere apenas ao funcionamento da urna. Ele admitiu que os logs para os dois turnos são iguais, o que reforça a posição de Moraes, e o desconforto com a proporção que o caso ganhou. “Posição difícil. Peguei um trabalhinho e não imaginei que iria tão…”, disse.

E, só para finalizar, tão logo soube da petição do PL ao TSE, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse a que vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é um fato inquestionável.